Fabricantes estudam acordo para o programa CRJ
A Mitsubishi poderá adquirir o programa de jatos regionais CRJ, da Bombardier. Ainda que a empresa japonesa trabalhe em um projeto próprio de desenvolvimento de um avião regional, com capacidade para 70 até 90 assentos, basicamente a mesma faixa de mercado da família CRJ, a expectativa é que o acordo seja celebrado na próxima semana, durante o Paris Air Show.
A Mitsubishi tem desenvolvido, desde meados de 2007, a família MRJ (acrônimo de Mitsubishi Regional Jet), recém rebatizada como SpaceJet, mas que vem enfrentando uma série de dificuldades de projeto. O programa acumula mais de seis anos de atraso e o primeiro avião, com capacidade para 90 assentos, está fora do limite do mercado de aviação regional dos Estados Unidos, cujo limite regulamentar são 70 assentos. O mercado de aviação regular norte-americano é o maior do mundo, com ampla participação da aviação regional na integração da vasta malha aérea.
O modelo para 70 assentos foi postergado, visando iniciar as vendas da aeronave de maior capacidade, que originalmente disputaria mercado com os Embraer 170 e 175, os modelos de até 90 lugares de primeira geração da família E-Jet, assim como com os CRJ.
Com as recentes mudanças no cenário da aviação regional, com a venda dos programas E-Jet e CSeries, para as gigantes Boeing e Airbus, respectivamente, a Mitsubishi passou a contar com dois gigantes globais disputando seu pretendido mercado.
Recentemente a Bombardier iniciou um processo contra a Mitsubishi referente a uma suposta espionagem industrial envolvendo o CSeries. A denúncia afirma que a Mitsubishi contratou diversos engenheiros do programa CSeries, que antes de deixar a Bombardier copiaram uma infinidade de dados do projeto, incluindo informações dos processos de certificação e homologação do jato regional canadense.
Ainda que oficialmente a Bombardier não tenha declarado seu interesse em vender o programa CRJ, é pouco provável que a companhia mantenha a sua divisão de aviação comercial, hoje centrada apenas neste projeto. Recentemente a Bombardier vendeu os programas CSeries e QSeries, praticamente abandonando o mercado de aviação regular.
Por Edmundo Ubiratan | Fotos: Divulgação
Publicado em 05/06/2019, às 15h00 - Atualizado em 06/06/2019, às 16h59
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