Gol, Azul e Latam mantém aviões no chão por falta de peças
As companhias aéreas Gol, Azul e Latam encerraram o terceiro trimestre de 2024 com um total de 60 aeronaves paradas por falta de peças, refletindo desafios na cadeia de suprimentos no pós-pandemia. A situação levou as empresas a operar com aviões mais antigos, aumentando os custos de operação devido ao maior consumo de combustível.
De acordo com um levantamento do jornal Valor Econômico, a Gol é a mais impactada, pois está com 25 aviões fora de operação, o que equivale a 18% de sua frota. A empresa, que enfrenta dificuldades financeiras e reestruturação nos Estados Unidos, registrou prejuízo de R$ 830 milhões no período.
Mesmo sob o Chapter 11, a empresa conseguiu ampliar a frota operacional em cinco unidades em relação ao trimestre anterior.“Apesar dos impactos significativos devido aos atrasos no cronograma da Boeing, a Gol conseguiu aumentar sua frota operacional em cinco aeronaves frente ao segundo trimestre”, explicou a empresa em comunicado.
A Azul conta com vinte aviões parados, principalmente dos modelos E2 e A320neo. O CEO John Rodgerson informou que a normalização do mercado pode levar até dois anos. A companhia, que espera entregas atrasadas da Embraer, registrou receita recorde de R$ 5,129 bilhões no terceiro trimestre, mas enfrenta custos elevados com a operação de aeronaves antigas, além da disparada do dólar.
Na Latam, há quinze aeronaves em manutenção, reportando impactos menores, representando 5% de sua frota narrow-body, ou seja, de corredor único. A empresa encerrou o trimestre com lucro líquido de US$ 301,2 milhões, um aumento de 29,9% em relação ao ano anterior.
Analistas do mercado aeronáutico avaliam que, apesar da crise, as companhias têm equilibrado a oferta de voos e ampliado a utilização das frotas operacionais.
“As aéreas estão conseguindo equilibrar a oferta de voos com novos aviões e maior utilização da frota operacional [a hora de funcionamento do motor dos aviões por dia chegou a cair 20% no pós-pandemia e hoje já se recuperou]”, explicou Alberto Valério, analista dos setores Transporte e Construção do UBS BB, ao Valor.
Por Micael Rocha
Publicado em 19/11/2024, às 10h00
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