Com o quarto maior mercado doméstico do mundo, país deve incorporar 700 aviões de mais de 100 lugares nas próximas duas décadas, segundo projeção da Airbus
O tráfego aéreo mundial dobrou a cada 15 anos nas três últimas décadas e deve manter essa taxa de expansão até 2025. A projeção é do Global Market Forecast (GMF) 2011-2030, análise produzida pela Airbus. Pelo documento, o crescimento anual de fluxo nos aeroportos será de quase 5%, o que significa um volume de mais de 12 trilhões de passageiros por quilômetros pagos (RPK) durante o ano de 2030. Boa parte desse crescimento, revela o estudo, virá das chamadas economias emergentes, que devem quase triplicar sua participação como origem ou destino no total de voos domésticos e internacionais nesses 20 anos - respondendo por cerca de 70% do volume de passageiros. Nesse contexto, o mercado brasileiro exerce um papel cada vez mais relevante. "O Brasil receberá 700 novos aviões de mais de 100 lugares entre hoje e 2030, um negócios de mais de 80 bilhões de dólares, e será o quarto maior mercado doméstico do mundo, atrás de Estados Unidos, China e Índia, com 1,8% do volume global de passageiros", estima Rafael Alonso, vice-presidente executivo da Airbus para a América Latina e Caribe.
O Brasil puxa o crescimento da América Latina, que deve incorporar à sua frota mais de 2.000 aeronaves de mais de 100 assentos, segundo a Airbus. Serão 1.653 aviões de corredor único, 334 de corredor duplo e 41 de grande porte, o que movimentará cerca de US$ 200 bilhões. Atualmente, o país já é o quarto maior mercado mundial em oferta de assentos e responde pelo maior e mais rápido crescimento latino-americano. De 2000 a 2011, a quantidade de lugares oferecidos no Brasil teve um aumento de mais de 87%, chegando a quase 12 milhões de poltronas. Não por acaso, São Paulo e Rio de Janeiro operam um quarto do tráfego intercontinental da região.
O PIB brasileiro, que cresceu mais de 200% na última década e deve subir pelo menos 140% até 2030, é apontado pela Airbus como o principal responsável pela expansão do tráfego aéreo do país. "A emergência de uma nova classe média trouxe novos passageiros para o transporte aéreo e o Brasil tem uma participação decisiva nesse processo", avalia Alonso, que integrou a edição deste ano do Fórum ALTA no Rio de Janeiro (leia mais na matéria da p. 54). "Outro aspecto relevante é a idade da frota. A idade média dos aviões do Brasil é inferior a oito anos, menor do que a mundial".
Rafael Alonso vê com bons olhos as consolidações na América Latina, como a de Avianca-Taca e TAM-LAN. Também considera o mercado de longo curso uma boa oportunidade para as companhias aéreas brasileiras expandirem seus negócios frente à pressão das estrangeiras. "Hoje, as companhias têm uma gestão mais profissional, com participação de acionistas na condução dos negócios. Isso favorece o crescimento", avalia o executivo.
Rafael Alonso, da Airbus: média de idade da frota brasileira é inferior a 8 anos |
Duelo com a Boeing
No âmbito global, a Airbus comemora uma estatística histórica. Depois de mais de uma década de paridade na participação de pedidos, o fabricante francês inverte a posição com seu principal concorrente, a Boeing. Em 1995, a Boeing respondia por 81% dos pedidos enquanto a Airbus detinha 19%. Em outubro último, a Airbus chegou a 72% dos pedidos contra 28% da Boeing. "A Airbus tem hoje mais de 4.200 aeronaves para serem entregues no valor de 542 bilhões de dólares", informa Alonso.
Giuliano Agmont
Publicado em 08/12/2011, às 13h57 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45
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