Setor reforça protagonismo ambiental ao ampliar o uso de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e consolidar metas de descarbonização até 2050

A aviação de negócios se posiciona como protagonista na redução de emissões de carbono com o uso de combustíveis de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) conforme as discussões preparatórias para a conferência COP30, programada para ocorrer em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro.
O setor afirma ter alcançado acesso “sem precedentes” ao SAF, com mais de cem FBO (Fixed Base Operators) em todo o mundo oferecendo reabastecimento direto, enquanto sistemas de certificação “book-and-claim” permitem que operadores reivindiquem os benefícios ambientais do combustível mesmo quando o abastecimento físico não acontece no local.
Na prática, essas iniciativas são promovidas por parcerias como a Business Aviation Coalition for Sustainable Aviation Fuel, que reúne mais de vinte empresas e associações da aviação de negócios.
Com a proximidade do encontro em Belém, o grupo orienta operadores de aeronaves a contatar fornecedores de combustível, FBO e consultores de sustentabilidade para identificar opções de SAF — com atenção especial para voos destinados à COP30, e demais missões futuras.
A crescente urgência em descarbonizar o transporte aéreo reforça o papel do SAF como principal alternativa para reduzir as emissões de CO₂ no setor. A NBAA, entidade que representa a aviação de negócios nos Estados Unidos, afirma que o uso de SAF pode reduzir em até 80% as emissões de gases de efeito estufa, incluindo CO₂ (dióxido de carbono), CH₄ (metano) e N₂O (óxido nitroso), em todo o ciclo de vida do combustível, em comparação ao querosene de aviação convencional.
A associação dos fabricantes da aviação geral (GAMA) destaca que, no segmento de aviação geral e de negócios, o uso ampliado de SAF e melhorias de eficiência serão componentes essenciais para atingir a meta de emissões líquidas-zero em 2050
Os estudos estão alinhados com os trabalhos realizados pela aviação comercial. A IATA estima que o SAF poderiam responder por cerca de 65 % da redução necessária para alcançar a meta de emissão líquida-zero em 2050.
O uso desse tipo de combustível baseia-se em matérias-primas renováveis ou resíduos orgânicos, possibilitando uma redução do ciclo de vida de emissões de até 80 %.
Entretanto, a adoção em larga escala enfrenta obstáculos significativos. A produção global de SAF continua muito abaixo da demanda, chegando a apenas frações mínimas do consumo total de querosene no setor.
O custo permanece elevado e a infraestrutura de abastecimento e certificação ainda requer investimentos robustos para atingir escala competitiva. Segundo o setor aéreo, para que o avanço seja viável, serão necessárias políticas públicas que estimulem a cadeia produtiva, mandatos de incorporação, incentivos financeiros e colaboração internacional.
No contexto da COP30 o setor da aviação encontra uma oportunidade estratégica para evidenciar seu compromisso com a sustentabilidade e alinhar-se ao debate global sobre o clima. O desenvolvimento de plataformas de certificação, compra de créditos de SAF e a mobilização de operadores, fornecedores e reguladores podem converter compromissos em ações concretas.
Por Edmundo Ubiratan 
Publicado em 03/11/2025, às 16h50
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