Critérios, modelos de acesso e o que considerar antes de ingressar na aviação de negócios

A aviação de negócios deixou de ser sinônimo de luxo para se firmar como uma ferramenta estratégica de mobilidade. No Brasil, onde a extensão territorial e a concentração dos voos comerciais limitam o acesso a centenas de cidades, o uso de aeronaves executivas cresce entre empresários e profissionais que buscam eficiência, autonomia e controle sobre o tempo.
Saiba como funciona o setor, quais são os principais modelos de acesso e o que considerar antes de investir em uma operação própria ou compartilhada.
O país é, há décadas, um dos maiores mercados globais para a aviação de negócios. Sua extensão territorial, com 5.570 cidades e uma malha aérea concentrada entre capitais, limita os voos entre cidades de pequeno e médio porte. Com os efeitos da pandemia, o setor registrou crescimento recorde.
Os voos de negócios realizados em 2022 e 2023 aumentaram 15% em relação ao mesmo período de 2021. No último ano, a aviação geral brasileira registrou uma média mensal de 30 mil pousos e decolagens de voos executivos, alta de 40% em comparação a 2020.
“Cada vez mais, os clientes e empresários têm percebido o quanto a aviação executiva significa economia de tempo e produtividade, por conta da agilidade e flexibilidade que ela oferece”, disse Leonardo Fiuza, presidente da TAM Aviação Executiva.
Os jatos de negócios têm registrado aumento nas vendas em toda a América Latina. Segundo levantamento da Mordor Intelligence, o mercado pode atingir US$ 1,31 bilhão até 2029, com o Brasil como principal destino de novas aeronaves.

Antes de ingressar na aviação de negócios, é essencial compreender como o setor opera, quais são os modelos de acesso disponíveis e o que considerar para uma escolha eficiente e racional. A solução planejada não pode se transformar em problema.
O primeiro ponto de atenção está na identificação do perfil de uso, avaliando quantas horas se pretende voar por ano, a frequência dos voos, as rotas mais utilizadas e o nível de urgência das viagens.
Esses fatores determinam a melhor alternativa entre as opções do mercado, como táxi-aéreo sob demanda, cartão de horas, propriedade compartilhada ou aquisição integral de uma aeronave. “Fatores como frequência de voos, nível de flexibilidade desejado e investimento disponível são fundamentais para essa decisão”, destaca João Mellão, CEO da Amaro Aviation.
A escolha do modelo ideal de acesso à aviação de negócios depende principalmente do número de horas voadas por ano e da frequência de utilização da aeronave.
Independentemente do modelo escolhido, é fundamental realizar uma avaliação detalhada das necessidades e custos operacionais antes da assinatura de contrato. Também é importante desfazer um equívoco comum: a aviação executiva não é sinônimo de luxo, mas de eficiência e gestão de tempo. O controle sobre o deslocamento é, de fato, um privilégio, mas está distante da imagem de glamour frequentemente associada ao setor.

O uso de aeronaves exige planejamento, gestão criteriosa e expectativas realistas. A adesão a esse modelo de transporte deve basear-se em análise de necessidade e viabilidade, considerando não apenas o desejo de voar com mais liberdade, mas também a responsabilidade de manter uma operação aérea segura, regular e economicamente sustentável.
“O cliente que deseja ingressar na aviação executiva precisa ter em mente que está adquirindo mais do que um serviço, está adotando um estilo de deslocamento que exige responsabilidade, clareza e boa gestão”, comenta Mellão.
Com as escolhas certas, a aviação executiva se consolida como um diferencial competitivo e uma ferramenta transformadora na vida profissional e pessoal de seus usuários. Assim, criamos um breve guia para ajudar em uma análise prévia de qual modelo de negócio é mais vantajoso diante de cada necessidade.
Antes de ingressar na aviação de negócios, é essencial realizar uma avaliação realista das necessidades de uso e da viabilidade econômica da operação. Três fatores principais orientam essa decisão: a frequência dos voos, que define o nível de utilização da aeronave; os custos operacionais, que determinam a sustentabilidade financeira da escolha; e as rotas mais utilizadas, que influenciam diretamente no tipo de avião adequado e na infraestrutura necessária. A combinação desses elementos permite identificar o modelo de acesso mais compatível com o perfil do usuário.

Na compra total, o cliente assume integralmente o investimento e a operação da aeronave. Em contrapartida, obtém controle absoluto, maior autonomia e personalização completa. Esse modelo é indicado para quem tem uso intensivo e perfil de alta demanda.
Já o compartilhamento reduz a barreira de entrada, simplifica a gestão e mantém o acesso regular à aviação executiva, embora com algumas limitações. É ideal para quem valoriza conveniência, mas não deseja assumir os custos da operação integral.
*Publicado originalmente na AERO Magazine 373 · Junho/2025. Atualizado na versão digital
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 05/11/2025, às 15h23
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