Crise se agrava e companhia suspende também a maior parte dos voos domésticos
Em crise, South African Airways coloca aeronaves a venda e inicia cancelamento de voos
Com dívidas bilionária e a urgência de um aporte de 2 bilhões de Rand (US$ 460 milhões), a South African Airways (SAA) iniciou um novo replanejamento de sua malha aérea, cancelando oito destinos internacionais, incluindo São Paulo.
As perdas diárias da SAA de 70 milhões de Rand (US$ 17,2 milhões) tem pressionado o caixa da companhia que luta para manter suas operações. A empresa também anunciou o cancelamento de 150 voos previstos para este mês de fevereiro para reduzir custos. Em janeiro também foram retirados de serviço nove Airbus A340, que foram substituidos pelos A350 XWB.
A partir do dia 29 de fevereiro a SAA irá suspender definitivamente os voos entre Johanesburgo e Luanda, Guangzhou, Hong Kong, Livingston, Luanda, Ndola e São Paulo. A malha internacional ficará restrita, por ora, apenas com Londres, Perth, Nova York, Frankfurt e Washington. Além disso, todos os voos domésticos serão cancelados, exceto os que partem ou tem como destino Cape Town, mas ainda assim de maneira reduzida. A SAA afirma que a Mango, sua companhia low-cost, não sofrerá nenhuma alteração em relação aos seus voos domésticos e regionais. A expectativa é que justamente as operações da empresa de baixo custo consigam manter a conectividade interna, considerada fundamental para sobrevivência da SAA.
Em nota a South African Airways explicou que a decisão foi tomada por conta dos seus problemas financeiros, obrigando criação de um plano de reestruturação que ainda está em elaboração. A SAA enfrenta uma grave crise desde 2011, com agravamento da situação ao longo de 2019, quando a situação se tornou tecnicamente insolvente. No final de outubro, a agência sul-africana de aviação aterrou 25 aeronaves SAA, logo depois, os sindicatos entraram em greve de oito dias.
Atualmente a SAA necessita de um aporte emergencial de 4 bilhões de Rand (US$ 920 milhões), mas a maioria dos bancos relutam em aportar novos recursos, com o temor de se exporem ainda mais aos riscos de uma negociação. Os credores também temem solicitar os livros contábeis, com a certeza que uma exposição da situação financeira poderá pressionar as autoridades decretarem a falência da companhia, o que certamente levará a um não pagamento das dívidas.
O governo sul-africano afirmou que poderia obter até 2 bilhões de Rand (US$ 460 milhões) com a venda de propriedades estatais, ampliando as chances de recuperação da SAA. Todavia, o processo de venda de ativos públicos é um processo lento e oneroso, sem certeza de obter os ganhos estimados.
Analistas acreditam que existem poucas chances da SAA encerrar 2020, especialmente com a redução dos voos, que fatalmente levará a uma redução importante de geração de caixa, enquanto as dívidas se acumulam diariamente.
Por Gabriel Benevides
Publicado em 13/02/2020, às 08h00 - Atualizado às 12h37
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