Norwegian Air tem apoio suspenso pelo governo e situação se torna ainda mais grave
Entre as opções da Norwegian está a venda de parte da frota, permitindo gerar caixa no curto prazo
A Norwegian Air, a maior empresa aérea da Noruega, foi surpreendida com a decisão do governo de suspender o pacote de resgate de US$ 1 bilhão. O pedido era um suporte adicional ao apoio que já vinha sendo promovido pelo Estado norueguês e sua negativa poderá inviabilizar a continuidade das operações.
A companhia focada em serviço de baixo custo foi obrigada a reduzir sua capacidade em 93% ao longo de 2020, com um tráfego de passageiros 96% menor que o registrado no ano passado. Sem capacidade de gerar caixa, somado a uma situação financeira que já era delicada antes mesmo da pandemia, a Norwegian corre contra o tempo para manter seus negócios.
“O fato de nosso governo ter decidido abster-se de fornecer mais apoio financeiro à Norwegian é muito decepcionante, parece um tapa na cara de todos na Norwegian que lutam pela empresa enquando nossos concorrentes recebem bilhões em financiamento de seus respectivos governos”, disse Jacob Schram, CEO da Norwegian, em comunicado à imprensa.
O governo da Noruega, baseado no modelo de Estado de bem-estar social, alega que salvar a empresa não é responsável aos cofres públicos, ainda que preserve empregos e renda no país. “A Norwegian Air pediu bilhões de coroas em apoio adicional e o governo concluiu que isso não seria um uso responsável dos fundos públicos”, alegou Iselin Nyboe, Ministro da Indústria da Noruega.
Ainda que o país nórdico seja famoso pelo chamado capitalismo nórdico, que mescla características de social-democracia com fundamentos econômicos do capitalismo de livre mercado, o governo não costuma socorrer empresas em dificuldades e que não apresentam bons resultados.
Ao longo de 2019, antes da crise do coronavírus, a Norwegian já enfrentava uma severa crise financeira, obrigando ao desenvolvimento de um amplo processo de reestruturação. Na época a sua subsidiária Norwegian Air Argentina foi vendida para a chilena JetSMART, mas a situação da empresa não melhorou e passou a enfrentar os desafios ocasionados pela pandemia.
Diante do cenário desfavorável, o conglomerado de empresas Norwegian Air Shuttle, conhecido por operar uma rede de empresas aéreas de baixo custo, anunciou em maio deste ano o encerramento das atividades de quatro subsidiárias na Suécia e Dinamarca, além do cancelamento de um pedido avaliado em US$ 10,2 bilhões referente ao contrato de compra de 92 aviões 737 MAX e cinco 787 Dreamliner.
Após apelar por um socorro do governo norueguês, a Norwegian obteve um auxílio US$ 300 milhões, com a contraoferta que a companhia aérea se comprometesse a converter parte da sua dívida e a sua administração financeira em novas ações.
Passados seis meses da ajuda estatal a Norwegian está com boa parte da sua frota sem poder voar, causado em grande medida pelas restrições de viagens, e segundo as projeções internas a companhia ficará sem dinheiro já no primeiro trimestre de 2021. Uma das opções para salvar os negócios é vender parte da frota, o que em um primeiro momento daria um maior fôlego financeiro e equilibraria a situação após o revés com o Estado. Pesa contra tal iniciativa a imediata redução da oferta de assentos, com consequente redução da capacidade de gerar caixa, especialmente em caso de retomada do mercado.
Por Gabriel Benevides
Publicado em 10/11/2020, às 15h00 - Atualizado às 20h42
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