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Inferno astral

Emirates Airline quer inferno na terra em homologação do 777X

Presidente da empresa árabe exige rigoroso processo de certificação para o novo avião da Boeing


Emirates é uma das principais operadoras do Boeing 777 no mundo e maior cliente do 777X

“Quero que uma aeronave passe pelo inferno na Terra, basicamente, para garantir que tudo funcione”. Foi com essa frase que o presidente da Emirates Airline, Tim Clark se referiu ao processo de certificação do Boeing 777X.

Em entrevista concedida a agência Reuters, durante o Dubai Air Show, Clark comentou o processo de certificação dos Estados Unidos e teceu críticas em relação aos problemas enfrentados pelo 737 MAX.

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Recentemente um painel internacional apontou diversas falhas no processo de certificação do 737 MAX, demonstrando preocupação com o estreito relacionamento entre a FAA, agência de aviação civil dos Estados Unidos, e a Boeing. O sistema permitiu que os agentes reguladores não percebessem falhas primárias no avião e no treinamento, apontado como fatores contribuintes nos dois acidentes com o modelo.

Emirates será a primeira empresa aérea a operar com o futuro 777-9, que conta com ponta de asas dobráveis

A Emirates que é um dos maiores clientes da Boeing exigiu que o 777X passasse por um extenso programa adicional de ensaios, que deve durar no mínimo 16 meses. "A FAA terá seu tempo e fará do jeito que tem que ser, em vez de ser guiada pelo fabricante", disse Clark a repórteres durante o Dubai Air Show.

A Boeing disse estar comprometida em melhorar o processo de certificação, enquanto a FAA publicamente tem afirmado que está revendo seus processos para melhorar a certificação e que seguindo as recomendações recebidas.

“Precisamos ter absoluta certeza de que, quando o 777X começar a voar tudo será da maneira que deve ser feito”, apontou o executivo. A Emirates é o maior cliente da nova geração do 777 e previa iniciar os voos com o modelo em 2020, mas atrasos no cronograma de voo deverá postergar sua entrada em serviço para meados de 2021.

A Boeing tem enfrentado uma série de contratempos no desenvolvimento do 777X, em especial a falhas no motor GE9X. O motor desenvolvido pela GE Aviation ainda não atingiu um grau de confiabilidade técnica e operacional que permita iniciar os voos de ensaio. Mais recentemente uma falha estrutural não prevista, que ocorreu em um ensaio estático, levou os engenheiros a suspenderem o cronograma de testes.

A Emirates possui um pedido para 150 aeronaves da família 777X, mas poderá converter parte do pedido para os Boeing 787 Dreamliner, o qual já possui uma carta de intenções. O 777-9 poderá ser o substituto natural do Airbus A380, mesmo oferecendo uma capacidade ligeiramente inferior, o novo avião possui custos operacionais menores.

A Boeing ainda estuda o futuro do 777-8, que oferece uma capacidade similar aos atuais 777-300ER, mas com o maior alcance já previsto na aviação comercial. A versão destinada a série BBJ, de aviões de negócios, poderá ser o primeiro avião a realizar uma Circum-navegação sem escalas. Todavia, o projeto ainda depende de um sinal verde para ser levado adiante. Parte desse sinal é atingir um mínimo de encomendas. Uma eventual mudança no pedido do 777-9 por parte da Emirates pode comprometer todo o futuro do programa 777X, que já teve uma redução nas encomendas anunciada pela Lufthansa.

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Por Edmundo Ubiratan | Imagem: Divulgação
Publicado em 19/11/2019, às 13h00 - Atualizado às 15h25


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