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As amarelinhas

Embraer forma nova aliança para desenvolver avião elétrico

Acordo com a portuguesa EDP permitirá avançar nas pesquisas de armazenamento energético das baterias


Ipanema da Embraer com motor elétrico

Embraer utiliza um Ipanema para condução dos testes de viabilidade tecnológica da motorização elétrica

A Embraer e a distribuidora de energia elétrica EDP (Energias de Portugal), firmaram um acordo para avançar no desenvolvimento de tecnologia de armazenamento de energia e recarga de baterias para a aviação.

A companhia portuguesa, através de sua divisão EDP Smart, anunciou um aporte financeiro para a aquisição da solução de tecnologia de armazenamento de energia e recarga do avião demonstrador de tecnologia de propulsão 100% elétrica, que utiliza um EMB-203 Ipanema como plataforma de testes.

Com a parceria as duas empresas pretendem avançar no conhecimento de tecnologias de armazenamento energético, considerado um dos pontos mais críticos da eletrificação da aviação. Além da baixa capacidade de armazenamento das baterias, o que exige um volume elevado de componentes para ter a mesma carga de poucos litros de gasolina, por exemplo, existe questões complexas não resolvidas. Entre elas se destacam o tempo prolongado para completo abastecimento das baterias, a vida útil relativamente curta do sistema e o risco de incêndio durante o carregamento ou uso intenso das células de bateria.

Peso versus capacidade energética

Outra problemática é que uma aeronave abastecida com combustível líquido, como gasolina, querosene ou álcool, possui um peso máximo de decolagem e outro de pouso. Com a queima do combustível o peso do combustível é eliminado, permitindo um voo cada vez mais eficiente e uma estrutura menos complexa capaz de receber com segurança o avião no pouso já mais leve. As baterias mesmo quando vazias continuam com o mesmo peso original, fazendo o avião transportar um peso adicional em todas as fases do voo. O desafio é tornar a relação peso/capacidade energética mais eficiente que o uso de combustível líquido.

Em alguns casos a capacidade energética de um litro de gasolina, que pesa aproximadamente 750 gramas, é obtido com um conjunto de células de bateria de 25 quilos, uma diferença de 33 vezes. Ou seja, um avião abastecido com 100 litros (75 quilos) de gasolina necessita de 2,5 toneladas de baterias para obter a mesma quantidade de energia disponível.

Parcerias estratégicas

Em nota as duas empresas afirmam que a parceria vai permitir investigar a aplicabilidade de baterias de alta tensão para o sistema de propulsão elétrico de um avião de pequeno porte, além de avaliar suas principais características de operação, como peso, eficiência e qualidade de energia, controle e gerenciamento térmico, ciclagem de carregamento, descarregamento e segurança de operação.

"O histórico de realização de parcerias estratégicas por meio de mecanismos ágeis de cooperação faz da Embraer uma das empresas brasileiras que mais estimula redes globais de conhecimento que permitem um significativo aumento de competitividade do país", diz Luís Carlos Affonso, vice-presidente de Engenharia e Estratégia Corporativa.

A proposta de desenvolvimento tecnológico para eletrificação aeronáutica foi inicialmente formalizada através de uma cooperação entre Embraer e brasileira WEG, empresa especializada em motores elétricos, em maio de 2019. Agora a parceria com a EDP busca avançar nas pesquisas em torno do armazenamento de energia de alta tensão, complementando os estudos que já estão em andamento na Embraer.

"A parceria com a Embraer no desenvolvimento do seu primeiro avião demonstrador de tecnologia de propulsão 100% elétrica representa uma nova fronteira do nosso investimento em mobilidade elétrica, contribuindo para posicionar o Brasil como um player de ponta neste mercado", afirma Miguel Setas, presidente da EDP no Brasil.

Para os ensaios está sendo utilizado como plataforma demonstradora em um Ipanema, avião agrícola de pequeno porte produzido pela Embraer e que realiza avaliação primária das tecnologias de eletrificação. Os testes em solo têm ocorrido na Unidade da Embraer em Botucatu, interior de São Paulo, em preparação para o primeiro voo que acontecerá na unidade da Embraer em Gavião Peixoto.

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 20/11/2020, às 12h10 - Atualizado às 13h37


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