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Após acidente faltal, aviões nos EUA podem ter que usar nova tecnologia de rastreamento

Senado dos EUA propõe lei para tornar obrigatório o uso de ADS-B In e Out em áreas Classe B após colisão aérea em Washington


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Após a colisão entre um helicóptero militar UH-60 Black Hawk e um jato comercial CRJ700 sobre o rio Potomac, nos arredores de Washington, o Senado dos Estados Unidos propôs tornar obrigatórios os sistemas ADS-B Out e In para todas as aeronaves que operam em espaço aéreo Classe B. A medida busca reforçar a segurança em áreas de tráfego intenso e evitar falhas de rastreamento como a que contribuiu para o acidente, ocorrido em 29 de janeiro.

A proposta é liderada pelo senador do Kansas, Jerry Moran (Republicado), presidente do Subcomitê de Aviação, Espaço e Inovação.

Atualmente, a agência de aviação civil dos Estados Unidos (FAA) exige apenas o uso do ADS-B Out, tecnologia que transmite a posição da aeronave via GPS, para operar em áreas Classe B, que incluem os maiores aeroportos do país. O uso do ADS-B In, que permite receber e visualizar em tempo real a posição de outras aeronaves, não é exigido por regulamentação, embora muitos aviões já possuam capacidade técnica para isso.

O projeto surge após a colisão entre um helicóptero militar e um avião regional próximo ao Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington, D.C. O helicóptero não tinha o sistema ADS-B ativado. Desde então, a FAA passou a exigir o uso efetivo do ADS-B Out em toda a área de Classe B da capital norte-americana.

A discussão legislativa ocorre em paralelo à crescente pressão por modernização do sistema de controle de tráfego aéreo dos EUA. Segundo o Departamento de Transportes (DoT), os equipamentos atuais são em grande parte analógicos, com partes do sistema somando mais de 25 anos. Controladores ainda utilizam tiras de papel para registrar voos — prática considerada obsoleta por especialistas e que pode comprometer a segurança em áreas congestionadas.

A FAA trabalha há anos na implantação do programa NextGen, que visa digitalizar e integrar os sistemas de controle, mas os cronogramas têm sido sistematicamente adiados. O Terminal Flight Data Manager, uma das poucas iniciativas implementadas, substitui as tiras de papel por versões digitais. Até agora, apenas 12 aeroportos foram atualizados. O Aeroporto de Newark, por exemplo, tem previsão de atualização apenas para 2028.

Enquanto isso, a indústria tecnológica aponta alternativas mais rápidas e acessíveis. Propostas incluem o uso de plataformas de visualização 3D alimentadas por dados de ADS-B, permitindo que controladores e pilotos vejam o tráfego aéreo em tempo real com imagens realistas. Soluções baseadas em motores gráficos de código aberto e conectividade por satélite, como o Starlink, também são sugeridas para contornar limitações de infraestrutura atual.

O uso dessas tecnologias, argumentam defensores, poderia evitar colisões como a de janeiro e permitir rotas mais diretas, com economia de combustível e tempo. No entanto, especialistas alertam que a transição exige garantias de confiabilidade, segurança e integração com os sistemas existentes.

Enquanto a FAA busca avançar com atualizações graduais, o Senado pressiona por soluções legislativas imediatas para evitar novos incidentes e acelerar a modernização do espaço aéreo norte-americano.

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 20/05/2025, às 13h00


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