Mudança reflete a incerteza e os riscos de demanda mais fraca nos próximos meses
Pandemia impactou nos resultados anunais da Embraer que teve prejuízo líquido no primeiro trimestre de R$ 1,276 bilhão
No início e junho a Embraer registrou um prejuízo líquido no primeiro trimestre atribuído aos acionistas de R$ 1,276 bilhão, alta de 694% no comparativo com o prejuízo de R$ 160,8 milhões no mesmo período de 2019.
Os resultados da Embraer levaram a agência de classificação de risco S&P cortar o rating da empresa de BBB- para BB+, o que na prática representa perder o grau de investimento para a agência. Em comunicado a S&P afirmou que estava retirando o rating da observação para eventual rebaixamento, atribuindo perspectiva negativa.
A agência projeta a relação entre dívida líquida e Ebitda da Embraer deverá ficar acima de 8,0 no final de 2020, o que representa que o fabricante não deverá queimar caixa em 2021, mas sua relação entre dívida e Ebitda deverá recuar para 2,7 e 3,2 vezes no próximo ano.
A expectativa de analistas é que a Embraer deverá registrar queda de aproximadamente 50% nas entregas de aviões comerciais em 2020, aliado a uma queima de caixa de aproximadamente US$ 800 milhões nos próximos meses, como reflexo da crise da covid-19.
Todavia, a agência afirma que a Embraer deverá ser um dos primeiros fabricantes do setor aeronáutico a se recuperar da crise, especialmente por seu modelo de negócios, com aeronaves menores e voltadas para rotas regionais. Com a menor demanda projetada para diversos destinos no mundo, a previsão é que as empresas aéreas utilizem aeronaves como a família E-Jet E2 em linhas outrora atendidas por aeronaves com maior capacidade.
Além disso, os novos E-Jet E2 oferecem custos substancialmente menores que de jatos comerciais de geração anterior, inclusive com maior capacidade, como os Boeing 737 NG e família Airbus A320. Assim, o custo por assento deverá representar considerável redução, mesmo em um cenário de combustível barato.
No mesmo dia que a S&P rebaixava os papéis da Embraer, o BNDES oficializou um empréstimo que poderá chegar aos R$ 3 bilhões para o fabricante, permitindo um alívio no caixa. O valor deverá ser pago ao longo de quatro anos.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 16/06/2020, às 16h30 - Atualizado às 17h09
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