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O jato que desafia o tempo

Hawker 400 o jato que nasceu japonês e se mantém robusto e veloz ainda hoje

Velocidade, conforto e confiabilidade foram os atributos que tornam o Hawker 400 destaque entre os jatos de negócios


Características de projeto inovador ainda hoje mantém o Hawker 400 como um jato robusto - Divulgação
Características de projeto inovador ainda hoje mantém o Hawker 400 como um jato robusto - Divulgação

O Hawker 400 é uma aeronave que conquistou importante presença na indústria de jatos de negócios por atributos como versatilidade, robustez e segurança somados a confiabilidade, velocidade, conforto para os padrões de sua categoria e baixa demanda de manutenção.

Diamond I e IA

O Hawker 400XP, produzido até 2010, teve sua origem no Japão, em 1980, e foi fabricado inicialmente pela Mitsubishi Diamond, com o modelo MU-300 e nome fantasia Diamond I e IA. Como as vendas não decolaram, os direitos de produção foram vendidos, em 1985, para a norte-americana Beechcraft, que começou a produzir, ainda naquele ano, o Beechjet 400.

Beechjet 400 e 400A

Foram 64 unidades produzidas do Beechjet 400 entre 1985 e 1989. O modelo recebeu melhorias em 1991 e passou a ser denominado Beechjet 400A (1989 a 2003), com peso de decolagem superior, maior teto operacional, painel ProLine IV e o incremento de compatibilidade RVSM (para operação em espaço aéreo com separação vertical mínima reduzida).

Hawker 400XP

Hawker 400
O Hawker 400 conta com um dos mais amplos interiores da categoria e diversos aviões têm sido modernizados

O modelo 400A teve 308 aeronaves fabricadas, até que, em 2002, a Raytheon Aircraft incorporou o nome Hawker e o jato passou a ser chamado de Hawker 400XP, com um total de 222 aeronaves fabricadas entre 2003 e 2010. No rol de atualizações, o 400XP recebeu melhorias estéticas e uma importante atualização do sistema de gerenciamento de voo (o FMS), cuja base de dados tinha limitações quanto à capacidade de processamento das informações.

Pedido de falência

No final deste período, a então chamada Hawker Beechcraft Corporation (HBC) enfrentava sérias dificuldades financeiras, impossibilitando uma atualização ou recertificação do modelo. A crise culminou em um pedido de falência da empresa no início de 2012 e, após algumas negociações sem sucesso e ainda sem fôlego e com necessidade de investimentos, a HBC conseguiu sair dessa situação em fevereiro de 2013, passando a se chamar Beechcraft Corporation. A “nova Companhia” foi adquirida pela Textron Aviation em 2014, que manteve descontinuados os jatos da família Hawker.

Nextant 400XTi

Nextant 400XTi
Projeto da Nextant realizou uma completa remanufatura do Hawker 400 substituindo motores JT15D-5 pelos Williams FJ44-3AP, instalando a suíte de aviônicos ProLine21, revisando trem de pouso e aplicando novo revestimento acústico e modernização do interior

Após o final da produção do Hawker 400XP, em 2010, a Nextant Aerospace viu uma oportunidade de atualizar os modelos Beechjet 400A e o Hawker 400XP, inicialmente com foco na atualização da frota de aeronaves usadas de empresas de propriedade compartilhada, nos EUA, e depois ampliando pera operadores privados, lançando em 2011 o Nextant 400XTi.

A modificação foi aprovada pela agência norte-americana de aviação, a FAA, em outubro de 2011. Trata-se de um programa de refabricação, com até 80% de atualização de componentes e sistemas 

O projeto consiste em utilizar a robusta célula dos modelos 400A e 400XP, sem vida limite, substituindo motores Pratt & Whitney JT15D-5 por Williams FJ44-3AP, trocando o painel ProLine IV pelo ProLine21, revisando trem de pouso e aplicando novo revestimento acústico, modernização do interior com novo design, entre outras modificações.

Essa repaginação trouxe benefícios mensuráveis em performance, eficiência de combustível e, principalmente, alcance, que passou de 1400 milhas náuticas para 1950 milhas náuticas. Essa modificação foi bem aceita pelo mercado norte-americano, principalmente entre 2011 e 2015, com aproximadamente 70 aeronaves remanufaturadas.

Hawker 400XPR

Hawker 400
O Hawker 400XPR ganhou o novo painel com a suíte ProLine 21

Assim como ocorreu com a Blackhawk (que lançou a remotorização nos King Air, como modificação independente, e teve seu projeto incorporado pelo fabricante), na linha dos jatos de negócios, seguindo o mesmo conceito de refabricação da Nextant, em 2014, a já denominada Textron Aviation lançou o Hawker 400XPR, com painel ProLine 21, motores Williams FJ44-4A-32 e winglets de série, acrescentando 1.970 milhas náuticas de alcance ao novo modelo.

Brasil

Embora tenha apelos muito interessantes, e alta confiabilidade, ambos os modelos, o Nextant 400XTi e o Hawker XPR, alcançaram sucesso somente no mercado-norte americano. Isso porque não passaram por um processo de recertificação junto ao FAA, mas, sim, obtiveram aprovações de grandes modificações sob Certificado Suplementar de Tipo (Supplemental Type Certificate ou STC). A complexidade, a burocracia e o custo para esse tipo de validação junto a Anac tornaram o processo economicamente inviável para operadores privados ou mesmo comerciais no Brasil.

Revenda

Os modelos Beechjet 400A e Hawker 400XP seguem populares e com excelente mercado de revenda, devido à numerosa frota mundial com aproximadamente 500 aeronaves ainda em operação, peças de reposição, suporte e oficinas homologadas.

Dentre as características que o consagraram, destaca-se a ampla e confortável cabine para até oito passageiros, toalete fechado com porta e cintos, velocidade de 430 nós (800 quilômetros por hora), freios anti-skid e motores JT15D-5 com reverso. Também merecem atenção a robustez da aeronave, sua confiabilidade e segurança, bem como a baixa demanda de manutenção, privilegiando os vencimentos por hora/checks e não intervenções pesadas vincendas por calendário, e a disponibilidade de componentes e oficinas no Brasil. 

Isso posto, visualiza-se a continuidade de operação da família de aeronaves Beechjet 400A e Hawker 400XP ainda por um bom tempo, destacadas pelas atualizações Nextant XTi e Hawker XPR. Se forem aprovadas pela Anac, seriam muito bem-vindas.

Por Edmundo Ubiratan e Cássio Polli*
Publicado em 02/08/2024, às 12h00


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