O clássico bombardeiro B-29 'Doc' estará presente no maior show aéreo do mundo, que ocorre em Oshkosh
O B-29 Superfortress, notório por ter lançado as duas bombas atômicas no Japão, e ter sido o mais poderoso bombardeiro da Segunda Guerra Mundial, deverá estar novamente presente no maior show aéreo do mundo.
O Doc, um dos dois últimos Boeing B-29 em condições de voo, vai participar do EAA AirVenture 2022, que ocorrerá na última semana deste mês em Oshkosh, nos Estados Unidos. O lendário bombardeiro dará apresentações aéreas e estará disponível para visita estática.
A presença do Doc tem um simbolismo especial, já que em Oshkosh haverá a celebração dos 75 anos da Força Aérea dos Estados Unidos (Usaf, na sigla em inglês). Curiosamente, o B-29 teve uma curta carreira na Usaf, que teve toda sua participação na guerra sob comando da força aérea do exército dos EUA (Usaaf – note o segundo “A”, referente a Army). A USaf foi criada em 1947, dois anos após o final do conflito, sendo assim, mais nova que a FAB, criada em 1941.
O B-29, número de série 44-69972, hoje conhecido como Doc, apelido em alusão a um dos sete anões, chamado em português de Mestre, não entrou em combate na Segunda Guerra Mundial. Embora tenha sido entregue em março de 1945, pela unidade da Boeing em Wichita, para o exército, o conflito já se aproximava do fim.
Em julho de 1951 o avião ganhou uma nova função, passando a voar no auxílio a calibração de radares, no esquadrão Sete Anões. Quatro anos depois, passou a servir como reboque de alvos aéreos, até em 1956 ser retirado de serviço. Na sequência todo o esquadrão Sete Anões foi enviado para a California, onde serviriam como alvos aéreos, em especial para o treinamento da Marinha dos Estados Unidos.
Ao longo de 42 anos o Doc escapou ileso dos treinamentos, embora tivesse sido parcialmente desmontado. Em 1987, Tony Mazzolini constatou o bom estado geral do avião, solicitando autorização para remover o bombardeiro e iniciar uma restauração, visando reestabelecer suas condições de voo.
Um longo processo foi iniciado junto ao governo dos Estados Unidos, que apenas em 1998, doze anos após o início da solicitação, autorizou o veterano Doc deixar o lugar que ocupou por mais de quatro décadas no China Lake, a zona de treinamento da marinha. Ainda assim, apenas em 2000 o avião retornou para a cidade de Wichita, para um longo processo de restauro que durou 13 anos.
Apenas em julho de 2016 as autoridades dos Estados Unidos concederam o certificado de aeronavegabilidade do Doc, que retornou aos céus em shows aéreos. Curiosamente, mesmo sendo um avião com 77 anos de idade, ele voou por apenas 15 anos, incluindo os últimos seis após o restauro.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 08/07/2022, às 18h01
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