O Savoia-Marchetti SM.79 foi um bombardeiro trimotor desenvolvido no início da década de 1930 pelo engenheiro italiano Alessandro Marchetti. Originalmente, o projeto previa um avião trimotor, monoplano, de asa baixa, com capacidade para até oito passageiros, destinado a competir no MacRobertson Trophy Air Race, a competição organizada pelo Royal Aero Club conhecida popularmente como London to Melbourne Air Race. Porém, ainda na fase de desenvolvimento, o modelo se converteu num bombardeiro médio de alta velocidade. Um de seus destaques era o uso de três motores, incomum para as aeronaves militares da época, o que garantia não apenas maior velocidade, mas também maior segurança no caso de pane num dos motores. Entretanto, tal configuração também se revelou um “calcanhar de Aquiles”, pois o motor do nariz impedia a instalação de um posto com maior visibilidade para o artilheiro de bombas. Além disso, impediu a instalação de qualquer defesa frontal.
O SM.79 realizou seu primeiro voo em 28 de setembro de 1934, logo se mostrando uma aeronave de grande desempenho. Em princípio, era previsto o uso dos motores Isotta-Fraschini Asso XI Ri, de 597 kW (800 hp), mas optou-se pelo motor Piaggio P.IX RC.40 Stella, de 440 kW (590 hp), versão licenciada do Bristol Jupiter. Posteriormente, foi estabelecido o uso dos motores Alfa Romeo 125 RC.35, derivado do Bristol Pegasus. A produção em série se iniciou em outubro de 1936, permanecendo em linha até junho de 1943.
O SM.79 se tornou a espinha dorsal da força de bombardeiros italianos na Segunda Guerra Mundial e um dos mais importantes aviões da Guerra Civil Espanhola. Devido ao seu formato peculiar, graças à metralhadora montada sobre a fuselagem, ganhou entre os pilotos italianos a alcunha de Gobbo Maledetto (Corcunda Maldito), embora também fosse conhecido como Sparviero (gavião). Durante a guerra, o SM.79 se destacou como um poderoso torpedeiro, especialmente no teatro do Mediterrâneo. Além disso, durante a Guerra Civil Espanhola, diversos SM.79 dos Stormi Bombardamento Veloce nº 8 e 111 foram enviados para combater ao lado das tropas franquistas. Ao final da guerra, quase uma centena de SM.79 foram incorporados pela força aérea espanhola. No total, foram produzidos pouco mais de 1.300 aviões, número considerado elevado para a indústria italiana na época.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 23/01/2015, às 00h00
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