F-35A disparou a bomba atômica guiada B61-12 voando acima da velocidade do som
Imagem mostra o lançamento da bomba nuclear B61-12 pelo F-35A voando acima da velocidade do som
O F-35A lançou seu primeiro artefato nuclear voando acima da velocidade do som, ampliando a capacidade de ataque do caça. O ensaio ocorreu no famoso polígono de ensaios próximo a Las Vegas, no Nevada Test and Training Range.
A bomba nuclear guiada B61-12 estava no seu modo inerte, ou seja, sem a capacidade de detonação, mas mantendo todas suas características operacionais. O teste teve como objetivo comprovar a capacidade de uso da arma pelo F-35, assim como adequar o artefato para ser transportado nos compartimentos internos do avião. Além disso, os engenheiros e militares puderam capacitar o sistema de estabilização da bomba para seu uso acima da velocidade do som.
“Este foi o primeiro teste para testar todos os sistemas, incluindo mecânico, elétrico, comunicação e liberação entre a B61-12 e o F-35A”, explicou Steven Samuels, gerente da equipe de sistemas da B61-12 do Sandia National Laboratories.
Ainda que a B61-12 não estivesse apta a uma detonação nuclear, o artefato incluía componentes não nucleares funcionais, como sistema de navegação e estabilização, assim como dispositivos nucleares simulados, permitindo a realização do teste de forma real. A bomba foi lançada pelo F-35 a uma altitude de 10.500 pés e demorou aproximadamente 42 segundos para atingir o alvo designado. Em meados de 2019 o F-35 já havia realizado disparos com a B61-12, mas com a bomba completamente inerte, com seus sistemas não acionados. "O teste mais recente é uma peça crítica no programa F-35A e B61-12”, detalhou Samuels.
O ensaio é considerado fundamental para validação dos sistemas do F-35A e da B61-12, que será transportada internamente pelo caça, ampliando a capacidade de ataque ao reduzir consideravelmente a assinatura radar do avião, além de ocultar o transporte da arma. Ainda que o F-15E Strike Eagle seja certificado para uso da B61-12, a bomba é transportada nos cabides externos do avião. “Ainda estamos avançando com as atividades de compatibilidade do B61-12 em diferentes plataformas”, disse Samuels. Vale destacar que os bombardeiros B-1B Lancer e B-2 Spirit também são compatíveis com a B61-12.
O ensaio foi conduzido pela força aérea dos Estados Unidos em cooperação com o Sandia National Laboratories e o Los Alamos National Laboratory. Ambos laboratórios de pesquisas nucleares foram fundamentais na criação do arsenal atômico dos Estados Unidos, com centro de pesquisa de Los Alamos sendo um dos responsáveis pelo projeto Manhattan, que deu origem as bombas utilizadas no Japão, no final da Segunda Guerra.
O teste com o F-35 ocorreu em agosto, mas foi divulgado apenas agora pelo Sandia National Laboratories, que explicou que a condução do ensaio ocorreu em Tonopah, na região noroeste do polígono de testes de Nevada, onde ao longo das décadas de 1940 até meados dos anos 1980, foram realizados a maioria das explosões atômicas dos Estados Unidos.
“Executamos com sucesso este primeiro e histórico teste de voo do F-35A no Tonopah Test Range dentro dos critérios de entrega especificados”, disse Brian Adkins, gerente de alcance da Tonopah Test Range.
A capacitação do F-35A para uso das bombas B61-12 permitirá a força aérea dos Estados Unidos ampliar sua capacidade de dissuasão nuclear e de ataque tático, com objetivo de atingir especialmente instalações militares críticas, como locais de produção de armas ou bases com capacidade de ataque nuclear. “A bordo do mais novo caça [da força aérea] a B61-12 fornece uma peça forte da estratégia geral de dissuasão nuclear para nosso país e nossos aliados”.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 24/11/2020, às 10h00 - Atualizado às 14h55
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