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Compósitos termoplásticos

Novos aviões comerciais deverão ter fuselagem de plástico

Projeto europeu desenvolve fuselagens leves com compósitos termoplásticos para futuros aviões comerciais


Projeto criado por consórcio europeu busca novas tecnologias para reduzir o peso dos aviões e facilitar processo de reciclagem - Airbus
Projeto criado por consórcio europeu busca novas tecnologias para reduzir o peso dos aviões e facilitar processo de reciclagem - Airbus

A fuselagem é uma das estruturas mais importantes, críticas e pesadas de uma aeronave. Ela transporta passageiros, carga e tripulantes e agrega componentes instalados, como sistemas elétricos, mecânicos, pneumáticos e hidráulicos, além de integrar asas e estabilizadores.

Sua produção é complexa, onerosa e demanda tempo significativo de montagem. Assim, uma fuselagem mais leve e fácil de produzir ajuda a compensar essas penalidades.

Há alguns anos, o projeto Clean Sky 2, uma parceria público-privada apoiada pela União Europeia, definiu como objetivo reduzir emissões de CO2, óxidos de nitrogênio e ruído das aeronaves em até 30%, alinhado ao Acordo Verde Europeu, que busca tornar a UE neutra em carbono até 2050.

Entre as iniciativas, destaca-se o Demonstrador de Fuselagem Multifuncional (MFFD, na sigla em inglês), que avalia termoplásticos como material estrutural. Lançado em 2014, o projeto realizou estudos que demonstram a viabilidade do uso desses polímeros em aeronaves de grande porte. Embora compósitos como fibra de carbono, vidro ou kevlar ofereçam vantagens, seus custos ainda são elevados, e sua produção é complexa.

O MFFD utiliza um compósito termoplástico reforçado com fibra de carbono (CFRTP), moldado em altas temperaturas e solidificado ao esfriar. Sua principal vantagem está no menor custo e tempo de produção, além de reduzir mais de 10% do peso estrutural, dependendo das tecnologias empregadas. Outra inovação é a redução de fixadores, antes necessários nas fuselagens metálicas convencionais.

Segundo a Airbus, o MFFD pode acelerar a produção de aeronaves e melhorar a competitividade da indústria aeroespacial europeia. A empresa é uma das 13 parceiras do consórcio, que inclui Saab, GKN Fokker, o laboratório alemão DLR, a Universidade de Tecnologia de Delft e outros.

Recentemente, uma grande seção de fuselagem preta chamou atenção na Alemanha, marcando o estágio mais avançado do estudo. Durante o desenvolvimento, constatou-se que os compósitos CFRTP são mais fáceis de reutilizar e reciclar que componentes metálicos ou de fibra de carbono, enfrentando um dos grandes desafios do setor: o destino de materiais após a aposentadoria das aeronaves.

O MFFD superou a meta de economia de peso, sem agregar custos adicionais em relação a fuselagens metálicas. Mais de 40 "blocos" tecnológicos foram testados, desde micromecânica até ferramentas e técnicas avançadas de soldagem.

O modelo real do MFFD consiste em dois módulos semicilíndricos: o inferior, pré-equipado com sistemas e cabeamento, e o superior, com sistemas de cabine. A união dessas partes está sendo testada por soldagem ultrassônica ou a laser, criando superfícies aerodinâmicas mais limpas, estruturas mais leves e um ambiente de trabalho mais saudável.

Os resultados indicam que a produção de fuselagens em CFRTP pode alcançar uma cadência de até 100 unidades por mês, similar às entregas previstas para aeronaves de corredor único da Airbus.

“O MFFD é um exemplo fantástico do que pode ser alcançado quando academia, centros de pesquisa e empresas se alinham em torno de um objetivo comum”, afirma York Roth, líder da plataforma de aeronaves de grande porte do Clean Sky 2.

Embora o MFFD não deva voar, ele poderá definir o futuro das famílias de aviões, como o A320neo e o 737 MAX, incorporando inovações em processos de construção, motores e aerodinâmica.

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 22/01/2025, às 14h00


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