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Tradição em prol da defesa aérea

Esquadrão da FAB que vai operar o Gripen completa 43 anos

Esquadrão Jaguar voou os Mirage III, os primeiros caças supersônicos do Brasil, e agora terá o Gripen


Mirage III podia atingir velocidades de Mach 2 e foi usado para proteger os céus de Brasília - Arquivo FAB
Mirage III podia atingir velocidades de Mach 2 e foi usado para proteger os céus de Brasília - Arquivo FAB

O Esquadrão de Caça que tem como missão principal a defesa aérea de Brasília completa hoje 43 anos. O 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA), o Esquadrão Jaguar, teve sua história forjada na época em que a Força Aérea Brasileira atingia um novo patamar na aviação de caça.

Sediado na base aérea de Anápolis, em Goiás, o 1º GDA começou suas atividades em 1979, onde empregava os caças Mirage III, o primeiro avião supersônico da FAB.

Entretanto, a história desta importante e estratégica unidade começa antes mesmo do esquadrão ser conhecido como é hoje em dia.

As atividades começaram como o Núcleo da 1ª Ala de Defesa Aérea – NuALADA, criado na década de 1970 para operar os Mirage III na então recém-criada base aérea de Anápolis (Baan), que completou 50 anos na semana passada.

Contudo, a NuALADA deu lugar a 1º ALADA (1º Ala de Defesa Aérea), esquadrão de caça da força aérea que se consagrou ao longos dos anos, até sua desativação em 1979, onde uma reorganização criou o 1º Grupo de Defesa Aérea.

A localização da base também é estratégica, pois fica situada aos arredores da cidade goiana de Anápolis e a cerca de 170km de Brasília. Com isso, fica claro que o foco principal da Baan é a proteção aérea da capital do país. Hoje a base passa por reformas para abrigar os novos moradores do cerrado brasileiro.

Caças operados pelo Jaguar:

Quando o caça Mirage III foi escolhido para equipar a força aérea todo um estudo e doutrina dos pilotos da FAB teve que ser realizado. Os aviadores voavam à época os clássicos F-8 Gloster Meteor e Lockheed F-80, jatos subônicos e obsoletos.

Oito pilotos brasileiros foram à base aérea de Dijon, na França, para realizarem o curso do então moderno caça francês. A missão de treinamento criou a alcunha entre esses oito militares da FAB de “Dijon Boys”.

Ao contrário dos Gripen E que vieram de navio, os Mirage III chegaram ao Brasil por meio dos C-130 Hercules, com os 16 aviões desmontados e enviados em lote ao país em voos da FAB. O primeiro caça chegou em 1972 e o último no ano seguinte.

Dijon Boys
Oito pilotos brasileiros foram conhecer o lendário Mirage III na França - Arquivo FAB

No Brasil, os Mirage III foram designados F-103E e F-103D, onde ficaram na ativa até 2005, após um processo de modernização nos anos 1980. Com a aposentadoria do já vetereano Mirage III, o 1º GDA recebeu os Mirage 2000.

O Mirage 2000 C/B foi uma compra necessária para a força aérea, visto que a saída do Mirage III e a não decisão da escolha de um novo caça forçou o uso de uma aeronave provisória para suprir e manter o 1º GDA na ativa.

Caças Mirage III FAB
Deltas protegiam impornates áreas do planalto central brasileiro - Arquivo FAB

Em 2006, chegaram os doze Mirage 2000 C/B, aeronaves de segunda mão compradas da França. Na FAB foram designados como F-2000 C/B. Os aviões ficaram na ativa por pouco tempo, sendo aposentados já em 2013.

No mesmo ano, enfim, saiu a decisão da escolha do mais novo caça da FAB, com o anúncio do Gripen NG, agora conhecido como Gripen F-39E/F. Contudo, até a chegada dos aviões operacionais o Esquadrão Jaguar mantém em operação o icônico F-5EM Tiger II, que foi recentemente modernizado.

Ao todo, serão 36 unidades do Saab Gripen E/F, sendo 28 F-39E (monoposto) e oito F-39F (biposto). Em novembro passado, quatro caças foram entregues formalmente na fábica da Saab na Suécia.

Gripen F-39E FAB
Primeiros Gripen F-39E de produção em série estão em meios aos testes em Gavião Peixoto (SP) - Saab

Os dois primeiros chegaram ao país no dia 1 de abril e estão passando por testes para obter o Certificado de Tipo Militar. Após isso, os F-39 serão incorporados ao Esquadrão Jaguar. Mais duas aeronaves deverão ser enviadas ao Brasil ainda neste semestre, permitindo o início de uma doutrina operacional e, por fim, seu emprego como novo vetor de caça do 1º GDA.

Quando a frota estiver completa, um novo marco e patamar dentro da nossa aviação de caça será estabelecido, com as capacidades da defesa aérea e dos pilotos brasileiros ampliada.

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Por André Magalhães
Publicado em 11/04/2022, às 17h00


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