Paralisação dos voos regulares gerou nova demanda para uso de aviões particulares no país
China poderá se tornar em breve também o maior mercado global de aviação de negócios
A pademia de covid-19 levou a uma mudança no modo que a China reconhece a aviação de negócios. A crise sanitária, que teve origem no país, tornou o uso de aeronaves particulares uma ferramenta importante para a geração de novos empreendimentos e de viagens seguras.
Até recentemente a aviação de negócios era vista na China como um luxo para poucos afortunados. Mesmo o país asiático sendo sede de centenas de gigantes conglomerados de sucesso global e reunindo boa parte dos bilionários do mundo, o governo central de Pequim impõe uma série de regras para uso de aviões e helicópteros executivos no país.
O Sino Jet, uma das principais empresas de aviação de negócios da China, recebeu mais de duas mil consultas no período de janeiro a abril de 2020, ajude da pandemia na Ásia, muitas delas de novos usuários da aviação de negócios.
Entre o novo perfil de usuários estão empresários que necessitam se deslocar pela China ou países vizinhos, que sofreram com a redução de voos comerciais ao mesmo tempo que seus negócios continuavam ativos.
Executivos de start-ups e de empresas de alta tecnologia não registraram grandes impactos em seus negócios durante a pandemia, mas sofreram com as restrições de viagens e cancelamentos de voo em toda o mundo. Uma particularidade do mercado asiático é que muitos negócios são fechados apenas após reuniões presenciais, exigindo assim o deslocamento de empresários e executivos.
O uso de jatos de negócios permitiu grande parte das indústiras chinesas retomarem as atividades, aliando a disponibilidade de horário flexível com a maior segurança sanitária. Aliás, a vantagem em relação as questões de saúde têm sido apontadas por usuários da aviação de negócios em todo o mundo.
No caso chinês, um dos desafios adicionais foi garantir a qualidade do ambiente a bordo e a saúde das tripulações. Com uma crescente demanda por voos as poucas empresas de aviação de negócios da China tiveram que criar um novo processo de operação.
A Sino Jet passou utilizar suas duas sedes, uma em Pequim e outra em Hong Kong, para montar uma equipe dedicada a monitorar o ambiente operacional e regulatório em rápida mudança. Além de dedicar considerável atenção aos rigorosos regulamentos chineses, a empresa criou uma equipe especial para cuidar da saúde da tripulação, limpeza de aeronaves e desinfecção.
"Apesar de todos os problemas óbvios, vemos uma oportunidade para a indústria [de aviação de negócios] para desempenhar um papel na recuperação econômica da região. Com o crescente entendimento do valor da aviação de negócios, podemos operar voos essenciais que, de outra forma, seriam impossíveis”, comentou um porta-voz da Sino Jet.
De acordo com especialistas do setor, a tendência é que a China passe a investir mais no segmento após as comprovadas as vantagens competitivas que seus empresários terão em mercados de todo o mundo. Com uma indústria local em crescimento vertiginoso, os jatos de negócios podem oferecer a flexibilidade necessária para ampliar a vasta rede global das empresas chinesas, que ainda dependem de voos regulares para alinhar agendas e fechar negócios.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 28/07/2020, às 15h38 - Atualizado às 15h57
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