Crise gerada pela pandemia acelerou o processo de aposentadoria do quadrimotor na empresa francesa
Gigante da Airbus voou por apenas dez anos nas cores da Air France
O icônico A380 deixará a frota da Air France amanhã (26), realizando seu derradeiro voo apenas dez anos após entrar em serviço na companhia francesa. A despedida ocorrerá em um voo pela França, partindo do aeroporto de Paris-Charles de Gaulle às 09h30, pousando no aeroporto de Paris-Charles de Gaulle às 17h45, ambos horários locais.
O voo AF380 será um voo local, sobrevoando as principais cidades da França, permitindo a entusiastas e admiradores do quadrimotor se despedir aproveitando o chamado Tour de France, que para quem estiver nas janelas propiciará a vista dos principais pontos do país.
A operação final será realizada pelo avião de matrícula F-HPJH, que entrou em serviço em 2012, mas estava armazenado desde março por conta da pandemia do coronavírus. A crise gerada acelerou o processo de aposentadoria do avião, que deveria ser retirado de serviço em meados de 2022. Porém, em maio deste ano a Air France anunciou oficialmente da retirada imediata dos A380 da frota.
Apesar de ter sido a primeira companhia europeia a operar o A380, a Air France não obteve os resultados esperados com o modelo, que além de contar com uma operação mais cara se tornou pouco atraente para passageiros.
Alguns críticos apontam que o erro estratégico da Air France foi oferecer a bordo do A380 a mesma experiência de voo existente em todos os aviões da companhia, sem trazer nenhum tipo de diferencial. As empresas árabes, como a Emirates Airline, maior operadora global do Super Jumbo, criou um serviço diferenciado para torna-lo atraente na hora do passageiro escolher a companhia aérea.
O primeiro voo comercial do A380 nas cores da Air France ocorreu em 23 de novembro de 2009 na rota entre Paris (CDG) e Nova York (JFK). Durante o período o quadrimotor atendeu mais de 40.000 voos, transportando quase 18 milhões de passageiros em 16 rotas partindo de Paris, dentre elas Nova York, Miami, Atlanta, Tóquio, Montreal, Singapura, Shanghai, Cidade do México, Joanesburgo, Los Angeles, São Francisco, Washington DC, Abidjan, Hong Kong, Dubai e Abu Dhabi.
Considerado para muitos como uma aposentadoria precoce, o setor aéreo já demonstrava que o protagonismo desde meados de 2007, quando o A380 entrou em serviço comercial, seria das aeronaves bimotoras, que se tornaram mais eficientes para rotas de longo curso. O surgimento do coronavírus acentuou ainda mais essa necessidade forçando operadoras de todo o mundo a aposentar icônicas, incluindo os A340 e diversos modelos da Boeing, com destaque para os 747, 757 e 767.
Por Gabriel Benevides
Publicado em 25/06/2020, às 15h00 - Atualizado às 15h41
+lidas