Pilotos realizaram aproximação desestabilizada, pousaram sem o trem de pouso e arremeteram
Aeronave estavam em perfeitas condições técnicas e pilotos e pilotos aptos para voar sem restrições
As autoridades paquistanesas divulgaram o relatório preliminar do acidente com um Airbus A320 da Pakistan International Airlines, que caiu em Karachi, em 22 de maio, matando 97 pessoas.
O relatório aponta uma aproximação desestabilizada como fator contribuinte para o acidente fatal. Uma série de procedimentos operacionais durante a primeira aproximação levou a aeronave a colidir de barriga com o solo e na sequência arremeter.
Segundo a autoridade de investigação paquistanesa, o Airbus A320 estava com a manutenção em dia, descartando falha técnica, assim como os pilotos estavam tecnicamente habilitados e com a saúde apta para voar.
De acordo com os investigadores, o primeiro elo do acidente ocorreu quando o A320 estava a 7.500 pés a 11 milhas náuticas da pista, quando deveria cruzar a 3.500 para manter a rampa correta para o procedimento ILS (sistema de pouso por instrumento). Na sequência os pilotos baixaram o trem de pouso, mas aceleraram o avião, mantendo uma aproximação alta e veloz. O controle de tráfego aéreo alertou sobre a aproximação desestabilizada, sugerindo uma reaproximação, com opção de realizar um 360, algo também considerado fora dos padrões.
A tripulação recusou realizar o procedimento, mantendo a aproximação com velocidade e altitude acima da correta. Quando estavam distantes 5 nm da pista (9,3 km), os pilotos recolheram o trem de pouso e os freios aerodinâmicos, aumentando a velocidade do avião, que chegou aos 243 nós (450 km/h), quando o correto deveria ser entre 150 e 160 nós (277 km/h e 296 km/h).
Mesmo com a indicação do Sistema de Alerta de Proximidade ao Solo (EGPWS) emitindo avisos de velocidade excessiva os pilotos mantiveram a aproximação final, voando 500 pés acima do solo. O controle Karachi liberou o pouso do voo 8303 para a pista 25L (esquerda) do aeroporto, o que foi confirmado pela tripulação.
Mesmo voando 500 pés acima do solo, a aeronave mantinha 220 nós, com os flaps ajustados para 3 e o trem de pouso ainda recolhido. Os pilotos ignoraram o alerta sonoro referente a proximidade com o solo, trem de pouso recolhido e velocidade excessiva. Ao tocar o solo de barriga os pilotos aplicaram reverso, mas percebendo o erro optaram por arremeter, mesmo após a violenta colisão com a pista.
Após subir para 2.500 pés, os pilotos receberam o alerta de falha nos motores, substancialmente danificados pelo impacto. A reportou a situação, sendo novamente autorizados a pousar na pista 25L ou 25R. A menos de um quilômetro do aeroporto os pilotos declararam emergência, emitindo o alerta de mayday, caindo poucos segundos depois, deixando apenas dois sobreviventes, das 99 pessoas que estavam a bordo.
Por Gabriel Benevides
Publicado em 24/06/2020, às 16h00 - Atualizado às 17h57
+lidas