O TBM 960, da Daher, combina desempenho, motor com controle eletrônico, aviônicos Garmin e pouso autônomo
O TBM 960, mais recente monoturboélice da Daher lançado em 2022, destaca-se por unir alto desempenho, tecnologia digital de ponta e operação simplificada. Equipado com o motor PT6E-66XT de controle eletrônico, hélice Raptor em material composto e aviônicos Garmin G3000 com pouso automático, o modelo reforça a liderança da Daher no segmento de aviação executiva leve e atende especialmente pilotos-proprietários.
Desde que assumiu o programa TBM, a Daher tem promovido melhorias constantes na família de monoturboélices, incorporando uma série de inovações nos últimos anos. O mais recente, o TBM 960, foi lançado em 2022, durante o Sun ‘n Fun, e apresentou diversas novidades visando atender sobretudo os pilotos-proprietários nos Estados Unidos e se destacar entre seus principais concorrentes, em especial da família PA-46 da Piper.
Não por acaso, a família TBM lidera as vendas e entregas da Daher. Em 2024, foram entregues 56 TBM 960, sendo que mais da metade para operadores recorrentes. Os Estados Unidos lideram o mercado, mas o Brasil é considerado pela Daher um dos mercados mais dinâmicos, tendo recebido quatro aviões no ano passado. Nos últimos anos, o segmento de monoturboélices leves tem crescido constantemente, com a categoria somando mais de 140 entregas no ano passado.
O TBM surgiu originalmente como resposta às demandas de operadores privados que buscavam aliar capacidade, alcance e velocidade a um baixo custo, tendo no início como opção os monomotores a pistão pressurizados.
O avanço do mercado e o surgimento de novas tecnologias, especialmente a confiabilidade dos motores PT6, permitiram o lançamento de novos aviões, como o Caravan, um faz-tudo com boa capacidade e que pode operar em pistas curtas e não preparadas.
Diante das boas perspectivas do mercado e uma dose de oportunidade única, a então francesa SOCATA, herdeira da lendária Morane-Saulnier, e a norte-americana Mooney Aviation (atual Mooney International Corporation) criaram uma joint venture para desenvolver um novo avião turboélice. A premissa básica do projeto era justamente atender ao crescente interesse de proprietários por aeronaves rápidas, eficientes e fáceis de operar.
Nos anos 1980, a aviação geral enfrentava barreiras jurídicas nos Estados Unidos, que estendiam a responsabilidade de eventuais acidentes aos fabricantes. Isso inviabilizou a produção de aviões leves com motores a pistão, deixando um vácuo de mercado. A Mooney havia trabalhado anos antes no Mooney 301, um avião pressurizado de seis lugares de alto desempenho, com trem de pouso retrátil e equipado com um motor Lycoming TIO-540 de 360 hp. O destaque era ser um modelo pressurizado, na ocasião um segmento com boa aceitação entre proprietários nos Estados Unidos.
O primeiro e único avião realizou seu voo inaugural em abril de 1983, e dois anos depois, mesmo diante das restrições legais, o projeto foi revisto, visando oferecer um avião de categoria superior e inédito. A solução foi aproveitar a ideia original, substituindo o motor por um turboélice.
Ao final, o avião era mais pesado que o projeto original, mas com mais que o dobro da potência disponível. Surgia assim o TBM 700, que inaugurou uma nova fase na aviação geral, competindo de forma direta com modelos como o Piper PA-46, que ainda utilizava motor a pistão, mas oferecia ótimos números de desempenho.
O nome foi inspirado na parceria entre os novos proprietários e a Mooney, com TB sendo referência a Tarbes, cidade na França sede da então SOCATA, e o M uma alusão a Mooney.
Ao entrar em serviço em 1990, o TBM 700 estabeleceu um novo patamar no segmento de aviões monomotores leves, com alto nível de confiabilidade e velocidade, podendo voar mais alto, mais rápido e mais longe.
Após a Daher assumir integralmente o projeto, a família TBM passou a incorporar evoluções constantes, visando atender às necessidades e demandas dos principais usuários. O TBM 960 é a versão mais recente, que recebeu como destaque a adoção do novo motor PT6E-66XT da Pratt & Whitney Canada, integrado ao chamado e-throttle e controles digitais de gerenciamento, assim como controle aprimorado de cabine, sistema ambiental renovado, iluminação ambiente em LED e janelas com regulação elétrica.
Apesar das várias melhorias, o grande destaque foi o motor, que conta com controle eletrônico de duplo canal (EPECS, na sigla em inglês) e é acoplado à hélice pentapá Raptor, produzida em material composto pela Hartzell Propeller.
Graças ao EPECS, o acionamento do PT6E-66XT é gerenciado por computadores e exige apenas um switch para ser dada a partida. O e-throttle, com manete única, também facilita a operação e a manutenção. O sistema possibilita melhor gerenciamento do regime do motor em todas as fases, da decolagem ao pouso, além de reduzir a carga de trabalho do piloto e estender a vida útil do motor.
Outro ponto importante foi a nova hélice Raptor, projetada especificamente para reduzir o peso total e melhorar a distância de decolagem, subida e velocidade de cruzeiro do TBM 960. Além disso, girando com 1.925 rpm durante a potência máxima, contribui para limitar o ruído e a vibração, com nível de ruído de 76,4 decibéis durante a decolagem.
A integração da suíte de aviônicos Garmin 3000, com o sistema de pouso automático HomeSafe, e o radar meteorológico Garmin GWX 8000 Doppler, que conta com novos recursos, inclui previsão de raios e granizo, detecção de turbulência e supressão de interferência no solo.
Além disso, o avião conta com sistema de proteção contra gelo, monitoramento do envelope de voo através dos sistemas Electronic Stability and Protection (ESP) e Under-speed Protection (USP), a função Emergency Descent Mode (EDM), sendo ainda equipado também com o Garmin GDL 60, que permite upload automático de banco de dados e interconexão com dispositivos móveis.
O TBM 960 também é equipado com o transmissor de datalink 4G LTE/Wi-Fi da Garmin, permitindo o upload automático do banco de dados e o upload do registro de dados de voo/motor.
A cabine Prestige do TBM 960 eleva ainda mais o uso de tecnologia digital a bordo, apresentando um sistema de controle ambiental totalmente novo, produzido pela Enviro Systems, iluminação de faixa de ambiente em LED integrada em ambos os lados do painel do teto e janelas com regulagem eletrônica de intensidade — controladas pelo Passenger Comfort Display (PCD).
As melhorias também incluem novos assentos ergonomicamente aprimorados, um dos pontos mais comentados por proprietários que voam com executivos ou familiares. Por suas dimensões limitadas, pela própria dinâmica da categoria de um avião de seis lugares, os assentos são itens de especial atenção entre os usuários. Apesar dos elogios ao conforto, engenheiros e designers têm trabalhado com as últimas tendências de ergonomia e postura para oferecer assentos mais confortáveis, especialmente para voos de média e longa duração.
Seguindo uma tendência comum há vários anos, a Daher incluiu novas portas de energia USB-A e USB-C — este último deverá ser padrão na indústria de eletrônicos. Também foram redesenhados os porta-copos individuais e os suportes para fones de ouvido de cada ocupante, buscando melhorias de ergonomia e funcionalidade. A questão estética também tem sido relevante nas atualizações, com opções exclusivas de pintura para cada lançamento.
A adoção de um novo motor e novos recursos na suíte de aviônicos faz parte da estratégia da Daher em atender especialmente os pilotos-proprietários, que utilizam o avião como ferramenta de trabalho e lazer, em operação privada. E também manter o TBM competitivo frente a rivais que vêm evoluindo continuamente.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 23/05/2025, às 08h00
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