Com dois motores e capacidade de voar direto do Brasil para a Europa, o Dassault Falcon 6X inicia briga no concorrido mercado dos jatos intercontinentais
O Falcon 6X iniciou suas operações, dando início a uma nova geração de jatos de negócios da francesa Dassault. Após a frustrada tentativa de lançamento do modelo 5X determinada pelo atraso no desenvolvimento de motores do fornecedor Snecma, o 6X veio para substituir o modelo anterior com mudança de parceiro.
O novo jato foi desenvolvido com o tradicional fornecedor de motores Pratt & Whitney, que já há muitos anos equipa modelos da marca, como os Falcon 2000, 7X e 8X.
O design do avião é inovador para a Dassault, mundialmente conhecida por instalar três motores em aeronaves desse porte. O Falcon 6X possui “apenas” dois motores... e isso parece que será uma constante da marca, pois o Falcon 10X, atualmente em desenvolvimento, será apresentado com a mesma configuração.
O modelo é equipado com dois motores turbofan Pratt & Whitney PW812D, que fornecem 13.500 libras de empuxo cada e possuem sistema de reverso com atuação hidráulica para auxílio da frenagem em solo após o pouso.
Todo o controle do motor é efetuado por meio de sistemas eletrônicos do tipo Fadec (Full Authority Digital Electronic), que permitem monitorar constantemente centenas de parâmetros e garantem não apenas menor consumo de combustível, como, também, melhor performance em todas as fases do voo, mesmo diante de grandes variações de altitude e temperatura.
Outro ponto importante no desenvolvimento de novas aeronaves é a conformidade com os requisitos de emissões de gases poluentes, sendo que os motores do Falcon 6X cumprem os requisitos estabelecidos pelas agências de aviação (FAA) e de proteção ambiental (EPA) dos Estados Unidos.
O Falcon 6X é uma aeronave de longo alcance, com capacidade para voos de até 5.500 milhas náuticas, possibilitando voos diretos do Brasil para América do Norte, Europa e África.
Na cabine de comandos, há o tradicional e consagrado sistema EASy, já amplamente difundido em toda a linha Falcon na sua versão IV, baseado na plataforma Honeywell Primus EPIC.
Com o sistema EASy, a transição de pilotos que já operam aeronaves Falcon fica muito mais simples e rápida, pois a filosofia operacional se aplica a todas as aeronaves que utilizam o mesmo padrão, fazendo com que o piloto se sinta à vontade desde os primeiros momentos em que passa a operar um novo modelo da marca.
É possível também instalar dois Head Up Displays (HUD), um para o comandante e outro para o segundo em comando, ambos com a capacidade Falcon-Eye, que mescla informações primárias de voo com dados de terreno e visão sintética.
Com um sistema de aviônicos avançado, o novo avião pode realizar operações de aproximação por instrumentos em baixíssima visibilidade, do tipo Categoria II (CAT II), aumentando ainda mais a segurança operacional e reduzindo a necessidade de esperas em voo ou prosseguimentos para aeroportos alternativos ocasionados por mal tempo.
O avião foi projetado também para realizar voos em todas as regiões do planeta, em diferentes espaços aéreos, com requisitos técnicos específicos, como especificações mínimas de desempenho de navegação (MNPS) e mínimos de separação vertical reduzidos (RVSM), operações padrão nas aerovias do Atlântico Norte (NAT), regiões do espaço aéreo doméstico de EUA, América do Sul, Ásia, Oceania e Europa classes A, B, C, D, E e G, IFR oceânico (RNP-10), B-RNAV (RNP-5), RNP-4 e RNP-2 oceânicos e espaços aéreos remotos, Terminal RNP-1/RNP-2 e Em rota, P-RNAV (RNP-0.3) e GPS de não precisão.
Em sua configuração padrão, pode levar doze passageiros em confortáveis assentos, porém, por possuir saídas de emergência Tipo III (janela sobre as asas), a aeronave pode carregar até dezenove passageiros, desde que configurada dessa maneira.
Para conforto da tripulação e dos passageiros, o avião possui dois banheiros, um na seção dianteira e outro na seção traseira, além de acesso ao compartimento de bagagens pela cabine. A confiabilidade operacional da aeronave também a habilita para voos em grandes extensões de água ou terrenos desabitados.
Cada vez mais exigido por autoridades aeronáuticas e alguns aeroportos centrais do mundo, o Falcon 6X atende aos padrões ambientais de ruído Anexo 16 da ICAO, Volume 1, Emenda 12 e FAR 36 Estágio IV com os seguintes níveis de ruído (EPNdB):
A estrutura do Falcon 6X emprega principalmente materiais de alta resistência, como titânio, carbono, kevlar e ligas de alumínio. Além disso, o modelo é construído a partir de ligas metálicas e materiais compostos para possibilitar a construção da asa transônica, enflechada, com winglets que permitem alta performance, altas velocidades em voo de cruzeiro e ganho de eficiência.
Para garantir ainda mais performance à aeronave, os comandos efetuados pelos pilotos são transmitidos às superfícies de manobras (como ailerons e profundores) através do sistema de controle por cabos fly-by-wire, que, na Dassault, é conhecido como Digital Flight Control System (DFCS). Os tanques de combustível estão localizados em ambas as asas e na seção central, possuindo capacidade total de 33.800 libras, o equivalente a 19.093 litros de querosene.
A Dassault é um dos únicos fabricantes de aeronaves que mantêm estrutura própria de manutenção no Brasil (a outra é a Embraer). Atualmente localizada na cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, mas com previsão de expandir sua atuação em manutenção com um novo hangar no aeroporto executivo Catarina, o que irá não só facilitar o acesso aos clientes brasileiros como também para os clientes estrangeiros, já que o aeroporto é internacional e possui uma longa pista de pousos e decolagens.
Por Rodrigo Duarte
Publicado em 17/01/2024, às 10h00
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