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Paquistão planeja utilizar o Embraer Lineage 1000 para patrulha marítima

Jato de negócios de grande porte brasileiro poderá ser convertido em aeronave militar


Conversão do Lineage 1000 para aeronave de patrulha marítima depende de uma série de processos

A marinha do Paquistão poderá utilizar Embraer Lineage 1000 em missões de patrulha marítima, substituindo assim os veteranos Lockheed P-3C Orion. O programa de modernização das capacidades paquistanesas prevê a conversão de até dez aeronaves comerciais para uso da Marinha.

De acordo com o portal Defense News, a marinha do Paquistão já encomendou o primeiro Lineage 1000 que será convertido no “Sea Sultan”, uma suporta versão de patrulha marítima derivada do jato de negócios de cabine larga do fabricante brasileiro.

Porém, não existe formalmente nenhum programa de conversão do Lineage 1000 em uma aeronave dedicada a missões que atendam aos requisitos cumpridos pelo P-3 Orion. O veterano turbo-hélice derivado do lendário L-188 Electra, foi desenvolvido na década de 1960 como uma aeronave dedicada a patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW, na sigla em inglês). Nos últimos anos a Boeing lançou o P-8 Poseidon, baseado no 737-800 e dedicado a substituir a frota de Orion da marinha norte-americana e aliados da Casa Branca.

O desenvolvimento de uma aeronave de patrulha marítima exige uma série de mudanças estruturais, incluindo a capacidade de lançamento de sonoboias, cargas de profundidade e mísseis antinavio. Além disso, uma série de sistemas e sensores especiais devem ser agregados no avião, dependendo de um projeto especifico, visto que além de alterar a configuração interna, envolve a capacitação de fornecimento de energia para consoles, radares, comunicação, entre outros.

Um dos desafios é atender a elevada demanda energética, assim como o calor gerado pelos sistemas e a mudança no perfil do centro de gravidade. Outra questão é a mudança estrutural nas asas, para o caso do emprego de mísseis antinavios. Tal tarefa necessita de cuidados especiais de projeto, visto que além da aeronave ser convertida para poder comportar equipamentos de vigilância e transporte de armas, existente diversos riscos durante o processo da conversão. Atualmente não existe nenhum projeto de conversão dos Lineage 1000, a versão de transporte VIP, dos Embraer 190.

Apesar de não ser inédito o uso de aeronaves turbofan para patrulhamento marítimo, como no caso do P-8 Poseidon, o novo perfil de voo exige uma reengenharia da performance do avião. Muitas vezes os voos são conduzidos a baixa altitude, em regimes de elevado consumo de combustível e tração dos motores.

Uma conversão de grande magnitude, como de um avião de patrulha, dependerá da participação, mesmo que indireta, do fabricante brasileiro. Ainda é necessário obter autorizações especiais do governo dos Estados Unidos, que possui poder de veto já que o Lineage 1000, assim como muitas aeronaves, utilizam sistemas norte-americanos.

Por Gabriel Benevides
Publicado em 28/10/2020, às 09h00 - Atualizado às 09h51


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