Airbus alerta que tarifas de importação dos EUA sobre aeronaves europeias afetarão companhias aéreas americanas
Durante a apresentação dos resultados financeiros da Airbus no primeiro trimestre de 2025, o CEO Guillaume Faury afirmou que eventuais tarifas de importação dos Estados Unidos sobre aeronaves europeias afetariam diretamente as companhias aéreas norte-americanas e não a Airbus. A declaração ocorre em meio às discussões em Washington sobre a imposição de novas taxas a produtos aeroespaciais do continente europeu.
Em resposta, os CEO das principais companhias aéreas dos Estados Unidos foram enfáticos ao rejeitar qualquer repasse de custos adicionais. Ed Bastian, da Delta Air Lines, declarou que “se nos cobrarem tarifas, simplesmente não aceitaremos os aviões”. Robert Isom, da American Airlines, reforçou que os preços já são altos e que aumentos não serão tolerados. Ambas têm encomendas ativas de modelos como o A330 e o A350, fabricados exclusivamente na Europa e, portanto, suscetíveis às tarifas. Já os A320 e A220 por serem concluídos nos Estados Unidos são isentos de taxas.
Faury esclareceu que os eventuais encargos se aplicariam apenas a aeronaves montadas na Europa e entregues diretamente em solo americano. Modelos fabricados nos Estados Unidos, como o A220 e o A320 produzidos em Mobile, no Alabama, estariam isentos, mesmo utilizando componentes importados — cujos custos, nesse caso, são absorvidos pela própria Airbus.
Scott Kirby, CEO da United Airlines, minimizou o impacto, afirmando que a maioria das entregas de sua frota ocorrerá a partir da unidade americana da Airbus, reduzindo a exposição às tarifas.
O executivo da Airbus lembrou que, durante o contencioso comercial com os EUA na OMC há cinco anos, foram aplicadas tarifas de 10% a 15% sobre aeronaves europeias. À época, a fabricante mitigou os efeitos logísticos ao redirecionar entregas para fora dos Estados Unidos. Um exemplo foi o envio de um A350-900 à Delta diretamente em Tóquio, evitando a tributação americana.
Faury defendeu a retomada da política de isenção tarifária para a aviação civil, vigente desde 1979, destacando os benefícios mútuos para a cadeia produtiva internacional — em especial para os próprios Estados Unidos. Ele também citou que os aviões montados pela Airbus nos EUA não são exportados para a China, evitando as tarifas de até 125% aplicadas por Pequim a produtos aeroespaciais com origem norte-americana.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 05/05/2025, às 09h03
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