Rival da família de jatos brasileiros E-Jet E2 da Embraer, o A220 dispara na liderança global e mira nas empresas da América do Sul
O AERO Magazine participou do tour que o Airbus A220-300 está fazendo pela América do Sul, desde o último dia 5 de abril. A aeronave de registro (HB-JCU) está em operação pela Swiss International Air Lines desde maio de 2021. Ela tem capacidade para receber até 145 passageiros em uma única classe em layout de duas e três fileiras.
Ela ficou em exposição até o último domingo (10) na Feira Internacional do Ar e Espaço (Fidae), em Santiago, no Chile. Em seguida, o avião partiu para o aeroporto de Congonhas (CGH), em São Paulo, onde foi apresentada na manhã desta terça-feira (12).
Em uma entrevista exclusiva com o Diretor de Marketing de Interiores de Aeronaves da Airbus, Pierre-Antoine Senes, conhecemos todos os detalhes das amenidades que esta aeronave oferece aos passageiros. “Esta aeronave foi projetada do zero e queríamos obter espaços amplos, fuselagem larga e assentos amplos”, de acordo com Senes. "As laterais da aeronave são bem verticais, o que evita o atrito com os ombros e as pernas dos passageiros, proporcionando mais conforto."
A cabine de passageiros do Airbus A220 é uma das maiores e foi apelidada de "Baby A350" justamente por ter uma cabine ampla em relação aos aviões de até 150 lugares. As fileiras contam com cinco assentos (2+3), o que permite o uso de poltronas mais largas, sem punir o corredor central. As laterais da aeronave são quase verticais e aumentam o espaço dos assentos localizados nas janelas.
No que diz respeito às janelas, esta aeronave é a que possui o maior número de janelas em seu segmento, com uma janela a cada 53 cm. Seu maior concorrente direto, os E-Jets da Embraer, tem uma janela a cada 79 cm. Na teoria o modelo da Airbus pode garantir que todas as fileiras de assentos tenham uma janela atribuída. Porém, dependendo da configuração adotada pela empresa aérea algumas alterações podem ocorrer. O projeto previu o maior número de janelas para obter uma maior entrada de luz natural, o que gera menor uso de energia elétrica.
Na cabine apresentada no demo tour, na configuracão da Swiss, a largura máxima era de 47 cm, mas a Airbus oferece um assento de até 48,26 cm. Cada companhia aérea escolhe o design de seu interior e os assentos a serem usados. A Swiss escolheu os assentos ZIM, empresa alemã que fornece interiores para diferentes companhias aéreas e fabricantes, ao contrário da Delta Air Lines, que possui assentos com telas integradas para entretenimento a bordo. Atualmente são três fornecedores de assentos, incluindo a Collins Aerospace e a Safran.
Os compartimentos de bagagem do A220 são mais espaçosos que a média das aeronaves entre 100 e 150 lugares, parte obtido pelo desenho adotado, o que permite maior conforto para os passageiros. Um ponto interessante foi a preocupação dos engenheiros com a ergonomia a bordo, com a altura dos bagageiros internos mais baixo quando abertos, permitindo assim o melhor manejo das malas a bordo. Outro ponto é que seu uso facilitado oferece um procedimento mais ágil de embarque e desembaque, reduzindo assim o tempo total que o avião passa no solo entre os voos. Os compartimentos de bagagem (bins) do lado direito são maiores que os do esquerdo, que podem acomodar quatro malas grandes e uma pequena, a proporção de bagagem é de uma mala por pessoa.
Outra grande comodidade do A220 é que ele traz a possibilidade de colocar três lavatórios, como é o caso da Swiss, com a possibilidade de um dos banheiros ser acessado pelos cadeirantes. Ao assumir o programa CSeries a Airbus ofereceu algumas melhorias na configuração das galleys e lavatórios, com opção de nos arranjos similares ao existente na família A320, onde a galey traseira é reduzida e oferece espaço para um toalete adicional.
A cabine do A220 se tornou bastante flexível com a gerencia da Airbus sob o projeto, inspirado no conceito Space Flex do A320, onde é possível retirar um banheiro e acrescentar uma fileira de assentos e também retirar uma galley e colocar o segundo banheiro na parte traseira da aeronave, dependendo do critério da companhia aérea.
O Airbus A220 é o projeto mais recente da Airbus, mas é o único que não faz parte de sua família de aviões comerciais. Desenvolvido pela canadense Bombardier como CSeries 100 e CSeries 300, o avião foi lançado em 2007 e fez seu primeiro voo em 2013. Com alguns atrasos no projeto, em especial relacionados aos motores, a primeira entrega ocorreu apenas em julho de 2015 e entrando em serviço justamente com a companhia aérea suíça. Em outubro de 2017, a Airbus comprou 50,01% do projeto, relançando o programa como A220 em julho do ano seguinte. Mais recentemente a Airbus assumiu a maior parte do programa, que foi completamente desvinculado da Bombardier, que ficou concentrada apenas na aviacão executiva.
O A220 é um avião da categoria crossover, ou seja, não é um avião regional e não é um modelo de média capacidade, ficando entre os dois. Assim, oferece capacidade de voar rotas curtas de 25 minutos, como a operada pela Swiss entre Zurique (ZRH), na Suíça e Stuttgart (STR), na Alemanha, assim como rotas de médio alcance, como os voos costa a costa nos Estados Unidos.
O teto máximo de cruzeiro é de 41.000 pés e a autonomia máxima supera as cinco horas de voo.
O Airbus A220-300 é certificado para transportar até 149 passageiros e está em processo de certificação para transportar até 160 passageiros em configuração de alta densidade, o que o colocaria no mesmo segmento do Boeing 737-700 e Airbus A319.
O A220 foi o primeiro avião a contar com os motores são o Pratt & Whitney PW1500G, que contam com uma caixa de redução, oferecendo a capacidade do fan e da turbina trabalharem em velocidades próximas do ideal, reduzindo assim o ruído e o consumo. O motor se tornou padrão entre os modelos remotorizados, sendo umas das opções para a família A320neo e o padrão nos Embraer E-Jet E2.
Até o momento, foram recebidos mais de 700 pedidos para o A220, sendo que mais de 200 já foram entregues. Seu concorrente direto, o E-Jet E2 (E190-E2 e E195-E2) conta com pouco mais de 200 pedidos.
Atualmente existem duas linhas de produção para a família A220, uma em Mirabel, próximo da cidade de Montreal, no Canadá, e outra em Mobile, nos Estados Unidos, permitindo uma taxa de produção de cinco aeronaves por mês entre as duas fábricas.
Em todo o mundo, o Airbus A220 opera em 16 companhias aéreas, além de um operador executivo dos Emirados Árabes Unidos utiliza um ACJ Two Twenty. Por ora, a norte-americana Delta Air Lines é o maior cliente da aeronave, com um total de 55 unidades em serviço, seguida pela AirBaltic, que voa com 33 aviões.
Martín Romero e Marcel Cardoso
Publicado em 12/04/2022, às 07h55 - Atualizado às 12h40
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