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Phenom 300 versus Learjet 75

Colocamos frente a frente Phenom 300 e o Learjet 75. O líder mundial de vendas versus o representante da família que popularizou à aviação de negócios


Arte: AERO Magazine
Arte: AERO Magazine

Este comparativo exclusivo de AERO Magazine coloca frente a frente o Phenom 300, há onze anos líder da categoria, e o Learjet 75, o último expoente da família Lear Jet, que ajudou a popularizar à aviação de negócios.

Considerado pela General Aviation Manufacturers Association (GAMA) como o jato leve de negócios mais vendido do mundo por onze anos consecutivos, o Phenom 300 fez o seu primeiro voo no dia 29 de abril de 2008, na sede da Embraer, em São José dos Campos.

Em 29 de dezembro de 2009, ocorreu a primeira entrega da aeronave, que seria um dos maiores sucessos mundiais da aviação geral. Irmão maior de outro sucesso, o Phenom 100, possui algumas semelhanças com o seu irmão menor, como a ergometria da cabine de comando e a sessão central da fuselagem, afinal são da mesma família, mas as diferenças de desempenho deixam bem claro que, no final das contas, são aeronaves bem distintas. Logo se tornou um dos expoentes entre os pilotos e operadores da aviação de negócios pelas características de voo e conforto.

Pelo lado da família Learjet, o modelo 75 foi uma evolução a partir das séries 40 e 45, que tiveram um grande sucesso no mundo todo, sendo o último modelo fabricado pela Learjet. O 75 recebeu sua certificação FAA em novembro de 2013 e foi entregue logo em seguida ao seu primeiro operador, na Flórida.

Trouxe algumas inovações ao mercado executivo, tendo sido a primeira aeronave a entrar em serviço com o painel Garmin G5000 e, também, a primeira da categoria equipada com a chamada poket door, que é uma porta separando a cabine de passageiros da área de entrada, criando um espaço mais silencioso e privativo.

O recente aumento do fluxo de importação para o Brasil de aeronaves Learjet 75 associado ao incremento na busca por informações do modelo, lançam o foco sobre as suas características em comparação ao líder de mercado Phenom 300 e colocam face a face esses dois ícones.

Espaço interno

Learjet 75
Cabine do Learjet 75 oferece dois club seatings

Embora ambas as aeronaves estejam em pontos opostos dentro do êxito mercadológico, são concorrentes diretos entre si e possuem algumas características que vale a pena serem ressaltadas.

Um dos principais itens que um potencial comprador de aeronave busca é o espaço interno e, por consequência, como ele se sentirá dentro da aeronave.

Phenom 300E
Phenom 300E conta com club seat e um divã

Características como altura e largura da cabine influenciam na decisão e, nesse ponto, as duas aeronaves são bem parecidas, com aproximadamente 1,5 metro de altura por 1,55 metro de largura.

O comprimento da cabine muda um pouco: enquanto o Phenom 300 tem 5,2 metros, o Learjet 75 possui 5,80 metros de comprimento. Mas essa diferença não representa um impacto significativo no nível de conforto proporcionado, pois as dimensões de comprimento, nesse caso, são mais relativas às disposições de montagem que podem agradar a diferentes gostos.

Ainda no quesito ocupação, ambas as aeronaves podem levar até oito pessoas na cabine de passageiros, mas há diferenças. Se o Learjet 75 oferece dois club seatings, o Phenom 300, nessa posição, conta com um divã e o fato de ser single-pilot dá, dependendo da operação, mais espaço e possibilidades de configuração.

Desempenho e preço 

Ambas as aeronaves possuem semelhanças quanto ao alcance de voo, ficando na faixa de 3.145 quilômetros com ocupação máxima e 3.520 quilômetros no rendimento máximo.

Phenom 300E
Phenom 300 tem mantém grande valorização mesmo no mercado de usados

Entretanto, ao aprofundar a análise para outras características sensíveis, como o preço de aquisição, por exemplo, as diferenças começam a aparecer, considerando que os Learjet estão fora de linha desde 2021.

O preço listado para essas aeronaves novas de fábrica eram (em 2021) semelhantes, na faixa entre 9,5 e 10 milhões de dólares, mas no mercado de aeronaves usadas, o Phenom 300 tem o valor de aquisição maior. 

Learjet 75
O Learjet 75 com o mesmo número de horas de um Phenom 300 chega custar até 1 milhão de dólares a menos

Usando como exemplo a comparação dos dois modelos de aeronaves, ano 2017 e com semelhantes horas totais de voo, elas podem ter o preço inicial de pedida com diferença de até um milhão de dólares.

Não há demérito no produto que justificaria essa diferença, que deve ser atribuída à regra máxima do mercado, segundo a qual a lei de oferta e procura garante a valorização de determinado produto em detrimento a outro

No caso específico dessa valorização do Phenom 300 no mercado de usados, estamos nos referindo ao líder absoluto de vendas que entregou quatro vezes mais aeronaves do que o concorrente, isso apenas no ano de 2019. Então, a maior procura traz a valorização automática.

Custo

Muitas vezes, o preço de aquisição se torna um dos fatores principais que pesariam na escolha da aeronave, mas, dependendo da ótica, deve-se considerar que uma aeronave não tem apenas esse custo, mas, também, o custo operacional, que abrange manutenção, consumo, treinamento, hangaragem e assim por diante.

Nesse quesito, o Phenom 300 leva vantagem. Para um operador que vai voar pouco, o preço de aquisição terá um peso maior na equação de escolha do equipamento. O contrário se observa para um operador cujas horas voadas sejam maiores, quando o custo operacional influi mais no resultado da equação e a diferença paga no preço de aquisição é recuperada em poucos anos.

Pista e peso 

Learjet 75
Learjet 75 compensa a necessidade de mais pista com a capacidade de levar aproximadamente 45% mais peso

A importância da análise das características de operação determina, também, outros aspectos a serem levados em conta, como o tamanho de pista necessária, principalmente para aqueles operadores que já possuem um aeródromo privado ou operam em determinados aeródromos onde a limitação da extensão da pista vai ser decisivo na escolha.

Phenom 300E
O Phenom 300 tem como característica a operação em pistas curtas e um consumo 20% inferior ao rival

O Phenom 300, desde o seu início, teve como característica a operação em pistas curtas, assim com o seu irmão menor, o Phenom 100. Já o Learjet 75, assim como o seu irmão mais velho, o Lear 45, precisam de pistas com comprimento maior para operação, por volta de 1.350 metros, dependendo da temperatura e da elevação do local.

Por outro lado, o Learjet 75 compensa a necessidade de mais pista com a capacidade de levar aproximadamente 45% mais peso com tanque de combustível cheio. Essa diferença, na prática, significa correr o risco de sacrificar a autonomia em detrimento da quantidade de passageiros em mais operações com o Phenom 300 do que com o Learjet 75. 

Mas, como na aviação e na vida não há almoço de graça, a capacidade do Learjet 75 de decolar com mais peso, de voar mais rápido e mais alto tem um custo que vai além da necessidade de mais pista, que é o consumo de combustível superior em 20%, em média. E isso contribui diretamente para o maior custo operacional da aeronave. 

Mercado

Cockpit Phenom 300E
Desde o início do projeto a Embraer pensou na família Phenom para ser single pilot, investindo em ergonomia e na atualização constante da suíte de aviônicos

Enfim, essas duas aeronaves são espetaculares expoentes de uma indústria aeronáutica madura e disposta a entregar um produto que se encaixa perfeitamente à demanda proposta.

A Embraer segue com a modernização dos Phenom 300, lançando a partir de 2020 a série E, com mais aperfeiçoamentos e mais potência, já a Bombardier anunciou, em fevereiro de 2021, a descontinuidade da linha Learjet.

Learjet 75 Cockpit
O Learjet 75 foi o primeiro avião a entrar em serviço com o painel Garmin G5000

Mas, independentemente das características gerais das aeronaves, são produtos que devem encher de orgulho Ozires Silva e “Bill” Lear, fundadores de uma ideia que cresceu e evoluiu, acompanhando a própria evolução tecnológica e transformando essas aeronaves nos principais exemplos de um legado que está definitivamente fincado na história da aviação de negócios mundial.

Evidente, é impossível determinar qual dessas aeronaves é a melhor para cada operador sem antes entender detalhadamente para qual operação ela será empregada. O Learjet 75 tem alta performance, menor custo de aquisição, mas sofre com um projeto já defasado e por ter sido tirado de linha. O Phenom 300E tem uma cabine ligeiramente menor, exige menos pista e custa menos para operar. Por outro lado, tem um custo de compra maior, mesmo quando usado.

No final, o Phenom 300E vence o comparativo pelo pacote que entrega, mesmo sendo mais lento que o Learjet 75, e ainda justifica ser o avião mais vendido da categoria há mais de uma década.

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Por Jonas Lopez*
Publicado em 23/02/2023, às 18h00


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