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EUA planejam megacompra de drones leves

Departamento de Guerra lança plano para adquirir 30 mil drones e marca virada dos EUA na guerra moderna


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Departamento de Guerra quer drones de baixo custo produzidos nos EUA - National Guard/Primeiro-Sargento Brittany Conley

O Departamento de Guerra dos Estados Unidos prepara a maior expansão já registrada em seu programa de aeronaves não tripuladas, com planos para adquirir cerca de 30.000 drones táticos de baixo custo nos próximos meses.

A iniciativa, conduzida pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), busca modernizar os processos de aquisição militar, fortalecer a produção doméstica e reduzir a dependência de componentes estrangeiros, em resposta ao avanço das “guerras de drones” observadas no campo de batalha da Ucrânia.

A informação foi divulgada pela agência Reuters, afirma que o programa de drones foi uma determinação direta do presidente Donald Trump, que em junho classificou o tema como prioridade estratégica de defesa.

Segundo fontes ouvidas pela Reuters, o DOGE está coletando informações técnicas e operacionais sobre aeronaves não tripuladas junto ao Exército, Marinha, Força Aérea, Fuzileiros Navais e à Defense Innovation Unit, com o objetivo de padronizar especificações e criar um catálogo de drones fabricados nos EUA, reduzindo a dependência de componentes chineses.

O maior programa de drones táticos da história dos EUA

A equipe do DOGE é liderada por Owen West, ex-fuzileiro naval e ex-executivo do Goldman Sachs, que atuou como secretário-assistente de Operações Especiais no Departamento de Defesa em 2017. West, coautor do memorando sobre drones emitido em julho pelo secretário de Guerra Pete Hegseth, prepara um relatório para o Office of the Secretary of Defense, com detalhes sobre o escopo e o cronograma do plano.

Caso aprovado, o projeto representará a maior aquisição de drones táticos da história militar norte-americana, e marcará uma mudança estrutural no modelo de compras do Departamento de Guerra, ao privilegiar volume e agilidade em detrimento de sistemas de alto custo e complexidade.

A era dos drones

A diretriz de Hegseth, emitida em julho, determinou a eliminação de barreiras burocráticas e a aprovação acelerada de centenas de modelos nacionais de drones, além da criação de programas de treinamento voltados à preparação das tropas para o que o secretário denominou de “era das guerras de drones”.

O movimento reflete o aprendizado extraído do conflito na Ucrânia, onde o uso massivo de aeronaves não tripuladas — muitas de baixo custo e descartáveis — expôs limitações operacionais e industriais dos Estados Unidos nesse segmento.

Atualmente, a Ucrânia planeja produzir 4,5 milhões de drones FPV em 2025, além de 30.000 unidades de longo alcance. Já a Rússia afirma ter fabricado centenas de milhares de UAV e munições vagantes desde o início da guerra. Nesse contexto, o volume de 30.000 drones projetado pelos EUA simboliza uma virada cultural e industrial, aproximando o país do paradigma de guerra de saturação adotado no conflito ucraniano.

Segundo a Reuters, as empresas com maiores chances de obter o contrato ou parte dele são a Skydio, Red Cat Holdings, PDW e Neros, que oferecem desde quadricópteros de reconhecimento até multirrotores de carga leve, com preços que variam de milhares a centenas de milhares de dólares por unidade.

O Departamento de Guerra ainda não confirmou oficialmente os detalhes ou contratos relativos à iniciativa. No entanto, fontes da Reuters indicam que o relatório preliminar do DOGE deve ser apresentado ao Secretário de Guerra na próxima semana.

Após décadas de foco em aeronaves não tripuladas complexas e de alto valor — como o MQ-9 Reaper e o RQ-4 Global Hawk —, os Estados Unidos parecem agora adotar uma estratégia de escala e custo reduzido, reconhecendo que, na guerra moderna, a quantidade e saturação é um diferencial tático.

Por Marcel Cardoso
Publicado em 31/10/2025, às 10h00


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