Fabricante nega estar trabalhando em novo projeto na aviação comercial
De acordo com diversas publicações no Brasil e no exterior, a Embraer estaria estudando um avião comercial na faixa de 50 assentos, substituindo assim a família ERJ-145, lançada em meados dos anos 1990.
A informação foi obtida durante a Boyd Group International Aviation Forecast Summit, que ocorreu em Las Vegas, entre os dias 25 e 27 de agosto. Na ocasião Victor Vieira, diretor de estratégia de mercado da Embraer, disse que existe uma oportunidade na faixa dos 50 lugares, sem confirmar a existência de projetos em andamento.
Oficialmente a Embraer nega estar trabalhando em qualquer novo programa de aviação comercial. “Não há nenhum estudo ou desenvolvimento de avião de 50 assentos na Embraer neste momento”, afirmou a fabricante, em resposta a questão solicitada por AERO Magazine.
Todavia, o segmento regional na faixa de 50 assentos poderá ser em breve um dos mais cobiçados pela indústria. As principais companhias aéreas norte-americanas operam uma frota combinada que supera as 1.100 aeronaves com capacidade para 50 passageiros e alcance de 2.000 nm (3.700 km), mas que se aproximam dos 20 anos em serviço. Os líderes no segmento foram as famílias CRJ e ERJ, da Bombardier e Embraer, respectivamente.
Recentemente a Bombardier vendeu a divisão CRJ para a Mitsubishi Heavy Industries (MHI), em um acordo de US$ 500 milhões, afastando definitivamente a fabricante canadense da aviação comercial. Meses antes a Bombardier já havia negociado o programa CSeries com a Airbus, enquanto a família de turbo-hélices Q Series foi vendida para a também canadense Viking Air.
A Embraer que formalizou uma joint venture com a Boeing passa a se concentrar na aviação de negócios e no segmento militar, além de projetos de inovação e novas tecnologias. A família E-Jet será produzida e desenvolvida pela Boeing Commercial Aircraft, enquanto a produção da série ERJ foi interrompida na década passada.
Com a possibilidade das principais companhias aéreas norte-americanas iniciarem nos próximos anos a substituição da frota de aeronaves na faixa de 35 até 50 assentos, o mercado especula um reingresso da Embraer no segmento, incluindo com aeronaves turbo-hélices.
Atualmente a MHI, após adquirir o programa CRJ é a única fabricante com capacidade de atender a pronta demanda na faixa de até 50 assentos e alcance de 2.000 nm. O entrave é oferecer ao mercado modelos da mesma geração que está em serviço ativo, proporcionando poucos ganhos de eficiência e economia aos operadores.
A ATR, que tem foco na aviação regional turbo-hélice, segue como líder no mercado de aeronaves com capacidade entre 50 e 70 lugares, segue sem projetos para um modelo a jato.
O mercado não acredita no desenvolvimento de um novo avião comercial a jato que possa substituir na próxima década os atuais ERJ e CRJ. Com o crescimento na demanda por transporte aéreo a tendência é que as companhias aéreas busquem aeronaves de maior capacidade, hoje na aviação regional entre 70 e 90 lugares, mercado atendido pelos Embraer 175 e futuramente pelos M100 Spacejet, da MHI. A russa Sukhoi ainda patina nas vendas do Superjet, que pode acomodar entre 85 e 110 passageiros. Além disso, os principais fabricantes estão focados em outros programas, todos acima dos 70 assentos.
No inicio de fevereiro, meses antes de confirmar a venda do programa CRJ a rival MHI, a Bombardier lançou o CRJ550, a última variante da sua consagrada família de jatos regionais.
O CRJ550 se tornou a primeira aeronave de 50 lugares com três classes de cabine, projetada para atender a demanda da United Airlines. A aeroave compartilha um novo certificado de tipo baseado no CRJ700.
O modelo ganhou 10 assentos na primeira classe, 20 na econômica premium e outros 20 na econômica padrão. A mudança foi possível após um redesenho dos assentos e uma nova arquitetura interna da cabine, alterando a posição do lavatório e da galley.
Por Edmundo Ubiratan | Fotos: Divulgação
Publicado em 02/09/2019, às 11h00 - Atualizado às 14h29
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