Após quatro incidentes em um ano, a Aerolíneas Argentinas suspendeu oito Boeing 737-800 equipados com motores CFM56
A Aerolíneas Argentinas suspendeu preventivamente as operações de oito Boeing 737-800 equipados com motores CFM56, após um novo incidente de falha de motor que resultou em um pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Ezeiza (EZE), em Buenos Aires.
A medida foi anunciada na quinta-feira (16), depois que a companhia identificou um padrão recorrente de falhas no mesmo modelo de motor, embora todas as unidades estivessem dentro dos limites de inspeção recomendados pela CFM International
O episódio mais recente ocorreu em 14 de outubro, durante o voo AR1526, que decolava de Buenos Aires (AEP) com destino a Córdoba. Durante a subida, o motor esquerdo apresentou um forte estrondo e apresentou princípio de incêndio, levando a tripulação a pousar no aeroporto de Ezeiza, nos arredores de Buenos Aires. Nenhum passageiro ficou ferido.
Nos últimos 12 meses, a Aerolíneas registrou ao menos quatro incidentes semelhantes, todos envolvendo motores CFM56 instalados em aeronaves Boeing 737-800.
As unidades afetadas — LV-FQY, LV-FQZ, LV-FSK, LV-FUA, LV-FUB, LV-FUC, LV-FVM e LV-FVO — serão submetidas a inspeções técnicas aprofundadas, solicitadas à CFM International, joint venture formada pela GE Aerospace e pela Safran Aircraft Engines.
Embora o fabricante recomende verificações após 17.200 ciclos de voo, nenhum dos motores envolvidos havia atingido esse limite. A companhia também notificou operadores regionais que utilizam o mesmo modelo de propulsor para que reforcem seus protocolos de manutenção.
A CFM International informou que está prestando suporte técnico integral à Aerolíneas Argentinas e às autoridades envolvidas na investigação. Segundo a empresa, uma equipe de especialistas locais e internacionais auxilia a companhia com diagnósticos, alertas e recomendações operacionais, mantendo disponibilidade de suporte técnico 24 horas por dia.
A CFM International confirmou estar prestando suporte técnico integral à Aerolíneas Argentinas e às autoridades responsáveis pela investigação. Segundo a empresa, equipes locais e internacionais estão colaborando na análise de dados, emissão de alertas e recomendações operacionais, com suporte contínuo 24 horas por dia.
A decisão ocorre em um momento de reestruturação corporativa da Aerolíneas Argentinas, em meio à política de privatização promovida pelo governo de Javier Milei. Este ano, a companhia anunciou que operará sem subsídios estatais pela primeira vez desde 2008, após reduzir o quadro funcional em 13% e eliminar rotas deficitárias.
A medida busca reforçar o controle de custos e a disciplina financeira, após o recebimento de cerca de US$ 8 bilhões (R$ 43,1 bilhões) em aportes públicos nos últimos dezesseis anos.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 23/10/2025, às 14h17
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