Situação da empresa norueguesa se agrava e futuro se torna incerto
Problemas com a frota e crise em mercados estratégicos foram os primeiros problemas para a Norwegian antes da pandemia
A situação da Norwegian Air Shuttle, a principal empresa aérea da Noruega, se tornou mais dramática hoje (18) com a interrupção das negociações das ações na Bolsa de valores de Oslo. Com os ativos colocados sob observação especial, a Bolsa informou que a medida foi tomada após o preço das ações se tornarem incertos.
Na manhã de ontem (17), as ações da Norwegian (NAS.OL) abriram o pregam custando apenas US$ 0,047, fechando o dia em US$ 0,056, um dos piores resultados entre todas as empresas aéreas do mundo.
Recentemente o governo norueguês negou um novo socorro a empresa, que antes mesmo da pandemia já enfrentava sérias dificuldades financeiras. Os problemas com os motores Rolls-Royce Trent 1000, que equipam a frota de Boeing 787 da companhia, impediram a realização de centenas de voos no ano passado. Além disso, a paralisação da frota global de 737 MAX também comprometeu a capacidade da Norwegian em responder aos desafios do mercado de baixo custo europeu.
Com problemas na frota e investimentos pouco rentáveis, a matriz passou a enxugar seus ativos, fechando filiais na Suécia e Argentina, por exemplo. A unidade argentina vinha obtendo bons resultados, mas a crise interna pela qual passa o país, somado as incertezas econômicas da Norwegian, levaram um pouso forçado da companhia que foi negociada com a rival JetSmart, apenas dois anos após o início das operações.
Logo após o governo da Noruega negar novo apoio financeiro, a Norwegian Air anunciou a demissão de 1.600 funcionários e a paralisação de 15 dos 21 aviões que estavam em serviço. As demais aeronaves da frota encontram-se estacionadas após a drástica redução da demanda por viagens aéreas, ampliando as despesas e reduzindo a geração de caixa em um momento delicado para a empresa.
A empresa iniciou um processo judicial de recuperação na Irlanda, similar ao Chapter 11 nos Estados Unidos, visando preservar seus ativos e frota. A escolha da jurisdição irlandesa ocorreu por grande parte dos proprietários de aeronaves utilizadas pela Norwegian estarem sediados no país. Não existe um prazo para aceitação do processo, nem mesmo qual será o resultado das negociações.
A Norwegian Air é uma das maiores empresas aéreas de baixo custo da Europa, com grande participação em rotas de longo curso, especialmente com destino aos Estados Unidos. Em 2019 a empresa ensaiou sua operação regular para o Brasil, mas os planos foram revistos após a escalada da pandemia de covid-19.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 18/11/2020, às 17h30 - Atualizado às 18h23
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