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Atendimento ao aviador precisa melhorar

Faltam credenciados para realizar exames médicos e cheque ou recheque de voo deveria ser feito em simuladores


Paulo Mercadante

Entre as reclamações mais recorrentes de aeronautas estão o exame médico e o cheque de voo. A avaliação de saúde de pilotos e comissários é um serviço ruim, não pela qualidade do exame em si, mas pela forma como é executado. Em primeiro lugar, pela localização das unidades médicas: nos hospitais da Força Aérea Brasileira - um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro - e das bases aéreas militares, em alguns estados. Acredito que esse serviço não esteja disponível em mais de uma dúzia de unidades médicas da FAB. Podemos imaginar os sacrifícios impostos aos pilotos e comissários de todas as cidades, de um território de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, que são obrigados a revalidar os seus CCFs (Certificado de Capacidade Física) a cada dois anos, um ano ou seis meses, dependendo do caso e da idade do usuário.

Mesmo com o credenciamento de médicos para fazer o exame de pilotos desportivos ou privados, o serviço é absolutamente deficiente e ultrapassado. Os Estados Unidos, por exemplo, contam com dois ou três mil médicos credenciados. Fiz revalidações várias vezes naquele país. Enquanto o médico faz a entrevista, o próprio consultório analisa o sangue e a urina e, se não houver problemas, revalida o certificado. Exames mais complexos, apenas em casos de suspeita.

Outra tortura chinesa é o cheque ou recheque de voo - embora o problema não seja exclusividade nossa. Com o avanço do Flight Simulator, será que não está na hora de repensarmos algo mais moderno e eficiente para avaliar um piloto? Os fabricantes produzem simuladores de monomotores e bimotores a pistão, turbo-hélices e jatos executivos, para não falar nos simuladores de grande porte, que poderiam abolir o cheque em voo.

Assisti à avaliação de alunos de uma escola em Fort Lauderdale, na Flórida, por um inspetor da FAA americano, realizada completamente de forma teórica. Ele me disse que o voo era opcional, desde que o aluno respondesse às questões com desenvoltura. Se houvesse qualquer dúvida, só então exigia o voo de avaliação. Simples assim. Será que não é chegada a hora de pensarmos diferente? E economizarmos tempo, dinheiro e equipamento, além de paciência e saúde do usuário.

Assisti à avaliação de alunos de uma escola nos EUA em que o voo era opcional

A verdade é que as pessoas estão tendo problemas neurológicos, pressão arterial, distúrbios comportamentais e outros provocados pelo estresse somente pelo fato de estarem às voltas com uma revalidação médica ou técnica. Vamos fazer uma campanha em favor da saúde e proficiência do aeronauta: implantar médicos credenciados em suas cidades e abolir o cheque de voo por uma avaliação em simulador. Dessa forma, com certeza os índices de acidentes irão cair e o consumo de calmantes e medicamentos contra a hipertensão também irão baixar muito.

Décio Corrêa
Publicado em 06/12/2011, às 10h11 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45


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