Com a alta no turismo europeu e exigência legal do Tratado de Schengen, o seguro-viagem se torna essencial e obrigatório
Em meio ao crescimento do fluxo de turistas e à instabilidade econômica global, a contratação de seguro-viagem se consolida como medida essencial para brasileiros que pretendem visitar a Europa durante o verão.
Entre junho e setembro de 2025, a expectativa é que 458 mil brasileiros desembarquem na Espanha, segundo projeções do setor, refletindo o apetite contínuo por viagens internacionais mesmo diante da inflação, riscos climáticos e tensões geopolíticas.
O dado acompanha o cenário geral da Europa, que recebeu 742 milhões de turistas internacionais em 2024, de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT). Esse volume pressiona estruturas aeroportuárias, aumenta as chances de extravios de bagagem e amplia os riscos associados a eventos imprevistos. Nesse contexto, o seguro-viagem deixa de ser apenas uma recomendação: torna-se exigência formal e estratégica.
Para ingressar nos 26 países do Tratado de Schengen — como França, Espanha, Itália, Alemanha e Portugal — o seguro-viagem é obrigatório. A apólice deve incluir cobertura mínima de €30 mil para despesas médicas e hospitalares, além de garantir repatriação médica e funerária. O descumprimento dessa exigência pode resultar em impedimento de entrada já na imigração.
“É uma exigência legal, mas também uma proteção essencial. Ninguém quer transformar um problema de saúde ou uma mala extraviada em prejuízo de milhares de euros”, afirma Hugo Reichenbach, diretor de operações da Real Seguro Viagem.
Dados da Allianz Partners reforçam a crescente valorização do seguro entre os próprios europeus: 62% dos viajantes já adquiriram ou pretendem adquirir seguro para o verão de 2025 — um aumento de três pontos percentuais em relação a 2024. Entre os que optam pela cobertura, 86% afirmam que o principal motivo é a sensação de segurança e tranquilidade.
A pesquisa European Summer Vacation Confidence Index 2025, realizada com mais de 9 mil europeus, revela ainda que três em cada quatro planejam viajar neste verão, apesar das incertezas econômicas. Muitos consumidores estão dispostos a cortar gastos com lazer ou adiar grandes compras para priorizar as férias, cujo orçamento médio deve crescer 12%, alcançando €2.217 por domicílio.
Diante desse cenário, o seguro-viagem atua não apenas como item obrigatório, mas também como ferramenta de mitigação de riscos. Planos mais completos cobrem desde cancelamento de voos e extravio de bagagem até despesas farmacêuticas, assistência odontológica e prática de esportes. Também é possível incluir cláusulas de responsabilidade civil, uma proteção pouco conhecida, mas relevante diante de possíveis danos a terceiros no exterior.
“Com aeroportos cheios, voos lotados e mais movimentação nas estradas, os riscos aumentam. E o seguro entra justamente para transformar imprevistos em situações controláveis”, reforça Reichenbach.
Além da cobertura mínima, especialistas recomendam atenção a pontos como idioma do atendimento, facilidades no reembolso e adaptação do plano conforme tempo de estadia, destino e perfil do viajante. A recomendação é contratar o seguro desde o primeiro até o último dia da viagem e manter o comprovante sempre acessível.
A instabilidade climática também influencia a decisão de contratar seguro. Segundo o levantamento da Allianz, 53% dos viajantes agora levam em conta o risco de eventos extremos, como ondas de calor ou enchentes, na escolha do destino. Paralelamente, 47% demonstram preocupação com a segurança frente a crimes, terrorismo ou instabilidade política.
Mesmo com essas ameaças, a expectativa é de um verão intenso. “O mundo se tornou menos previsível, então não é surpresa que estejamos vendo mais pessoas adquirindo seguro viagem para proteger seu investimento financeiro e garantir a segurança durante as viagens ao exterior”, afirma Anna Kofoed, Chief Officer Travel da Allianz Partners.
Com o aumento de custos e de riscos, a contratação do seguro-viagem não apenas garante conformidade com a legislação europeia, mas representa uma resposta prática à imprevisibilidade que hoje marca o cenário internacional de viagens.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 04/06/2025, às 09h21
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