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A pitoresca Kulula Airlines / Pouso de um Cessna num porta-aviões / Antes das Torres Gêmeas


A pitoresca Kulula Airlines

Se você pensa que a Kulula voa para o Havaí, errou. Essa companhia aérea low cost-low fare opera há anos no sul da África, mas é mais conhecida pelo seu senso de humor. Seus aviões estão pintados de um nada discreto verde e é realmente uma forma barata de voar naquela região. Às vezes, Kulula chama a atenção das pessoas pelos seus aviões, como o “Flying 101”, que destaca com letras e flechas brancas, e de forma simplista, algumas partes da aeronave. O prefixo ZS-ZWP é indicado como “código do agente secreto”. Embaixo de “porta dianteira” pode se ler “nossas portas estão sempre abertas, a menos que estejamos a 42.000 pés”, e no logo desenhado no nariz é possível ler “Câmara de iniciação do clube das alturas”. Kalula tem uma bem-humorada linha de aviões com letreiros “este lado para cima” acompanhados de várias setas, para o caso de o piloto esquecer para que lado precisa levar o avião. O humor segue os passageiros para dentro da aeronave. Os comissários e pilotos são conhecidos pelas suas tiradas humorísticas durante as instruções de voo, como por exemplo: “Pode haver mais de 50 maneiras de deixar a sua amante, mas há apenas quatro para deixar este avião”, ou “observe que não aceitamos sogras chatas ou crianças”. Kulula pode ser bem recomendada porque é uma companhia aérea com alto orçamento na África do Sul e a sua experiência ofereceu melhores negociações que os seus concorrentes. Contudo, no Facebook da companhia há muitas reclamações por parte dos passageiros, referentes a serviço ruim, constantes atrasos, perda de bagagem e cancelamento de voos. Esses problemas existem em todas as companhias aéreas, mas é algo a ser levado em conta ao fazer uma reserva. É importante lembrar que cancelamentos de voo ocorrem em companhias aéreas de qualquer tamanho e podem ser devidos à falta de venda de passagens para os locais mais remotos. No que se refere à segurança não há com que se preocupar em fução de sua frota de Boeing 737-800 adquiridos diretos da fábrica e a sua parceria com a British Airways. A Kalula tem um bom histórico sem incidentes desde que começou a operar de acordo com a empresa de pesquisas de companhias aéreas Air Valid. Kulula é também a única companhia aérea sul-africana a possuir o Certificado de Segurança Operacional da IATA, um programa internacional que aplica os mais rigorosos padrões de segurança.

Pouso de um Cessna num porta-aviões

Em 29 de abril de 1975, um dia antes à queda de Saigon, o major Buang-Ly, da Força Aérea do Vietnã, embarcou com sua esposa e cinco filhos num pequeno Cessna O-1 Birdog de dois lugares com a intenção de fugir dos vietcongues que já se encontravam às portas da cidade. O major Buang-Ly decolou da ilha Con Son em direção ao mar.
Quando lhe restava apenas uma hora de combustível, o piloto viu no horizonte um porta-aviões e seguiu na sua direção. Sem qualquer comunicação de rádio, o capitão Lawrence Chambers tomou a decisão de permitir o pouso do Birdog, mesmo sabendo que o avião não tinha gancho de frenagem e que seria um pouso de alto risco. O comandante de Operações Aéreas do USS Midway lembra da história. “Todos observávamos um pequeno Birdog – um avião de observação de dois lugares – que começou a circular o navio balançando as asas e, de repente, mergulhou alinhando a cerce de 10 m acima do convés. Ele repetiu a manobra três vezes tentando jogar uma nota no convés. Duas foram para na água, mas a terceira ficou no convés. Ela dizia: ‘Eu posso pousar na sua pista? Poderiam, por favor, deslocar os helicópteros para um lado da pista? Eu tenho mais uma hora de combustível. Por favor, poderiam me resgatar?’. Ele assinou major Buang, esposa e cinco crianças. Era incrível. Na saída do Vietnã, nós estávamos com todos os hangares inferiores e o convés de voo praticamente lotados com todas as aeronaves que conseguíamos levar. A ideia inicial era a de fazê-lo pousar na água junto ao porta-aviões, mas o oficial comandante do navio, o capitão (mais tarde almirante) Lawrence Chambers tomou a decisão final dizendo que como o avião tinha trem de pouso convencional fixo, poderia pilonar ao tocar na água e seria impossível tirar os sete ocupantes. Ele decidiu que íamos trazer todos eles a bordo, portanto, começamos os preparativos, jogando ao mar vários helicópteros, inclusive dois que chegaram durante a operação, para liberar o convés e virando o navio contra o vento. O major vietnamita fez algumas passagens sobre o navio, apenas para olhar, pois não tínhamos comunicação via rádio, eu não podia falar com ele. Finalmente, ele percebeu que estávamos prontos para recebê-lo, iniciou a aproximação final e fez um ótimo pouso em porta-aviões, com chuva e sem gancho de parada, e rolou até quase o fim da pista angular. A tripulação de convés correu para segurar o pequeno avião antes que o vento o jogasse no mar. O major e a sua esposa, com um bebê no colo saíram e eles mesmos tiraram os outros quatro filhos de trás do assento traseiro. Todos os tripulantes do porta-aviões batiam palmas e queriam cumprimentar os novos passageiros. Aqueles homens endurecidos pelos combates de anos de uma guerra inútil ficaram tão emocionados que decidiram estabelecer um fundo para ajudar a família vietnamita a se instalar no lugar que escolhessem nos Estados Unidos.” Hoje, o major Buang-Ly e sua família são cidadãos americanos e moram na Florida. O avião em que eles fugiram do Vietnã está exposto no Museu Nacional de Aviação Naval, na Base Aeronaval de Pensacola, na Florida.

Antes das Torres Gêmeas

Já quase ninguém se lembra, mas em 28 de julho de 1945, ou seja, 56 anos antes dos atentados de 11 de setembro de 2001, um avião bateu no Empire State, na época o prédio mais alto de Nova York. A diferença é que o clássico prédio da Quinta Avenida não foi atingido por terroristas, mas por um bombardeiro North American B-25 Mitchell da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USSAF), não pilotado por terroristas, mas por um piloto norte-americano que se perdeu dentro do nevoeiro. O tenente-coronel William Smith voava de Boston para Newark quando, apesar das instruções da torre de La Guardia para pousar naquele aeroporto decidiu atravessar Manhatan e seguir para seu destino. Lamentavelmente, a má visibilidade fez com que Smith descesse para tentar se localizar. Para sua surpresa, ele estava rodeado de arranha-céus e ia direto para o New York Central Building! Tentando manter a calma, o piloto desviou daquele e de mais dois prédios, mas não conseguiu evitar a colisão com o Empire State Building. Inaugurado em 1931, o prédio que manteria o título de prédio mais alto do mundo até a inauguração do World Trade Center, em 1972, tinha 102 andares e 445 m de altura. Pouco antes das 10h00 da manhã, o B-25 de 10 toneladas colidiu com o lado norte do Empire State na altura do 75º andar abrindo um buraco de 5,5 m x 6 m, entre o 78º e o 80º andares. Embora fosse sábado, havia muita gente trabalhando no edifício. O avião explodiu e as chamas invadiram a fachada do edifício abaixo e através do interior, pelos corredores e das escadas, chegando a atingir até o 75º andar. Um dos motores e o trem de pouso do B-25 vararam o 79º andar e caíram do outro lado do prédio, atingindo um edifício de doze andares na Rua 33. O outro motor penetrou dentro do poço do elevador e bateu em cima deste. Os cabos arrebentaram, o elevador começou a cair, mas a queda foi retardada por dispositivos de segurança. Alguns destroços da aeronave caíram nas ruas abaixo, fazendo com que os pedestres corressem e procurassem abrigo. Alguns pedaços do avião caíram no terraço do quinto andar, mas grande parte dos destroços ficou dependurada na fachada do edifício. O fogo foi apagado 40 minutos depois. Os restos mortais das 14 vítimas (11 trabalhadores do escritório e três tripulantes do B-25) e os destroços foram removidos durante o final de semana. A estrutura do Empire State não foi afetada. Na segunda-feira seguinte já estava aberto ao público e poucos meses depois já estava totalmente reparado, ao custo de 1 milhão de dólares.

Por Santiago Oliver
Publicado em 16/12/2013, às 00h00


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