Teste faz parte da manutenção da capacidade de ataque atômico francês
Note o míssil ASMPA, de ataque nuclear, instalado no centro da aeronave
A França realizou ontem (9) um novo teste com seu mais moderno míssil de cruzeiro nuclear, disparado por um caça Rafale. O teste faz parte do programa da agência francesa de compras de defesa (DGA, na sigla em francês) e foi coordenado pelo Ministério das Forças Armadas da França.
O objetivo é qualificar a nova arma que deverá ser declarada operacional nos próximos meses. O míssil nuclear de dissuasão estratégico e definitivo lançado pelo ar (ASMPA, na sigla em francês) é desenvolvido pela empresa de armamentos francesa MBDA e faz parte da tríade de ataque atômico da França.
O ensaio é um pré-requisito para a entrada em serviço do míssil nas Força Aérea Estratégica (FAS) que é parte da Força Aérea e Espacial Francesa, mas que também será utilizado pela Força Aeronaval Nuclear. Atualmente tanto a marinha quanto a força aérea da França possuem capacidade de disparo de mísseis nucleares transportados por aviões.
De acordo com dados oficiais, o ASMPA tem um alcance de aproximadamente 500 quilômetros, voando a Mach 3 (aproximadamente 3.704 km/h), com uma ogiva de até 300 quilotons, o equivalente a 300.000 toneladas de TNT. Ainda que seja uma arma de média potência, seu poder destrutivo e alcance é suficiente para garantir a dissuasão nuclear da França no cenário europeu.
O ensaio ocorre dias após os Estados Unidos realizarem uma manobra similar, na ocasião envolvendo o disparo de um míssil com capacidade nuclear realizado pelo F-35. A modernização dos meios de ataque atômico é uma constante em ciclos que variam de dez até vinte anos, com a modernização dos sistemas de armas em quase todos os países que detém tal capacidade.
Em fevereiro de 2019 a França já havia realizado um teste similar, que envolveu ainda uma missão simulada de ataque aéreo nuclear que durou 11 horas e incluiu diversos reabastecimentos aéreos com o Rafale.
"Esses ataques reais estão programados para a vida do sistema de armas", disse na ocasião o coronel Cyrille Duvivier, porta-voz da Força Aérea Francesa. "Eles são executados em intervalos regulares, mas permanecem raros porque o míssil real, sem sua ogiva, é disparado”.
O avanço de testes com mísseis nucleares de médio alcance, com capacidade de atingir alvos entre 500 km e 5.500 km, estavam proibidos até recentemente. Porém, com o fim do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário entre os Estados Unidos a Rússia, é possível que o mundo assista uma corrida armamentista nesse sentido ao longo dos próximos anos.
A França gasta anualmente US$ 4 bilhões para manter seu arsenal nuclear, que é composto por aproximadamente 300 armas que podem ser disparadas por mísseis balísticos lançados por submarino e mísseis de lançamento de aeronaves.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 10/12/2020, às 09h00 - Atualizado às 10h32
+lidas