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Futuro da Embraer

Os quatro aviões propostos pela Embraer em detalhes

Propostas avaliam soluções diversas para combustíveis, propulsores e novas tecnologias para os próximos 20 anos


Energy Family da Embraer

Embraer apresentou quatro conceitos com potencial de demonstrar soluções para o futuro | Foto: Divulgação

A Embraer anunciou quatro aviões conceito, que devem ajudar a planejar o futuro do transporte aéreo pelos próximos vinte anos. Ainda que se tratem de modelos com propósito exclusivo de permitir avançar em estudos de engenharia e mercado, os conceitos apostam em soluções distintas para cada etapa da mudança da matriz energética da aviação.

A chama da Energy Family parte de soluções existentes, com uso de turbinas a gás, a tradicionais motores usados na aviação há mais de sete décadas, mas consumindo um novo tipo de combustível menos poluente e renovável. O uso de tecnologia SAF, acrônimo para combustível de aviação sustentável, permitirá no curto prazo reduzir consideravelmente as emissões de poluentes.

Atualmente os estudos preveem uma mistura de querosene de aviação (Jet A), derivado de petróleo, com SAF, até que exista escala de produção do novo combustível e a garantia de sua capacidade de substituir a totalidade da matriz derivada de petróleo com segurança.

Primeiros estudos apontam que aviões comerciais atuais poderão nos próximos anos ser abastecidos apenas com SAF

No médio prazo a Embraer espera que o conceito E9-HE, um avião de nove assentos, possa oferecer as bases para o uso de motores híbridos, em uma proposta similar a existente na indústria automotiva. Um motor convencional, como uma turbina a gás, será acoplada em um motor elétrico. A expectativa é que as emissões possam ser reduzidas em até 90% até 2030.

Energia Hybrid (E9-HE)

Propulsão: híbrida-elétrica

Redução das emissões de CO₂: até 90%

Assentos: 9

Motores: Dois montados na parte traseira

Disponibilidade da tecnologia: 2030

Embraer avião híbrido

Com o avanço dos motores elétricos e sobretudo, das tecnologias de armazenamento, poderá ser viável um avião completamente elétrico, para até nove passageiros, já em 2035. Hoje o maior entrave está na baixa densidade energética das baterias, que contam com grande peso e volume, ante uma pequena capacidade de armazenamento. Alguns especialistas apontam que para ser viável o uso de um avião completamente elétrico em voos de média e curta duração, a densidade energética das baterias deverá ser ao menos vinte vezes superior ao JetA. O motivo é que a bateria carregada ou vazia tem o mesmo peso estrutural, ao contrário do tanque abastecido com combustível líquido, onde o avião pousa mais leve do que decolou, reduzindo assim seu peso total.

Energia Electric (E9-FE)

Propulsão: elétrica completa

Redução das emissões de CO₂: 100%

Assentos: 9

Motores: hélices contra-rotativas traseiras

Disponibilidade da tecnologia: 2035

Embraer avião elétrico

Com o eventual avanço da tecnologia de células de hidrogênio, A Embraer acredita que ainda em 2035 também poderá surgir o E19-H2FC, um avião para até dezenove assentos e com motorização elétrica, com energia gerada através de células de hidrogênio. A tecnologia básica é conhecida há vários anos, mas sua viabilidade em larga escala ainda é um desafio até para a indústria automobilística, se tornando um estudo ainda mais complexo na aviação.

Energia H2 Fuel Cell Gas Turbine (E19-H2FC)

Propulsão: elétrica de hidrogênio

Redução das emissões de CO₂: 100%

Assentos: 19

Motores: elétricos montados na parte traseira

Disponibilidade da tecnologia: 2035

Embraer avião elétrico

Ainda baseado nas turbinas a gás, a Embraer anunciou o conceito E50-H2GT, que prevê um turbo-hélice para até 50 assentos de nova geração que será abastecido com hidrogênio ou SAF/JetA.  No médio prazo os aviões poderão ser completamente abastecidos com SAF, o que poderá reduzir em 100% as emissões de carbono. Já o uso de hidrogênio depende do desenvolvimento de tecnologias que tornem viável se transporte na forma líquida, que depende de tanques criogênicos. O hidrogênio só fica no estado líquido em temperaturas abaixo de -250°C, exigindo assim um sistema capaz de manter o tanque refrigerado. O entrave é a elevada quantidade de energia necessária para manter a criogenia do tanque. Esse é o mais desafiador dos projetos, que deve ser concluído apenas daqui vinte anos.

Energia Gas Turbine (E50-H2GT)

Combustível: Hidrogênio ou SAF/JetA

Redução das emissões de CO₂: até 100%

Assentos: 35 a 50

Motores: montados na parte traseira

Disponibilidade da tecnologia: 2040

Mesmo distante de um modelo real, os conceitos da Embraer poderãoi permitir que a indústria aeronáutica, incluindo fabricantes de motores, fornecedores de sistemas e combustível, tenham dados mais sólidos para trabalhar na solução de diversos problemas atuais.

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Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 08/11/2021, às 12h00 - Atualizado às 17h03


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