A Saab estuda montar o caça Gripen E no Canadá em parceria com a Bombardier para atender uma potencial encomenda da Ucrânia

A Saab estuda estabelecer uma linha de montagem do caça Gripen E no Canadá, em meio ao aumento da demanda internacional e à possibilidade de fornecimento de caças novos para a Ucrânia.
A expansão industrial foi discutida após a assinatura de uma carta de intenções entre os governos da Suécia e da Ucrânia, no último dia 22 de outubro, prevendo a venda potencial de mais de cem JAS 39 Gripen E.
Em entrevista ao Financial Times, Micael Johansson, presidente da Saab, disse que a empresa busca “formas de ampliar rapidamente a produção” diante da perspectiva de novos contratos. O eventual pedido ucraniano duplicaria a atual capacidade do fabricante, que hoje monta o Gripen em Linköping, na Suécia, e parcialmente Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, esta última em cooperação com a Embraer.
A Saab avalia montar do zero uma linha de produção no Canadá em parceria com a Bombardier. O projeto pode ser desenvolvido nas instalações de Toronto, Dorval ou em um novo polo industrial, caso o volume de produção o justifique.
“[Estamos] abertos a oferecer expertise local caso o governo canadense opte por seguir nesta direção”, disse Mark Masluch, diretor sênior de comunicações da Bombardier.
As conversas integram a parceria estratégica aeroespacial e de defesa entre Canadá e Suécia, lançada em agosto, com foco em inovação industrial e segurança no Ártico. Durante visita oficial a Estocolmo, Mélanie Joly, ministra da Indústria canadense, ratificou o compromisso canadense de “trabalhar com aliados de confiança para diversificar cadeias de suprimentos e fortalecer tecnologias críticas”.
Em declarações posteriores, durante o Canadian Aerospace Summit, em Ottawa, Joly destacou que a expansão da Saab representa o que classificou como uma boa notícia para a indústria canadense e confirmou encontro com o Micael Johansson, da Saab. A ministra também ressaltou que os dois países compartilham uma visão comum sobre a segurança europeia e o apoio à Ucrânia.
A análise sobre a instalação da linha do Gripen E ocorre paralelamente à revisão do contrato canadense para a aquisição de 88 caças F-35A Lightning II, da Lockheed Martin. O primeiro-ministro Mark Carney adiou a confirmação do acordo devido ao aumento de custos e às dúvidas sobre o retorno industrial.
Por outro lado, os Estados Unidos pressionam o Canadá a se comprometer com o F-35, visto sua ampla participação industrial no projeto.
Atualmente o governo canadense considera agora a possibilidade de uma frota mista, composta por F-35 e Gripen E, visando equilibrar tecnologia de ponta, custos operacionais e benefícios à indústria nacional. Autoridades norte-americanas, contudo, alertaram para o impacto financeiro de manter dois tipos de aeronaves de combate e advertem sobre possíveis repercussões diplomáticas caso o contrato original seja alterado.
O Canadá é um dos maiores fornecedores de componentes para o F-35, sendo o único país do programa Joint Strike Fighter, que deu origem ao caça, que não opera o avião.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 03/11/2025, às 09h22
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