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Japoneses enfim terão um avião comercial

Por US$ 550 milhões a Mitsubishi adquire programa de aviação regional da Bombardier

Venda representa saída completa do fabricante canadense da aviação comercial


Mitsubishi adquire programa CRJ da Bombardier

Sob o acordo, anunciado hoje, o fabricante japonês adquirirá atividades de manutenção, suporte, atualização, marketing e vendas para as aeronaves da série CRJ, incluindo também atividades de rede de serviços e suporte localizadas em Montreal e Toronto, bem como em Bridgeport, West Virginia e Tucson, Arizona. A Mitsubishi também assumirá obrigações no valor de aproximadamente US$ 200 milhões.

O acordo, adiantado por AERO Magazine, prevê que a Bombardier manterá a instalação de produção da CRJ em Mirabel, Québec, e deverá continuar a fornecer componentes e peças sobressalentes e construir aeronaves CRJ a partir da carteira de pedidos atual em nome da Mitsubishi. De acordo com a fabricante canadense, a produção de CRJ deverá ser concluída no segundo semestre de 2020, após a entrega do atual acúmulo de aeronaves.

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Com a venda do programa CRJ a Bombardier deverá se retirar completamente do segmento de aviação comercial. Após uma reestruturação completa de sua divisão aeronáutica, o fabricante canadense passou a focar seus esforços na aviação de negócios, vendendo em junho de 2018, sua participação no programa CSeries para a Airbus, que desde então renomeou a aeronave como A220. Em seguida a Viking Air, que já havia adquirido o programa de aviões anfíbios da Bombardier em 2016, assumiu o programa Q400, por US$ 300 milhões.

FIM DE UMA ERA

As aeronaves CRJ protagonizaram um importante papel na história da Bombardier, se tornando um dos principais modelos destinados a aviação regional, conquistando grande parte do cobiçado mercado dos Estados Unidos. A origem do projeto remota a aviação de negócios, o projeto iniciado por Bill Lear, pai do Learjet, foi negociado com a então Canadair nos anos 1970 dando início ao programa Challenger 600. A boa capacidade do super médio na aviação de negócios o tornou o modelo base do CRJ100, desenvolvido no final dos anos 1980 e que voou pela primeira vez em 1991. Já sob controle da Bombardier, o projeto evolui para uma família, composta inicialmente por dois modelos e posteriormente chegando a cinco tipos.
Foi com o CRJ que a Bombardier iniciou uma acirrada disputa comercial e jurídica com a Embraer, com acusações mutuas de favorecimento ilegal por parte de seus governos. O embate que chamou atenção de muitos nos anos 1990 chegou a parar na Organização Mundial do Comércio.

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Outro caso recente envolve justamente a Mitsubishi, que em outubro de 2018, passou a ser processada pela Bombardier, que acusou a rival japonesa de obter ilegalmente documentos secretos do programa CSeries, em especial dados de certificação. O material foi deliberadamente subtraído da Bombardier por ex-funcionários recém contratados pela Mitsubishi. O fabricante japonês contra-atacou com sua própria ação legal acusando seu concorrente canadense de querer atrasar ou mesmo impedir o desenvolvimento e a certificação de sua aeronave regional, o MRJ.

Com a compra do programa CRJ a Mitsubishi Aircraft enfim terá seu primeiro avião, podendo dar novo folego ao projeto MRJ, recém rebatizado como SPaceJet e que acumula mais de uma década de atrasos.

Colaborou Edmundo Ubiratan

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Por Santiago Oliver | Imagens: Divulgação
Publicado em 25/06/2019, às 15h00 - Atualizado às 16h08


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