Empresas chinesas ajustam plano de frota e postergam entregas de aviões ocidentais
Menor capacidade do ARJ21 e disposição da China em desenvolver sua indústria de aviação local, favoreceu encomendas do modelo em meio a pandemia
As três maiores empresas aéreas da China postergaram a entrega de 111 aeronaves da Airbus e Boeing, em decorrência dos efeitos da pandemia no tráfego aéreo, mas conforme esperado mantiveram os pedidos de aviões feitos para a chinesa Comac.
Originalmente as empresas planejavam renovar e ampliar suas frotas de aviões de média capacidade. A Air China, empresa de bandeira do país, revisou as entregas e postergou a chegada de 24 aeronaves, enquanto a China Southern Airlines adiou a entrega de 44 aviões e China Eastern Airlines mudou as datas que receberia 43 unidades.
Porém, no mesmo período a Comac, a indústria estatal chinesa de aviação, vendeu doze novos aviões regionais ARJ21. No ano passado a metade das entregas do modelo foram para as três grandes companhias do país, enquanto a outra parte para as regionais China Express Airlines, Genghis Khan Airlines e Chengdu Airlines.
A China Eastern tem atualmente em carteira um pedido firme para vinte ARJ21, além de ser o cliente de lançamento do C919. A rival Southern Airlines tem um pedido para 35 ARJ21, que devem ser entregues até 2024.
A estratégia de priorizar os modelos chineses não é uma surpresa para o setor, visto que é comum os países incentivarem compra de projetos locais, especialmente em um segmento considerado estratégico como a aviação comercial.
Com a pandemia as empresas aéreas da China foram obrigadas a rever o plano de frota, para atender não apenas a demanda atual, que reduziu pontualmente no país, mas também os custos imediatos. O impacto nos pedidos dos ARJ21 é inferior devido ao menor porte dos jatos, que competem no segmento regional, mantendo assim uma capacidade realista dentro do atual cenário.
A expectativa da Comac é certificar o C919 nos próximos meses, iniciando no próximo ano as primeiras entregas. O modelo poderá chegar ao mercado em um momento de retomada do crescimento da demanda interna, justificando até mesmo uma revisão de encomendas junto a Airbus e Boeing, por parte das empresas aéreas chinesas.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 25/01/2021, às 14h00 - Atualizado às 18h29
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