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TPS 3 pronto para o mundial


O novo terminal 3 do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, muda o paradigma da infraestrutura brasileira para o transporte aéreo. Com alto grau de automatismo, o TPS3 inaugura, no próximo dia 11 de maio, às vésperas da abertura da Copa do Mundo de 2014, um modelo tecnológico que emerge como referência na América Latina. Nas palavras do presidente do GRU Airport, o engenheiro Antônio Miguel Marques, “haverá uma melhora considerável em relação à experiência do passageiro”. Ainda segundo o executivo, que teve passagens por empresas como Camargo Corrêa e Vale e assumiu a gestão do GRU após sua concessão à iniciativa privada, os dois principais gargalos do aeroporto – espaço físico nos terminais e pátio de aeronaves – serão desobstruídos com o início das operações do terminal 3. Nesta entrevista, concedida por e-mail, Antônio Miguel explica como vai funcionar o principal aeroporto internacional do país durante o evento da FIFA.

AERO – Quando será inaugurado o terminal 3?

Antônio Miguel Marques – O terminal 3 entra em operação no dia 11 de maio, um mês antes da Copa do Mundo.

O que estará operacional já na inauguração?

O terminal, com capacidade inicial para 12 milhões de passageiros ao ano e 20 pontes de embarque, estará totalmente operacional na inauguração, com todas as tecnologias e os equipamentos necessários para realizar o embarque e o desembarque de passageiros. O pátio “K” foi entregue e está em fase de homologação pela Anac. O “J” será entregue para homologação do órgão regulador ainda neste mês de março. Ambos atendem aos voos do terminal 3. O acesso viário será entregue em abril.

Quais as novidades tecnológicas do novo terminal?

Os sistemas e equipamentos instalados para abertura do T3 serão totens de autoatendimento para check-in, balcões de check-in, máquinas de inspeção com raios-X, sistema automático de distribuição de bagagem, carrosséis de restituição de bagagem, sistema QMS (Queue Management System) capaz de avaliar e controlar as filas em áreas-chave do aeroporto, câmeras inteligentes prontas para localizar uma pessoa em uma determinada área do aeroporto ou identificar um objeto que não deveria estar naquele local (mala ou pacote abandonado), sistema de gerenciamento do aeroporto AMS (Airport Management System) com acesso a todas as informações de um voo, incluindo passageiros, bagagens ou carga, o que facilita a operação quando a aeronave estaciona, agilizando serviços de pátio, como combustível, tratores de bagagem e de carga, escadas em posição remota e assim por diante.

Como será a transferência das companhias aéreas para o terminal 3?

Para garantir a segurança da operação, essa transferência será feita em fases. No dia da abertura, haverá três companhias aéreas operando no TPS3: Lufthansa, TAP e Swiss. No dia 18 de maio, mais duas empresas serão transferidas, a Air Canada e a Air China. E, no dia 25 de maio, outras quatro, a Air France, a Emirates, a Turkish e a United, totalizando nove para a Copa do Mundo. Haverá uma pausa durante o evento, retomando a transição na segunda quinzena de julho. O processo será concluído até setembro, quando 25 companhias aéreas estarão operando no novo terminal. Com a conclusão da transferência, o terminal 3 será destinado exclusivamente a operações internacionais de longa distância (Estados Unidos, Canadá, Europa, África e Ásia), o terminal 2 será destinado a voos domésticos e internacionais de curta distância (América Latina), o terminal 1 terá apenas voos nacionais e o terminal 4 vai operar voos regionais.

Quais as perspectivas do GRU Airport para o movimento antes, durante e depois da Copa?

Ainda não temos uma previsão de movimento no período que antecede a Copa ou mesmo durante o evento. Isso depende da venda de passagens por parte das companhias aéreas. De qualquer forma, não esperamos um movimento de passageiros superior a um mês de alta demanda, como dezembro ou janeiro. Em eventos do porte de uma Copa do Mundo, é comum que o aumento da demanda de passageiros que irão ver os jogos seja compensado por uma queda nas viagens de negócios ou mesmo de turismo normal.

Há projeções estatísticas sobre o aumento da eficiência operacional em Guarulhos com a inauguração do terminal 3?

É difícil mensurar o aumento da eficiência. O que podemos dizer é que haverá uma melhora considerável em relação à experiência do passageiro no aeroporto. Os dois principais gargalos do aeroporto, o espaço físico nos terminais e o pátio de aeronaves, serão resolvidos com a inauguração do terminal 3, assim que concluída a transferência das companhias aéreas que realizam voos internacionais de longa distância, e com a abertura dos pátios “J” e “K”, que irão adicionar 34 posições. Antes disso, a concessionária já havia inaugurado, em outubro do ano passado, o pátio “L”, com capacidade para 13 aeronaves código “E” ou 20 da categoria “C”. No dia 1º de março, a pista de taxiamento PR-A, obra importante para agilizar o fluxo de aeronaves, também entrou em operação. Além disso, é preciso considerar o impacto das novas tecnologias na redução do tempo despendido em processos de check-in, despacho de bagagem, controle de acesso de passageiros na área restrita, raios-X, controle de passaporte e restituição de bagagem.

"Pelo menos 13 seleções devem desembarcar em Guarulhos, além de autoridades ligadas à FIFA e seus convidados, e a imprensa internacional"

Qual será a capacidade operacional do aeroporto com o terminal 3?

O terminal 3 terá, como disse, capacidade inicial para 12 milhões de passageiros ao ano, chegando a 25 milhões com o projeto de expansão. Com a inauguração do T3, a capacidade do aeroporto será ampliada em 40%, ou seja, de 30 milhões de passageiros ao ano para 42 milhões em 2014.

Como será a operação para a abertura e a final da Copa? Os nevoeiros preocupam?

O aeroporto tem um plano especial para a Copa do Mundo, que envolve o receptivo das delegações – pelo menos 13 seleções devem desembarcar em Guarulhos –, das autoridades ligadas à FIFA e seus convidados, além da imprensa internacional. Essas ações estão sendo discutidas entre o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo, o próprio aeroporto e diversos órgãos públicos, como Polícia Federal, Polícia Militar, Receita Federal, Anvisa, Vigiagro, entre outros. Haverá um aumento de efetivo, principalmente na área operacional e nos balcões de informação aos passageiros. O porcentual de voos afetados por nevoeiros em Guarulhos é muito pequeno em relação ao total de movimentos, o que não chega a impactar a operação.

GRU irá receber voos de aeronaves executivas na abertura da Copa?

Conforme planejamento da Anac para a Copa do Mundo, não haverá voos executivos para Guarulhos, além do fluxo normal atendido pelo GRU Airport. Os voos executivos serão destinados a outros aeroportos de São Paulo.

Como está o processo junto à Anac para aprovação das operações de jatos de grande porte, como o A380, em Guarulhos?

No momento, o estudo técnico para a autorização de pouso e decolagem do Airbus A380 passa por nova revisão, de acordo com os ajustes necessários apontados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A concessionária tem interesse em receber essa categoria de aeronave até a Copa do Mundo e continuará empenhada em complementar o estudo técnico com base nas ações de segurança recomendadas pelo órgão regulador. Para tanto, vem contando com o suporte técnico das companhias aéreas interessadas, além do fabricante da aeronave, que possuem ampla experiência em operar o A380 em aeroportos categoria “E” no mundo.

Há perspectiva de Guarulhos ter operações simultâneas em suas duas pistas? Quando começarão os estudos para construção da terceira pista?

Hoje, as pistas de pouso e decolagem não representam um gargalo para o aeroporto. A construção de uma terceira pista vai depender do crescimento da demanda no GRU Airport.

Quais as previsões do aeroporto em termos de intermodalidade?

A construção de outros modais de transporte ligados a Guarulhos não depende da concessionária, uma vez que esses projetos são de responsabilidade do poder público. De qualquer forma, conforme temos notícia, o governo do estado de São Paulo pretende concluir a Linha 13-Jade da CPTM até o primeiro semestre de 2015. O projeto inclui uma estação de trem no sítio aeroportuário. Paralelamente, está em andamento a construção do Trecho Norte do Rodoanel, que terá uma alça de ligação ao aeroporto e está previsto para ser entregue em meados de 2016.

Por Giuliano Agmont
Publicado em 29/03/2014, às 00h00 - Atualizado às 17h36


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