O Cessna 206 se destaca pela sua versatilidade, robustez e capacidade de operar em pistas curtas e não preparadas
Oferecido pela Textron como o epítome da versatilidade, o Cessna Stationair HD mantém, há várias décadas, uma posição confortável no mercado. É um dos poucos monomotores a pistão com capacidade de conversão para cargueiro, combi ou para operar com a configuração padrão de seis lugares.
Atualmente, o CE-T206H Turbo Stationair é o nome oficial do Cessna 206, que teve muitos nomes comerciais ao longo de seis décadas, passando por Super Skywagon, Skywagon e Super Skylane, dependendo da versão e da época do lançamento. Independentemente da nomenclatura ao longo dos anos, algo nunca mudou: sua boa capacidade e flexibilidade.
Lançado originalmente como Cessna 205, o modelo era, basicamente, uma versão de seis lugares e trem de pouso fixo do já bem-sucedido Cessna 210. Na ocasião do projeto, o avião foi designado como Model 210-5, por herdar grande parte do projeto do irmão mais velho.
Originalmente equipado com um motor Continental IO-470-S, de 260 hp, o Cessna 205 registrou impressionantes 576 unidades produzidas em apenas dois anos, entre 1963 e 1964. Sua boa capacidade, na época rivalizando com diversos monomotores, destacava-se pela possibilidade de transportar pequenos volumes, algo fundamental em diversos mercados, mesmo nos Estados Unidos.
Na década de 1960, a aviação geral vivia sua Era de Ouro, com uma popularização crescente do transporte aéreo privado e o uso de aviões como extensões dos carros familiares, sobretudo das grandes station wagons da época. Na sequência, o avião foi rebatizado como Model 206, sendo produzido entre 1964 e 1986. O fim da produção ocorreu unicamente porque as leis norte-americanas inviabilizaram a comercialização de aviões leves devido ao risco de processos bilionários.
Com a mudança nas regras, o 206 voltou a ser produzido justamente pela demanda por um modelo flexível, com peso máximo de decolagem na ordem de 1.500 quilos e capacidade de operar em pistas muito curtas, podendo decolar em até 600 metros, em média.
A versão mais recente, comercializada com o nome de Cessna Turbo Stationair HD, manteve a essência do projeto original, com soluções simples e robustas, mas adicionando algumas melhorias e itens de conforto.
Como não poderia deixar de ser, ao longo das últimas duas décadas, parte das modernizações esteve relacionada à aviônica, com o conceito glass cockpit substituindo os clássicos mostradores analógicos.
A atualização para a suíte Garmin G1000 foi natural, seguindo a padronização existente na linha de modelos a hélice da Cessna, incluindo o Caravan. Mais recentemente, a suíte foi atualizada para o Garmin G1000 NXi, incluindo o standby Garmin GI 275, que mantém a segurança e a facilidade de uso, além de um visual moderno a bordo.
Além disso, mantém como recursos padrão de série: ADS-B Out e In; Piloto automático Garmin GFC-700, com Proteção Eletrônica de Estabilidade (ESP) e Proteção contra Velocidade Baixa (USP); Capacidade de exibição nas telas de cartas VFR e IFR de alta e baixa altitude – inclusive com modo noturno; Carregamento sem fio de banco de dados e plano de voo; Exibição de Situação Vertical (Vertical Situation) e modo de seleção de aproximação visual.
Mesmo mantendo o interior simples e robusto, a Cessna recentemente passou a oferecer uma atualização no acabamento e no design interno, com bancos mais confortáveis e um visual contemporâneo – na medida do possível para uma aeronave cujo projeto continua voltado para a simplicidade. Ainda assim, passou a incluir tomadas USB, bolsos para celular em cada assento, novos plugues para headset e um apoio de braço felizmente redesenhado. No entanto, o ar-condicionado integrado segue sendo opcional.
O Cessna 206 é oferecido em duas versões: Turbo Stationair HD, com seis assentos padrão; Turbo Stationair HD Utility, que, como o nome indica, é a versão utilitária, com apenas o assento do piloto e piso adaptado para o transporte de pequenas cargas.
Basicamente, as mudanças estão relacionadas à capacidade de carga: Turbo Stationair HD: carga útil máxima de 654 quilos, com carga paga máxima de 560 quilos; Utility: carga útil máxima de 723 quilos, com carga paga máxima de 630 quilos.
Os demais parâmetros são exatamente iguais, incluindo o motor Lycoming TIO-540-AJ1A, de 310 hp, equipado com hélices tripás da McCauley.
Mesmo após mais de 60 anos do projeto inicial, ainda chamam a atenção os bons números para operação em pistas curtas e não preparadas, como uma distância de decolagem declarada de 600 metros, sendo necessários 425 metros de pista para pouso.
Evidentemente, o valor real pode variar consideravelmente dependendo da situação, mas os números de referência seguem demonstrando a boa capacidade do Cessna 206.
Com o fim da produção do Piper Seneca, o Turbo Stationair se tornou, ao lado do Beech Baron, uma das únicas opções de baixo custo operacional e com capacidade de operar em pistas curtas para quem necessita de uma aeronave leve e com boa capacidade de carga.
Em alguns casos, o Turbo Stationair oferece uma carga paga superior à do Seneca V, com um payload até 30 quilos maior. Evidentemente, são aviões diferentes, com objetivos distintos, mas isso comprova que o Cessna 206 pode operar em muitos dos cenários tradicionais do Seneca V e do Beechcraft G58 Baron. Este último tem carga paga máxima declarada de 651 quilos, ligeiramente superior à do Cessna 206.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 09/05/2025, às 08h00
+lidas