Agência norte-americana de aviação rescindiu a ordem que impedia a operação do modelo, abrindo caminho para operação regular
Retorno do 737 MAX ainda depende do cumprimendo de uma série de regras de treinamento e manutenção
Após vinte meses proibido de voar em todo o mundo, o 737 MAX recebeu finalmente sinal verde para retomar suas operações. A FAA, a agência de aviação civil dos Estados Unidos, rescindiu hoje (18) a ordem que impedia os voos com o modelo, o que abre caminho para a volta do modelo no curto prazo.
A Diretriz de Aeronavegabilidade (AD) emitida especifica as mudanças no projeto que devem ser feitas antes da aeronave retornar ao serviço, que inclui atualizações na aeronave e um novo requisito de treinamento para os pilotos.
A autoridade norte-americana emitiu uma Notificação de Aeronavegabilidade Contínua para a Comunidade Internacional (CANIC, na sigla em inglês) e publicou os requisitos necessários para o treinamento.
Contudo, a FAA afirma que essas ações não permitem que o 737 MAX retorne imediatamente aos céus. Ainda deverá ser aprovada as revisões do programa de treinamento de pilotos para cada companhia aérea dos Estados Unidos que opera o MAX, assim como a agência manterá sua autoridade para emitir certificados de aeronavegabilidade para todas os novos aviões já fabricados desde março de 2019.
Da mesma forma uma série de procedimentos especiais deverão ser adotados pelas empresas aéreas que já contam com unidades do 737 MAX na frota, incluindo rigorosas medidas de manutenção para prepara-lo para voar novamente.
As autoridades norte-americanas destacaram o nível sem precedentes do processo de recertificação, que incluiu análises colaborativas e independentes das agências de aviação de todo o mundo, incluindo da Anac, no Brasil.
“Essas [agências] reguladoras indicaram que as alterações de design da Boeing, juntamente com as mudanças nos procedimentos da tripulação e aprimoramentos de treinamento, darão a eles a confiança para validar a aeronave como segura para voar em seus respectivos países e regiões”, destacou a FAA em comunicado oficial.
O processo de retorno dos voos inclui também uma estreita colaboração entre as agências de aviação de todo o mundo, que devem continuar avaliando quaisquer melhorias adicionais potenciais para o 737 MAX.
Leia abaixo a nota oficial da Boeing na íntegra:
A autoridade de aviação civil norte-americana (Federal Aviation Administration ou FAA, na sigla em inglês) revogou hoje o despacho que suspendia as operações comerciais dos Boeing 737-8s e 737-9s. A decisão permitirá que as companhias aéreas que estão sob a jurisdição da FAA, incluindo aquelas que operam nos EUA, tomem as medidas necessárias para retomada da operação da aeronave e que a Boeing comece a fazer as entregas.
"Jamais nos esqueceremos das vidas perdidas nos dois trágicos acidentes que levaram à decisão de suspender as operações", disse David Calhoun, CEO da Boeing. "Esses acontecimentos e as lições que aprendemos com eles redefiniram nossa empresa e concentraram ainda mais nossa atenção em nossos valores fundamentais de segurança, qualidade e integridade".
Ao longo dos últimos 20 meses, a Boeing trabalhou em estreita colaboração com as companhias aéreas, fornecendo-lhes orientações detalhadas sobre armazenamento de longo prazo e garantindo que suas recomendações fossem integradas ao processo de retomada da operação dos aviões com segurança.
Uma Diretriz de Aeronavegabilidade emitida pela FAA especifica os requisitos que devem ser atendidos antes que os operadores norte-americanos possam retomar as operações, incluindo: implementação de melhorias de software, conclusão de modificações de separação de cabos, realização de treinamento de pilotos e execução de uma minuciosa despreservação de aeronaves que garantirá que estejam prontas para a retomada das operações.
"A diretiva da FAA é um marco importante", disse Stan Deal, presidente e diretor executivo da Boeing Commercial Airplanes. "Continuaremos a trabalhar com as agências reguladoras em todo o mundo e nossos clientes para a retomada da operação das aeronaves globalmente".
Além das mudanças feitas no avião e no treinamento de pilotos, a Boeing tomou três medidas importantes para reforçar seu foco em segurança e qualidade.
1. Alinhamento organizacional: Mais de 50.000 engenheiros foram reunidos em uma única organização que inclui uma nova unidade de Segurança de Produtos e Serviços, integrando as responsabilidades de segurança em toda a empresa.
2. Foco cultural: Os engenheiros receberam mais autonomia para melhorar a segurança e a qualidade. A empresa está identificando, diagnosticando e solucionando problemas com mais transparência e rapidez.
3. Aprimoramentos de processos: ao adotar processos de design de última geração, a empresa está permitindo níveis maiores de qualidade inicial.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 18/11/2020, às 12h00 - Atualizado em 20/11/2020, às 16h07
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