Conglomerado acumula dívidas de até US$ 10 bilhões e anuncia fim da Avianca Peru
Avianca acumula dívidas que podem chegar aos US$ 10 bilhões e crise se agrava com pandemia global
A colombiana Avianca Holdings, a segunda maior companhia aérea da América do Sul, anunciou que ingressou com um pedido de concordata (Chapter 11) e deverá liquidar as operações da Avianca Peru.
A medida ocorreu após o vencimento de US$ 65 milhões de dívidas no domingo (10), pressionando ainda mais o já limitado caixa da empresa. O grupo Avianca já havia pedido um socorro financeiro ao governo da Colômbia, mas não obteve sucesso, ao mesmo tempo que sua dívida nos Estados Unidos pode chegar a US$ 10 bilhões.
A agência norte-americana de analise de risco S&P rebaixou a nota da Avianca para CCC-, significa risco substancial de inadimplência. Além disso, em nota aos funcionários, o presidente e CEO da Avianca, Anko van der Werff, comunicou o fim das operações da Avianca Peru, após o agravamento da crise interna. O Avianca está sem voar desde março, por conta da pandemia do novo coronavírus, ampliando a dramática situação de todas as empresas do grupo.
"A Avianca está enfrentando a crise mais desafiadora em seus cem anos de história", afirmou ainda o van der Werff. Analistas acreditam que caso a recuperação não for aprovada pelas autoridades e credores, a Avianca poderá ser a primeira grande empresa aérea no mundo a falir após a crise da COVID-19.
A Avianca Holding não tem ligação direta com a extinta Avianca Brasil, que utilizava o nome fantasia após pagamento de royalties para a coirmã colombiana. Ainda assim, ambas empresas pertencem aos irmãos Germán e José Efromovich, que acumulam dívidas em diversos países. Recentemente a United Airlines, importante acionista do grupo, realizou novos aportes financeiros na empresa, mas a paralisação completa dos voos levou a situação se tornar extremamente difícil para uma recuperação completa.
Em maio do ano passado, Germán Efromovich foi afastado do controle da Avianca Holding pela United, gerando uma conturbada situação administrativa. A companhia norte-americana afirmou que o empresário havia dado parte de suas ações como garantia para um empréstimo de US$ 450 milhões, realizado em maio de 2018. Com a incapacidade de honrar a dívida, a United ganhou o direito de voto dos papéis de Efromovich no conselho de administração e decidiu afastá-lo do controle da empresa.
Todavia, foi após um resgate milionário feito pelos irmãos Efromovich, no início dos anos 2000, que a Avianca iniciou uma rápida expansão, adquirindo diversas empresas latino americanas, ampliando e renovando a frota, além de se tornar o segundo maior grupo de aviação comercial na América do Sul. O crescimento agressivo, incluindo a manutenção de pedidos após a crise de 2008, levou o grupo acumular diversas dívidas na última década.
No Brasil os Efomovich enfrentam diversos processos por empresas que faliram recentemente, como os já estaleiros Mauá e Eisa, além da Avianca Brasil (Ocean Air). Pouco antes da crise da COVID-19 a dupla cogitou investir na Alitalia, mas o processo possivelmente foi cancelado.
Abaixo comunicado interno emitido pelo presidente e CEO da Avianca, Anko van der Werff. Atenção: Conteúdo em espanhol
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 11/05/2020, às 09h34 - Atualizado às 09h42
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