Mitsubishi espera reduzir peso do Space Jet para disputar o cobiçado mercado norte-americano
A Mitsubishi após rebatizar como SpaceJet o seu primeiro avião comercial, passou a trabalhar na readequação do projeto para atender as scope clauses norte-americanas. O anterior MRJ70, agora designado como M100, deverá reduzir seu peso máximo para 86.000 libras, limite das regras da aviação regional dos Estados Unidos para aeronaves de até 76 assentos.
A expectativa é que o primeiro M100 seja certificado em 2023, mas o modelo só poderá ser comercializado no principal mercado de aviação regional do mundo caso se enquadre também no peso máximo. Segundo a Mitsubishi, serão realizadas mudanças estruturais, incluindo adição de novos materiais compostos e ligas metálicas avançadas.
Recentemente os engenheiros reduziram o volume de carga útil do M100, visando ganhar espaço, mas o fabricante garante que ainda assim sua capacidade de carga é superior a qualquer concorrente, em especial o Embraer 175.
Durante o Paris Air Show, a Mitsubishi não confirmou se aplicará mudanças de projeto no MRJ90, o maior avião da família e que está em fase avançada no processo de certificação. Uma apresentação apenas deu pistas que o modelo poderá ser rebatizado como M200, mas sem apontar alterações no modelo ou na estratégia de mercado.
Durante o evento a fabricante assinou um Memorando de Entendimento com uma empresa aérea dos Estados Unidos, sem revelar o nome, para até quinze SpaceJet M100. A Mitsubishi acredita que o modelo poderá obter grande sucesso ao ingressar no mercado quando a maior parte da frota de aviação regional norte-americana terá mais de 20 anos de serviço. Considerado um mercado sensível a custos, a empresas regionais devem buscar uma renovação da frota, optando por aeronaves que ofereçam ao menos dois dígitos de economia de combustível.
Em desenvolvimento desde meados de 2007, a família MRJ sofreu constantes atrasos e assistiu a diversas mudanças no mercado de aviação regional. O mercado acredita que a Mitsubishi poderá adquirir o programa CRJ, da Bombardier, ampliando o negócio de aviação comercial do fabricante japonês.
Uma década atrás o MRJ despontava como o mais novo projeto de aviação regional, estando a frente da família E-Jet, da Embraer, e bastante adiantado em relação ao programa CSeries, que ainda pertencia a Bombardier e enfrentava uma série de contratempos. Atualmente, a Embraer lançou e iniciou as entregas da segunda geração do E-Jet, agora parte da Boeing, e o CSeries foi negociado com a Airbus. Sob controle do fabricante europeu, o CSeries, atual A220, se tornou um dos principais aviões regionais do mundo, acumulando uma série de novos pedidos nos últimos 12 meses. “Temos muitas iniciativas em andamento, mas nosso foco não mudou. O MRJ90 é a base da nossa empresa e continua sendo nossa prioridade número um”, afirmou a Mitsubishi Aircraft em nota. “Estamos fazendo um progresso constante em direção à certificação de tipo e continuamos no caminho para a primeira entrega em meados de 2020”.
Mitsubishi ainda enfrenta uma ação da Bombardier, sob acusação de roubo de dados industriais referentes ao CSeries. Em Paris o fabricante japonês afirmou que busca novas parcerias para otimizar e aperfeiçoar o M100, incluindo fornecedores de componentes e materiais.
Por Edmundo Ubiratan | Fotos: Divulgação
Publicado em 21/06/2019, às 14h00 - Atualizado às 16h07
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