A correta distribuição de cargas dentro do avião, mantendo o centro de gravidade, garante uma operação segura
Ao planejar o voo, o piloto precisa considerar onde o peso total do avião vai se concentrar. Quando está vazio, esse ponto já está determinado e descrito na ficha de peso e balanceamento.
Mas, conforme bagageiros da frente e de trás recebem as cargas, tripulantes e passageiros se acomodam nos bancos dianteiros e traseiros e pilotos abastecem o tanque de combustível, a concentração do peso viaja dentro de uma linha central longitudinal.
O centro de gravidade (CG) precisa permanecer dentro de certos limites de posição. Se estiver muito à frente, o piloto terá mais dificuldade de levantar o nariz do avião, na decolagem ou no arredondamento durante o pouso.
Para ajudá-lo, o compensador pode ser deslocado para criar forças aerodinâmicas no profundor de forma a aliviar a força física que o piloto terá de fazer. Mas essa deflexão gera uma área de arrasto maior (frontal) e faz a velocidade cair. Para manter a velocidade esperada, o piloto precisa aumentar a potência, elevando o consumo de combustível do motor.
Se o CG for permitido muito atrás, a cauda fica pesada e o piloto terá dificuldade em baixar o nariz, seja para impedir que o avião sai muito cedo do chão durante a decolagem ou para se recuperar de um estol. Nesse caso, o compensador deve ser reposicionado, criando novamente o arrasto que não queremos.
Portanto, o piloto deve avaliar com cuidado o local onde os pesos serão colocados no avião de forma a mantê-lo dentro do “envelope” de operação. E isso pode ser divertido. Se você estiver pilotando manualmente um avião comprido, como um Caravan ou um antigo Bandeirante, e um passageiro sair do primeiro assento e caminhar em direção ao último, você sentirá o avião querendo subir.
Isso ocorre nos grandes jatos também. Imagine um avião de carreira se preparando para decolar com a metade do número máximo de passageiros a bordo.Se todos resolvem se sentar à frente, deixando a metade dos assentos de trás vazia, pode ser que o avião nem consiga decolar. Antes disso, é necessário redistribuí-los nas demais poltronas.
*Em memória de Jorge Filipe de Almeida Barros
Por Jorge Filipe de Almeida Barros
Publicado em 11/12/2023, às 14h30
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