Empresa ressalta que investir em defesa é política de desenvolvimento, não despesa, e cita o Projeto Atobá como exemplo da capacidade nacional
O Brasil corre o risco de permanecer dependente de tecnologias estrangeiras caso não consolide uma indústria de defesa soberana. Esse foi o alerta da Stella Tecnologia durante audiência no Senado que prevê orçamento mínimo para o setor, colocando em debate não apenas recursos, mas a autonomia estratégica do país.
A audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), realizada em 9 de setembro no Senado Federal, discutiu a PEC 55/2023, que estabelece um orçamento mínimo de 2% do PIB para a área de defesa, visando reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras.
Segundo dados apresentados durante o debate, o setor de defesa já representa 4,78% do PIB brasileiro, gerando mais de 2,9 milhões de empregos e retorno de R$ 9,80 para cada R$ 1 investido. Para a Stella, porém, a questão vai além dos números: soberania tecnológica é um fator central para o desenvolvimento econômico, a geração de empregos qualificados e a manutenção da autonomia estratégica nacional.
“O Brasil precisa deixar de trocar suas pepitas de ouro por miçangas. Nossos jovens talentos e nossa soberania são o ouro; as tecnologias importadas, que poderíamos desenvolver aqui, são as miçangas. Sem indústria de defesa soberana, continuaremos dependentes, frágeis e condenados a importar aquilo que temos plena capacidade de produzir”, afirmou o presidente da Stella Tecnologia, Gilberto Buffara Jr.
O executivo destacou que previsibilidade orçamentária é essencial para investimentos em pesquisa, manutenção de cadeias produtivas e capacitação de mão de obra. Como exemplo da capacidade brasileira, a Stella citou o Projeto Atobá, maior drone do hemisfério sul, com peso máximo de decolagem superior a 700 quilos, envergadura de 11 metros e autonomia de voo de até 24 horas. Desenvolvido com recursos limitados, o sistema comprova a viabilidade de criação de plataformas estratégicas no país.
Outro ponto ressaltado foi a parceria com a Aeroconcepts, fabricante nacional de motores aeronáuticos, considerada um caso concreto de como a indústria local já possui condições de integrar sistemas críticos e estratégicos. Para a Stella, iniciativas como essa reforçam a necessidade de políticas que consolidem o setor de defesa como motor de desenvolvimento.
A empresa também argumentou que investir em defesa não deve ser visto como despesa, mas como política pública de impacto econômico. Dados mostram que o setor fortalece universidades e centros de pesquisa, reduz a evasão de talentos para o exterior e contribui para segmentos estratégicos como o agronegócio, responsável por quase 27% do PIB nacional.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 11/09/2025, às 15h00
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