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Liberdade a bordo


“La Liberté guidant le peuple” é uma das pinturas mais emblemáticas do mundo ocidental. O pintor Eugène Delacroix concebeu a obra em comemoração à Revolução de Julho de 1830, que marcou a queda de Carlos X. Além de comemorar uma importante passagem da história francesa, o trabalho serviu de inspiração para obras contemporâneas, como a Estátua de Liberdade, um monumento comemorativo ao centenário da assinatura da Declaração da Independência dos Estados Unidos, como se sabe. No Brasil, a mulher do quadro inspirou a efígie da República, que é utilizada desde sua proclamação, e se popularizou ao ter seu rosto impresso nas cédulas de real e na moeda de R$ 1.

Em 1999, durante as comemorações do Ano da França no Japão, o museu do Louvre autorizou a exibição do quadro em Tóquio, o que exigiu uma complexa logística. Embora seja um quadro de grandes dimensões, com 260 cm × 325 cm, suas medidas não seriam um problema de transporte não fosse pela necessidade de acomodá-lo em um contêiner especialmente projetado para a viagem. Visando evitar qualquer risco à obra, os especialistas do Louvre criaram um recipiente climatizado e com sistema antivibração que acomodava o quadro na vertical e possuía dimensões ligeiramente maiores do que as da porta de carga do nariz do Boeing 747F.

Após receber um pedido do governo francês, a Airbus cedeu um dos recém-construídos Airbus A300-600ST, popularmente conhecidos como Beluga, para levar o quadro ao Japão. O avião decolou de Paris, realizando escalas em Bahrain e Calcutá, numa viagem de 20 horas. Na ocasião, o F-GSTC (Beluga #3) recebeu uma pintura especial com o quadro em destaque em grande parte da fuselagem. Foi uma das raras exceções em que o Beluga realizou um voo que não fosse para o transporte de peças para a Airbus.

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 25/03/2015, às 00h00


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