Aeronave foi abatida por erro da defesa aérea e caixa preta revela que os pilotos estavam vivos até impacto com o solo
Destroços do Boeing 737 evidenciavam que aeronave havia sido abatida pela defesa aérea do Irã
Os dados do gravador de voz do Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines, abatido pelo Irã em janeiro desde ano, mostra que a aeronave foi atingida por dois misseis terra-ar em um intervalo de 25 segundos.
O áudio mostra uma série de diálogos entre os pilotos na cabine mesmo após o primeiro impacto, demonstrando que, ao menos no intervalo entre os disparos, a tripulação e passageiros continuavam vivos.
De acordo com o capitão Zanganeh, chefe da Organização da Aviação Civil do Irã (CAOI), que também cuida da investigação de acidentes aéreos, por 19 segundos após o primeiro míssil atingir o avião os pilotos e um instrutor mantiveram a conversa no cockpit.
O primeiro míssil explodiu através de um sensor de proximidade, na sequência lançando uma série de estilhaços para dentro do 737 e danificando diversos sistemas. Imediatamente após o avião ser atingido os pilotos notam um problema elétrico e a perda de potência nos motores. “Neste momento [primeiro impacto], o avião está com um problema elétrico e a unidade de força auxiliar (APU, na sigla em inglês) é ligada por ordem do piloto-instrutor. Ambos os motores estavam ligados segundos após a explosão”, explicou Zanganeh.
Ilustração mostra provável posição do primeiro impacto contra o 737-800 da Ukraine International Airlines | Imagem: AERO Magazine
Todos os 176 ocupantes do avião morreram com a queda do avião nos arredores de Teerã, capital do Irã. Na ocasião as defesas aéreas do país estavam em alerta máximo após o ataque dos Estados Unidos que vitimou o general Qasem Soleimani no aeroporto de Bagdá, no Iraque.
Imediatamente após a queda do Boeing 737 o governo iraniano negou qualquer responsabilidade pelo caso, alegando que o acidente havia sido ocasionado por uma falha técnica da aeronave. Porém, com evidencias claras do disparo de mísseis o governo de Teerã admitiu que derrubou o voo da Ukraine Airlines "sem querer", no que definiu como "um erro desastroso da Guarda Revolucionária do Irã".
As autoridades afirmam que perderam o contato radar quando o avião estava a uma altitude de cerca de 8.000 pés (2.400 m). O avião seriamente avariado mergulhou em direção ao solo, mas o relatório da CAOI afirma que os pilotos continuaram tentando controlar o 737 até o momento do impacto.
A CAOI ainda afirma que a bateria antiaérea reconheceu erroneamente o avião de passageiros como uma aeronave hostil por uma falha na calibração do equipamento e uma sequência de erros operacionais. Os operadores da bateria de mísseis não se comunicaram com o centro de comando e dispararam contra o avião sem receber aprovação oficial.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 24/08/2020, às 10h00 - Atualizado às 11h37
+lidas