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Conheça os 10 aviões comerciais mais produzidos da história

Ranking mostra os dez aviões mais fabricados na história da aviação mundial


O E-Jet é o único representante brasileiro no Top 10, que tem modelos dos EUA, Europa, Canadá e União Soviética como outros destaques - Embraer
O E-Jet é o único representante brasileiro no Top 10, que tem modelos dos EUA, Europa, Canadá e União Soviética como outros destaques - Embraer

A produção de um avião comercial envolve muito estudo de mercado, viabilidade técnica e financeira. Um projeto que não reverta em boas vendas pode levar uma fabricante à falência, ou mesmo revelar-se uma grande frustração de mercado, como ocorreu com o Airbus A380 por exemplo, que gerou expectativas além do esperado e encerrou com menos de um quarto dos pedidos planejados.

Aviões bem dimensionados para as necessidades da maioria das companhias aéreas podem trazer bons frutos ao fabricante, como gerar bom caixa, elevar a empresa à referência global, aumentar o valuation, etc.

Neste quesito, Airbus e Boeing são os destaques, onde os A320 e 737 respectivamente, são considerados best sellers do mercado mundial.

Ainda assim, a Airbus e Boeing não estão sozinhas no ranking de maiores fabricantes de aviões comerciais, disputando o mercado com outras marcas. A seguir, listamos as dez aeronaves comerciais mais produzidas de todos os tempos, incluindo modelos históricos que marcaram a aviação mundial.

Uma vez que vários destes modelos também tiveram versões para uso militar, o número dessas variantes não influenciaram de forma significativa o valor total, entrando, dessa maneira, como número absoluto para a confecção do ranking abaixo. A lista considerou os exemplares produzidos desde seus respectivos início de produção até o seu fim, ou mesmo, até o ano consolidado de 2022.

10º - Antonov An-24 (1959 – 1979)

  • Total de aviões produzidos: 1.367

An-24

O An-24 é uma aeronave projetada em 1957 pela Antonov Design Bureau, durante a União Soviética. Esse avião turboélice bimotor tem capacidade para 44 passageiros e foi desenvolvido para o transporte de passageiros e cargas. Dentro da lógica industrial soviética o An-24 foi produzido m diversas cidades, como Kyiv, Irkutsk e Ulan-Ude.

O avião fez seu primeiro voo em 1959 e entrou em serviço apenas em 1962, mas permanecendo ativo até hoje em diversas empresas aéreas e forças militares do mundo.

A UTair Cargo, Angara Airlines, IrAero, Yakutia Airlines e Air Koryo são algumas das empresas que utilizaram o An-24 ao longo dos anos. Há uma versão do An-24 projetado para o transporte de cargas, batizado de An-26 e que vendeu 1.403 unidade até o ano de 1986.

9º - Airbus A330 (1992 - Atualmente)

  • Total de aviões produzidos: +1.600

A330

O Airbus A330 é um avião do tipo widebody de longo alcance desenvolvido pela Airbus como resposta ao crescente mercado de voos internacionais de média capacidade e longo alcance.

O avião foi lançado como parte de uma família, que teve como irmão mais velho o A340. Um dos diferenciais do projeto foi criar dois aviões com capacidade e alcance similares, mas com foco em operações ligeiramente diferentes. O A340 nasceu como um quadrimotor, enquanto o A330 um bimotor. Ambos compartilham basicamente tudos os sistemas e estruturas, incluindo as asas.

O A330-300, versão de maior capacidade, realizou seu primeiro voo em 2 de novembro de 1992 e entrou em operação em 17 de janeiro de 1994 com a Air Inter. Na sequência a Airbus lançou o A33-200, que tinha capacidade ligeiramente menor, mas quase o dobro do alcance.

O A330 é amplamente utilizado por diversas companhias aéreas, incluindo Turkish Airlines, Cathay Pacific, China Eastern Airlines e Delta Air Lines, entre outras. No Brasil a TAM iniciou sua relação com a Airbus com os A330, que permitiram a empresa voar pela primeira vez para os Estados Unidos e logo depois Europa. O A330 também se tornou o maior avião já operado pela FAB.

8º - Boeing 747 (1968 – 2023)

  • Total de aviões produzidos: 1.574

747

Conhecido como Jumbo Jet ou “Rainha dos Ares” o icônico quadrimotor fabricado pela Boeing realizou seu voo em 9 de fevereiro de 1969 e transformou o transporte aéreo. Com capacidade quase duas vezes maior que qualquer avião da época, o 747 permitiu a popularização das viagens aéreas internacionais.

A então Pan American World Airways foi a primeira companhia a receber um 747, em 22 de janeiro de 1970, iniciando na sequências os primeiros voos entre Nova York e Londres.

A origem do Jumbo Jet estava relacionada com um projeto militar para um supercargueiro, que foi vencido pela Lockheed com o C-5 Galaxy. Com as bases gerais para um avião de grande porte, a Boeing ofereceu o conceito básico ao mercado, o que agradou o então presidente da Pan American,Juan Trippe, que esteve envolvido em todo o processo de desenvolvimento. O pedido inicial ocorreu em 1966, quando a empresa encomendou 25 unidades do 747-100, com valor total de US$ 525 milhões (mais de US$ 3,2 bilhões atualmente).

O modelo tornou-se símbolo de prestígio e foi operado por grande parte das empresas aéreas no mundo. No Brasil a Varig foi a única a voar com o 747, em suas versões -200, -300 e 400.

O último modelo, o 747-8 foi lançado nos anos 2000 e obteve vendas modestas, agradando principalmente ao mercado cargueiro por sua fuselagem ligeiramente alongada e a maior capacidade de carga e alcance. O último avião foi entregue em 2023.

7º - Embraer E-Jet Family (2001 – Atualmente)

  • Total de aviões produzidos: +1810

E2

Lançados durante o Paris Air Shoe de 1999, o E-Jets foi a primeira família de jatos regionais da Embaer lançados como um projeto totalmente novo, já que os ERJ eram derivados do projeto básico do EMB-120 Brasília. A família E-Jet é composta pelos E170, E175, E190 e E195 voltados para o mercado regional de curto e médio alcance, com média capacidade.

Os aviões têm capacidade para transportar entre 72 e 124 passageiros e entraram em produção em 2002. A primeira entrega foi realizada em 17 de março de 2004 para a LOT Polish Airlines.

Com a remotorização dos aviões de fuselagem estreita, a Embraer seguiu a tendência do mercado e lançou no Paris Air Show de 2013 a família E-Jet E2, que conta com novas asas, motores, aviônica e capacidade ampliada. Embora oficialmente composto pelos E175 E2, E190 E2 e A195 E2, o primeiro ainda não foi certificado e aguarda a definição do futuro do mercado de aviação comercial regional dos Estados Unidos. A justificativa é o avião ser ligeiramente mais pesado do que prevê as regras da aviação regional.

6º - Boeing 777 (1993 - Atualmente)

  • Total de aviões produzidos: 1.677 até 2022

Boeing 777X

Conhecido como “Triplo Sete”, o 777 é uma aeronave widebody de longo alcance, desenvolvido pela Boeing no final dos anos 1980. O avião foi criado como uma resposta ao crescente mercado de grance capacidade e longo alcance, visando preencher a lacuna entre o 767 e o 747, com potencial para substituir os McDonnell Douglas DC-10 e Lockheed L-1011. Lançado oficialmente em outubro de 1990, o 777 se tornou o maior bimotor já fabricadoe teve a United Airlines como cliente de lançamento.

O protótipo foi apresentado em abril de 1994, realizando seu primeiro voo em 12 de junho. O 777-200 foi inicialmente lançado com alcance para voar  nos voos costa a costa nos Estados Unidos e nas rotas do Atlântico Norte, mas logo a Boeing introduziu o 777-200ER, de alcance estendido. Na sequência foram lançados os 777-300, com fuselagem alongada e voltado para voos de média distância e grande capacidade; o 777-300ER voltado para voos de longo alcance e alta capacidade; assim como o 777-200LR para voos de ultralongo alcance e média capacidade. Em 2005, a Boeing lançou a versão cargueira derivada do 777-200LR, com a primeira unidade sendo entregue à Air France.

Em novembro de 2013 a Boeing lançou a família 777X, composta pelos 777-8 e 777-9, para disputar o mercado com os então recém-lançados A350-900 e A350-1000, além de ser um substituto para os 747-400 e A380.

O 777-8 tem capacidade para 395 passageiros e alcançe de 16.200 quilômetros, enquanto o 777-9 em configuração padrão acomoda até 426 assentos e o alcance é de 13.490 quilômetros. Todavia, ambos aviões enfrentam atrasos na produção e certificação, sem data prevista para entrar em serviço. A previsão inicial era 2020.

5º - Boeing 727 (1962 – 1984)

  • Total de aviões produzidos: 1.832

727

O Boeing 727 foi desenvolvido pela Boeing no início dos anos 1960 para atender voos de grande capacidade em etapas curtas e média, podendo inclusive operar em aeroportos menores que o 707, seu antecessor. O programa foi lançado após as encomendas da United Airlines e Eastern Airlines.

O primeiro voo ocorreu em fevereiro de 1963, e, um ano depois, o modelo entrou em operação pela Eastern Airlines. Foram lançadas duas versões, o 727-100 para até 126 lugares e alcance de 4.100 quilômetros; e o 727-200 para 189 assentos, em configuração de alta densidade, e alcance de 3.500 quilômetros. A série Advanced ampliou o alcance do 727-200 para 4.700 quilômetros. A produção do 727 durou mais de 20 anos, com a última unidade sendo fabricada em setembro de 1984, quando totalizou 1.832 aeronaves construídas.

O 727 é o único trijato produzido pela Boeing e foi equipado com motores Pratt & Whitney JT8D localizados na parte traseira, com cauda em formato de "T". O avião tinha como plataforma a estrutura básica do 707.

4º - CRJ Series (1991 – 2020)

  • Total de aviões produzidos: 1.945

CRJ

A série Canadair Regional Jet, conhecida como CRJ, foi lançada pela Bombardier Aerospace logo após assumir a Canair no final dos anos 1980. O primeiro modelo, o CRJ100 foi lançado em 1991, como um derivado direto do jato de negócios Challenger, oferecendo um avião de médio alcance e capacidade para até 50 lugares, tendo como cliente de lançamento a Lufthansa CityLine. O CRJ200 foi desenvolvido na sequência e logo se tornou o maior rival da recém-lançada família ERJ da Embraer, com ambos os fabricantes protagonizando diversos embates internacionais sobre uso indevido de subsídios.

Com o crescimento do mercado regional a Bombardier anunciou, em 1999, o lançamento do CRJ700 Series, uma nova família com maior capacidade e alcance. O CRJ1000 o maior membro da família tem 39,1 metros de comprimento e capacidade para até 104 passageiros. Como comparação, o pioneiro CRJ100 tem 26,77 metros de comprimento e cinquenta assentos

Após uma série de disputas por espionagem contra a Bombardier, que enfrentava uma situação de pré-falência, Mitsubishi Heavy Industries adquiriu o programa após a entrega de 1.945 aeronaves CRJ. O fabricante japonês passou a ser responsável pelo pós-venda, sem no entando dar continuidade ao programa.

3º - Airbus A320 (1986 - Atualmente)

  • Total de aviões produzidos: +11.600

A321XLR

Após o desenvolvimento dos modelos A300 e A310, a Airbus direcionou sua atenção ao mercado de aeronaves de corredor único, que era dominado pelo Boeing 737 e pelo Douglas DC-9.

Assim, a família A320 foi a primeira familía de aviões de corredor único desenvolvida pela Airbus e que de destacava pelo amplo uso de tecnologia embarcada, inclusive pelo pioneiro emprego de fly-by-wire na categoria.

O protótipo do A320 realizou o primeiro voo em 22 de fevereiro de 1987 e foi entregue para a Air France em 18 de abril de 1988.

Criado sob o conceito de família, o A321 foi o segundo avião lançado, ganhando uma fuselagem alongada e de maior capacidade de transporte. O objetivo era atender rotas de curta distância e alta demanda. No lado inverso, foram lançadas versões com a fuselagem encurtada, com o A319 e o A318 também foram desenvolvidas para competir no mercado de jatos regionais, com capacidade entre 100 e 130 lugares.

Com o surgimento de uma nova geração de motores a Airbus lançou no final de 2010 o A320neo, acrônimo em inglês de nova opção de motores. A nova família recebeu motores mais eficientes e silenciosos, além de alguns refinamentos aerodinâmicos, como os chamados sharklets, nas pontas das asas. A nova família se tornou a mais bem-sucedida da história, acumulando centenas de pedidos no lançamento. Além disso, marcou uma mudança conceitual no mercado.

O A321 ganhou três novas versões: O A321neo voltado para o mercado de médio alcance e alta capacidade; o A321LR, de longo alcance e média capacidade; e o A321XLR, criado para rotas de ultralongo alcance e média capacidade. A expectativa é que o modelo possa competir até mesmo com os A330 e 787-8 em rotas com menor demanda de passageiros. Já o A319neo obteve vendas tímidas, com menos de setenta encomendas e deixou de ser prioridade, com a Airbus apostando nas vendas do A220.

Por fim, o A318 que acumulou apenas oitenta pedidos foi descontinuado e não foi incluido série Neo.

2º - Boeing 737 (1967 - Atualmente)

  • Total de aviões produzidos: +11.870

737-800

O 737 destaca como o avião mais produzido da história da aviação comercial, com mais de 11.870 unidades entregues até agosto de 2024. O voo inaugural do pioneiro 737-100 ocorreu em 9 de abril de 1967, com a primeira entrega feita para a alemã Lufthansa em 10 de fevereiro de 1968. 

A família 737 continua bastante popular entre companhias aéreas em todo o mundo, em especial entre operadores de baixo e ultrabaixo custo, como a Southwest Airlines e Ryanair. No Brasil a Gol Linhas Aéreas se tornou o maior operador da família 737 em toda a história, tendo voado com modelos das séries Classic, NG e MAX.

O desenvolvimento do 737 foi motivado pela necessidade do mercado em operar em rotas curtas e de baixa demanda, o que exigia uma aeronave menor que o 727. A Douglas foi a primeira a responder a demanda com o Douglas DC-9, que entrou em serviço em 1965.

A primeira geração do 737 inclui os 737-100 e 737-200, seguidos pela segunda geração, conhecida como 737 Classic, que trouxe melhorias significativas, como novos motores e nova aviônica.

A terceira geração, designada como 737 Next Generation (737 NG), incluiu os 737-600 até o 737-900 e são a maioria dos 737 atualmente em operação. O 737-800 se tornou o modelo mais produzido da história, com 4.991 aviões entregues, seguido de longe pelo 737-700 que com 1.130 unidades fica no segundo lugar, seguido do 737-300 com 1.113 entregas.

A mais nova geração, o 737 MAX, lançado em 2011, é a mais recente e avançada, recebendo uma série de melhorias, inclusive novos motores mais eficientes. O modelo ainda ficou marcado como o primeiro da Boeing a ser impedido de voar, onde obteve o nada honrado recorde de proibição de voo, quando ficou quase dois anos fora de serviço em todo o mundo.

1º – Douglas DC-3/C-47 (1936 – 1942)

  • Total de aviões produzidos: ~16.079

DC-3 TWA

O Douglas DC-3 foi inicialmente projetado como um avião de passageiros, mas após a produção de apenas 607 variantes civis, foi redirecionado para atuar também como transporte de tropas e cargas militares, onde foi designado como C-47 na força aérea do exército (USAAF, na sigla em inglês) e R4D-8 na marinha (US. Navy). Como modelo militar recebeu algumas mudanças estruturais, incluindo uma ampla porta de cargas. Seu uso em larga escala na II Guerra Mundial foi a chave para o sucesso e a longevidade do modelo.

A produção total do DC-3 inclui apenas 607 unidades, que se somam a aproximadamente 10.074 C-47, mais de cem R4D-8 (alguns forma convertidos de C-47) que foram fabricados nas unidades da Douglas Aircraft em Santa Monica e Long Beach, ambas na Califórnia. Porém, quase metade da produção ocorreu em Oklahoma City, no estado de Oklahoma, onde mais de 5.300 foram fabricados.

Também foram produzidas entre 4.937 e 6.157 unidades sob licença pela GAZ/State Aircraft Plant No. 84 na União Soviética até 1950, conhecidas como Lisunov Li-2, com o nome de relatório da OTAN como "Cab". Além disso, outros 487 aviões no Japão, onde foram designados como L2D, sendo 71 unidades montadas pela Nakajima e os demais pela Showa Aircraft.

O total de aviões derivados do DC-3 é incerto, com pouca confiabilidade nos dados soviéticos e sofrendo algumas pequenas variações, conforme a fonte, no total produzido nos Estados Unidos.

Por Micael Rocha, colaborou Edmundo Ubiratan
Publicado em 04/10/2024, às 18h00


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