Durante teleconferência fabricante divulgou resultados do primeiro trimestre de 2020 e falou de planos futuros
A Embraer se diz aberta a parcerias após desistência da Boeing, mas afirma que é cedo para discutir novas oportunidades conjuntas e que qualquer decisão ocorrerá em uma janela de cinco anos.
Por meio de teleconferência, Francisco Gomes Neto, presidente-executivo da Embraer, afirmou que futuras parcerias estratégicas podem envolver uma série de fabricantes, inclusive da Índia, China, entre outros. Além disso, destacou que este tipo de acordo é amplo o bastante para incluir desde o desenvolvimento de produtos, até processos de engenharia e produção.
Segundo a agência Reuters, duas fontes que teriam afirmado que a chinesa Comac sinalizou o interesse em uma cooperação com a divisão de aviação comercial da Embraer. Além de mais duas fontes terem confirmado o mesmo interesse por parte da russa Irkut. Aliás, a Comac e a Irkut são sócias em um projeto para um avião comercial de fuselagem larga, de longo alcance, designado CR929, que deverá voar nos próximos anos.
Porém, durante a teleconferência a Embraer negou qualquer negociação com fabricantes da China, Rússia ou Índia, assim como qualquer possível acordo para substituir a Boeing.
O fabricante ainda apontou um prejuízo líquido de R$ 1,28 bilhão no primeiro trimestre de 2020, quando em comparação com o mesmo período do ano passado, a Embraer registrou prejuízo de R$ 160,8 milhões. Os resultados do primeiro trimestre de 2020 incluem itens especiais devido aos impactos da Covid-19, como R$ 108,6 milhões em variações negativas no valor da participação da Embraer na Republic Airways Holdings e R$ 163,1 milhões em provisão para devedores duvidosos nas contas a receber.
Por conta do baixo resultado nas entregas da aviação comercial e executiva, causado pela pandemia do novo coronavírus, as vendas da Embraer no primeiro trimestre caíram 23%, causando um maior impacto na aviação comercial. Já os segmentos da aviação de negócios e a divisão militar se mostraram mais resiliente desde o início da crise da Covid-19.
Diante deste cenário, a empresa negocia junto ao BNDES e bancos privados, um financiamento de R$ 3,3 bilhões, esperando receber parte destes valores ainda este mês. O montante será destinados a atender à demanda de jatos comerciais e executivos para os próximos meses.
Mesmo com o surto, Antonio Carlos Garcia, vice-presidente financeiro e de Relações com Investidores da Embraer, confirmou que não houve cancelamento de pedidos apesar das incertezas do mercado, mantendo a companhia com posição de dívida confortável. O executivo também vê com bastante otimismo a retomada da atividade em mercados importantes como os Estados Unidos e Europa, com uma maior demanda de voos compartilhados, o que poderá ser uma boa oportunidade para a aviação executiva.
Por Gabriel Benevides
Publicado em 01/06/2020, às 17h00 - Atualizado às 19h43
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