Eventual mudança nos prazos para certificação do Boeing 737 MAX é vista como incorreta por associação de pilotos que deseja manter a atual regras
A associação de pilotos da American Airlines (APA, na sigla em inglês) publicou uma nota afirmando ser contra qualquer mudança nas regras para permitir a certificação dos Boeing 737 MAX 7 e 737 MAX 10 após o dia 31 de dezembro deste ano.
“Nós nos opomos a qualquer extensão da isenção e não concordamos com a alegação da Boeing de que os pilotos podem ficar confusos ao passar de um avião sem o moderno sistema de alerta para um equipado com ele”, afirmou Edward Sicher, presidente da APA, em nota oficial.
Recentemente a Boeing passou a trabalhar com as autoridades, em especial com o Congresso dos Estados Unidos, para flexibilizar os prazos, permitindo assim a conclusão do processo de certificação dos dois aviões em meados de 2023.
Caso a regra atual seja mantida, a partir de 1º de janeiro qualquer avião certificado deverá contar com sistemas de alerta de cabine (EICAS, na sigla em inglês) e que não existe em nenhum modelo da família 737.
Um dos argumentos para não instalar o sistema nos 737 MAX 7 e MAX 10 é a exigência de um treinamento adicional para pilotos. Isso segregaria as tripulações da família 737 MAX em duas, os habilitados para os aviões já certificados e sem EICAS e os com carteira para os dois modelos finais, já com o sistema instalado. A Boeing ainda argumenta que ter parte da frota com e sem o EICAS poderia ser prejudicial e confundir os pilotos.
“Nada poderia estar mais longe de nossa realidade no cockpit. Considere o Boeing 757 e o Boeing 767 – são aviões substancialmente diferentes, mas operam sob um único certificado.
Os pilotos voaram rotineiramente ambos no mesmo dia sem qualquer confusão”, afirmou Sicher.
O sistema de alerta de cabine é realidade na maioria dos projetos há várias décadas, mas ao manter a certificação básica para todas as versões do 737 a Boeing não foi obrigada a instalar o EICAS.
“Uma vez que esses sistemas estejam instalados e os pilotos tenham sido devidamente treinados neles, nossas equipes estarão mais aptas a identificar falhas no sistema e priorizar ações corretivas que podem salvar vidas”, destacou Sicher.
Do lado legal, entre os entraves da instalação do EICAS é exigir uma complexa revisão do projeto dos MAX 7 e MAX 10, além de estender o cronograma de certificação para depois de 2024.
A APA afirma que a instalação do sistema de alerta poderá ajudar a Boeing a reestabelecer sua confiança com o público, além de proteger os empregos de milhares de funcionários.
A Allied Pilots Association (APA), representando os 15.000 pilotos da American Airlines, expressou sua forte oposição a qualquer extensão da isenção de equipamentos para o Boeing 737-7 MAX e o Boeing 737-10 MAX.
A isenção termina em dezembro.
“A Boeing precisa continuar com a instalação de sistemas modernos de alerta de tripulação nessas aeronaves para mitigar o efeito de sobressalto e confusão do piloto durante avarias complexas do sistema”, disse o presidente da APA, Capt. Edward Sicher. “Uma vez que esses sistemas estejam instalados e os pilotos tenham sido devidamente treinados neles, nossas equipes estarão mais aptas a identificar falhas no sistema e priorizar ações corretivas que podem salvar vidas”.
Sicher observou que os pilotos da American Airlines voam mais de 300 B-737 da companhia aérea.
“Nós nos opomos a qualquer extensão da isenção e não concordamos com a alegação da Boeing de que os pilotos podem ficar confusos ao passar de um avião sem o moderno sistema de alerta para um equipado com ele. Nada poderia estar mais longe de nossa realidade no cockpit”, disse o capitão Sicher. “Considere o Boeing 757 e o Boeing 767, são aviões substancialmente diferentes, mas operam sob um único certificado. Os pilotos voaram rotineiramente ambos no mesmo dia sem qualquer confusão".
“Os pilotos devem ter as ferramentas de que precisamos para manter nossos passageiros seguros. Ao equipar essas aeronaves com modernos sistemas de alerta de tripulação, a Boeing pode manter uma forte carteira de pedidos, o que, por sua vez, protegerá os empregos de milhares de homens e mulheres trabalhadores que constroem os aviões. Fazer isso também ajudará a Boeing a continuar reconstruindo a confiança do público.”
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 06/10/2022, às 14h58
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